Os cheiros da cozinha.
A expectativa dos presentes sob a árvore iluminada.
A tensão entre os parentes que não se dão bem em volta da mesa da ceia.
A saudade dos Natais passados quando não tínhamos consciência da nossa mortalidade.
A melancolia dos shopping centers inflacionados de alegria artificial.
A paisagem dos barracos miseráveis com sua tristeza natural.
A satisfação por um presente sonhado que nos foi dado.
A alegria de uma criança vendo todos aqueles sonhos e mitos e lendas e cores...
A lucidez dos mais velhos, olhando o tempo passar Natal após Natal.
A expectativa ante o ano novo, os últimos reveillons de nossa vida.
O prazer dos sonhos além do tempo e da realidade comum, refletidos nas luzes.
Os sabores da mesa.
O telefonema de alguém que a tempos não vemos.
Um e-mail criativo, personalizado e sincero nos desejando Boas Festas.
"A chama de uma vela."
Uma oração perdida na noite estrelada.
Um beijo recebido com carinho.
Uma risada do fundo do peito que rompe o medo da morte.
O sol de cada manhã, a promessa realizada do Natal, da luz, da vida.
O desejo da vitória de Eros sobre Tanatos.
A luta pela persistência da esperança contra o fracasso.
O olhar perdido no abismo estelar.
Um sorriso ao ver a estrela de nossa existência brilhar.
Vida.
Luz.
Tesão.
Promessa.
sábado, 22 de dezembro de 2007
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
Pagando mal, que bem tem?
Mais uma vez algumas faculdades demitem professores no final do ano, especialmente doutores. Os motivos são os mais sórdidos possíveis: dinheiro e lucro apesar da queda de qualiddade de ensino. Vários profissionais ficam melhor com o tempo, se estiverem atualizados, claro: médicos, advogados, professores, enfermeiras, artesãos, administradores... Porém, nessa realidade medíocre de algumas instituições particulares, os salários dos doutores é uma ameaça ao ensino, não importa sua qualidade acadêmica, produção científica e experiênciam docente. Isso é uma picaretagem e prejudica diretamente os alunos e alunas. Um doutor é substituído por um mestre que vai ganhar como um especialista e a mensalidade não abaixa.
Um curso superior depende de doutores, mestres e especialistas, de acadêmicos e de docentes ligados ao mercado. Muitas faculdades particulares nivelam por baixo o corpo docente mas mantém altos ssalários no corpo da mantenedora que não faz nada útil em termos didático-pedagógicos. São uns burocratas hipócritas. Gente sem visão. Mercadores da má qualidade do ensino.
Se a sua faculdade demitiu professores sem que boas razões fossem explicadas à comunidade, cuidado. Você está pagando por um diploma-mico. Por um pedaço de papel que a sociedade não vai reconhecer (há exceções, bem poucas). Chegamos ao tempo dos galpões de ensino, dos arremedos de faculdade. Professores mal pagos, alunos mal orientados. Pagou, passou. Pagando mal, que bem tem?
Se você pensa que pagando uma merreca por um curso ruim alavancará dua carreira, sinto informar que está alavancando só a conta bancária dos donos daquela arapuca que chamam de faculdade. E os donos da bagaça não te chamam de aluno. Te rotulam de otário. Não caia nessa. Lute por seus direitos e exija qualidade no ensino que você paga.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
Airbus da TAM, prefixo MBR
Anotei o prefixo para reclamar. O serviço da TAM "Fale com o presidente" não resolve, quem sabe a nova gestão da empresa comece a ler os blogs.
Foi o seguinte: segunda-feira, dia 3 de dezembro de 2007, vôo Teresina/São Paulo com conexão em Brasília. Sentei e antes de partir o comandante disse que fariam um reset nos computadores e as luzes se apagariam por uns instantes. OK. Depois esperamos uns dez minutos para estabilizar sei lá o quê dos sistemas de bordo. Um passageiro ao lado disse que desde dois dias atrás o avião estava com problemas. Perguntei como ele sabia. Voou de Campinas para Teresina, as luzes acendiam e apagavam até que a tripulação as desligou e ele disse que era o mesmo avião.
Não gosto de problemas elétricos ou eletrònicos quando estou a 11.000 metros de altura. Uma pane elétrica pode ser muito pior que uma hidráulica, por exemplo. Perdemos a conexão em Brasília devido ao atraso e fomos para São Paulo no mesmo avião. Na chegada em Congonhas nada de abrir a porta. O comandante avisou que esperavam uma bateria reserva porque não podiam desligar o avião senão ele não pegaria de novo etc etc etc. Lá ficamos até que abriram a porta e saímos. Atenção manutenção: o prefixo do Airbus é MBR. Tomara que não esperem dez dias para arrumar a bagaça, que nem aquele vôo de Porto Alegre com a turbina pinada, em 17 de julho, que acabou muito mal. Parece que a culpa da crise aérea não é mesmo exclusiva do governo.
Teresina, de novo
Fui no domingo e voltei na segunda-feira. A pauta era uma reunião com o Prof. Puscas (UFPI) e a turma do Caminhos do Futuro. 24 horas intensas em Teresina. Deu para matar as saudades do Camarão do Elias, um restaurante com peixes e frutos do mar com a presença do Elias, um cara de quase 70 anos que recebe as pessoas como se estivesse em sua casa. Sua torta de caranguejo é imbatível. Conheci novidades: Madame K, na rua Angélica, 245 onde fazem uns cafés, chás e comidinhas bem legais. Comi um wrap de perú e mango chutney. Alta gastronomia.
Um programa legal foi o "Prato cheio de arte e cultura na serra da Capivara" que a UFPI organizou e implementou em alguns municípios da serra. A universidade caprichou na proposta de levar atividades culturais para a população em geral, com muita interação e participação. Assisti o DVD e trouxe para a biblioteca da USP.
Ainda matei as saudades das amigas locais, todas professoras descoladas. No almoço, antes do vôo, um escondidinho leve e saboroso em um restaurante sob árvores frondosas.
Destaque também para o hotel Íbis. Naquele calor todo, ao abrir a porta do apartamento senti que estava fresquinho. Alguém que entende de hotelaria deixou o ar ligado para recepcionar os hóspedes. Isso é serviço.
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
11 destaques da The Economist- Guia básico
A edição especial da revista britânica The Economist, intitulada The world in 2008, traz poucas coisas sobre o Brasil e algumas sobre o mundo. Escolhi onze destaques:
1. A estrela da revista é a China, com uma seção muito especial (pág. 71-79)
2. Os analistas pensam que os EUA e o Irã farão um grande acordo em 2008 (pág. 18);
3. Peter Diamandis, presidente da X Prize Foundation, pensa que o turismo espacial será algo cada vez mais normal nos próximos anos e que a exploração comercial privada do espaço se dará nas próximas décadas (mineração, energia e propriedade - real state, pág. 153);
4. O populismo latino-americano está representado por Chavez, Morales e Fernando Lugo, do Paraguai, mas o Lula é visto como social-democrata e tranquilo. A figura do presidente brasileiro está descolada da imagem ruim dos populistas locais e isso é ótimo. Dizem que a potência regional (ou seja, nós) seguirá calmamente seu rumo a taxas de crescimento de 4% ou 5% ao ano (pág. 65-66);
5. Se não há tantas incertezas, tampouco certezas. A tendência são micro-tendências, ou seja, futurologia discretíssima. Ninguém se arrisca a dar grandes palpites sobre o futuro (pág. 104);
6. A análise econômica específica sobre o Brasil é sóbria, o país crescerá mas não será uma estrela internacional tão brilhante (pág. 113);
7. A grande discussão em turismo diz respeito às companhias aéreas (inclusive o novo A380) e a política de céus abertos entre Europa e EUA (pág. 120);
8. Em entretenimento, Bollywood (Índia) fará uns 800 filmes, enquanto Hollywood lançara uns 600. A Índia lançará um parque temático em Mumbai a um custo inicial de US$ 100 milhões (pág. 118);
9. Número 1, Burj Dubai Boulevard, Dubai, UAE. Endereço do prédio mais alto do mundo a ser inaugurado em Dubai, outra das estrelas internacionais. Terá o Hotel Armani, lojas, residências, spas e escritórios corporativos (publicidade na pág. 129);
10. O mapa global dos riscos em investimento mostram países com cores que vão do negro (Venezuela, Iraque, Filipinas), com maior risco, ao verde-claro (EUA, Canadá, Austrália, Portugal, França, escandinávia, Japão...), com menor risco, passando por vermelho, amarelo e verde-escuro na ordem decrescente dos riscos inermediários. O Brasil está em verde-escuro, ao lado da Espanha, Itália, leste europeu, Coréia do Sul. Nada mal. (pág. 145);
11. Quem mais vai crescer no mundo? Angola (21,1%), Azerbaijão (17,4%), Guiné Equatorial (11,1%), China (10,1%) e Qatar (9,5%) (pág. 107).
Dê uma olhada em que tipo de empresas ou países fazem publicidade na revista. Um ótimo perfil do whos´s who global.
Voltei
Domingo fez o maior sol em Nice. 18 graus, céu azul, um monte de gente nas ruas e alguns tomando sol na praia de pedrinhas redondinhas mas de água límpida. E fria. Estava a uns 13 graus. Claro que não entrei, mas vi 3 pessoas nadando, certamente congelando a libido.
Os novos bondes fizeram o maior sucesso. O dia todo tinha gente e fila para andar nas máquinas pós-modernas. Eu que vi a despedida dos bondes em Campinas lá pelos anos 1963 ou 64 (faz tempo!) vi também o renascimento dos bondes em Nice, lindo isso.
Daí voltei na segunda-feira, a bordo de um Airbus 340/600 novinho da Lufthansa. Saí com o gelo acumulado na pista do aeroporto de Munique e cheguei com o país coberto por nuvens (vôo diurno). Claro que atrasou, a torre de Guarulhos mandou a gente voar por mais 50 minutos, sei lá por que. Só não me preocupei porque depois de 13 horas de viagem não devia ter muito combustível sobrando, ou seja, desceríamos logo e de qualquer jeito. E assim foi.
sábado, 24 de novembro de 2007
Afinal, o que vim fazer em Nice?
Vim para a reuniao anual de professores e estudantes da Global Travel and Tourism Partnership - GTTP. Esse grupo é bancado pela Lufthansa, KLM, Starwood Hotels, Amadeus, Hertz, American Express, HRG e World Travel and Tourism Council. A Lufthansa deu os vôos, o grupo Amadeus, em Antibes, sediou o meeting e nos hospedamos no Le Meridién, em Nice.
Nove paises fazem parte do grupo: Brasil, Reino Unido, Irlanda, Africa do Sul, Jamaica, Hong Kong, Canada, Russia e Hungria.
Este ano tivemos a apresentacao dos trabalhos de alunos e professores que analisaram o tema: "Patrimônio cultutal: quem se beneficia?". Cada pais trouxe um professor e dois estudantes como prêmio pela escolha do melhor trabalho e esses foram apresentados aos parceiros globais.
Assistimos analises de como antigas minas irlandesas, casas senhoriais da Russia ou Jamaica, castelos hungaros ou canadenses fazem parte do patrimônio cultural que beneficia turistas, as proprias cidades e suas comunidades. O Brasil apresentou o trabalho da ONG Fênix, de Santana do Parnaiba (SP) e mostrou como uma equipe de jovens profissionais ajuda a restaurar edificios historicos. Esse grupo é auxiliado pelo SENAI de Minas Gerais e realiza trabalhos em varios lugares do Brasil, inclusive em Santana do Parnaiba.
No Brasil, a GTTP é representada pela Academia de Viagens e Turismo, que foi dirigida por 12 anos pela Profa. Regina Almeida, da geografia da USP. Eu dirigi a AVT por quase dois anos e essa metodologia desenvolvida pela Regina foi a base do trabalho aplicado junto ao Ministério do Turismo denominado "Caminhos do Futuro", desenvolvido em 16 estados brasileiros. Veja o site www.caminhosdofuturo.com.br
O trabalho no Brasil é feito para as escolas publicas de nivel médio e destina-se a disseminar e concolidar conceitos e métodos para um turismo consciente, sustentavel e bem articulado com a comunidade e as empresas responsaveis.
Novidades européias: livros e coisas
Saiu o anuario da revista britânica The Economist, "The world in 2008". A Airbue é vingativa e deu o troco. Ano passado a revista criticou o atraso da entrega do A380 e comentou sobre os bilhoes de prejuizo para a empresa. Na edicao deste ano, logo nas duas primeiras paginas internas, a Airbus colocou uma bela publicidade com a silhueta do A380 ao fundo afirmando que o jato é mais moderno que qualquer coisa do passado ou do futuro recente.
Na capa o presidente francês, o iraniano,o Dalai Lama, a selo dos EUA, o aquecimento global e um encarte especial dedicado a China.
Algo sobre o Brasil? So um pequeno box afirmando falamos mais do que fazemos e somos o botton line do BRIC, tudo isso ilustrado com um grafico (pag. 113). Sobre entretenimento, viagens e turismo as perspectivas sao boas. O destaque é a abertura dos céus entre Europa e EUA a partir de abril de 2008. O novo acordo permitira que qualquer companhia aérea européia voe para os EUA livremente - e vice-versa. Muito bom para a competitividade.
Acabou de sair na Franca o livro "Les dillemes du tourisme" (Paris:Vuibert, 2007). Comenta os dilemas da ética, do petroleo, do capital social, da economia, da sociologia, da geopolitica e dos desastres e terrorismo. Nada mal, pois assim as pessoas entendem mais facilmente que o turismo é algo além da economia e de um simples gerenciamento.
Um outro livro importante é: "Turismo hoy: ganadores y perdedores, alternativas meridionales" (Madrid: Editorial Popular, 2007). Sao varios autores: Bernard Duterme, Anita Pleumaron etc. O livro discute o modelo de desenvolvimento do turismo nos paises pobres, as mulheres, a ética, turismo global, o meio ambiente e areas pobres como a Africa. Uma analise diferente dos modelos tradicionais em geral dirigidos apenas ao turismo de massa e aos grandes centros.
A Tashen publicou um tijolo ilustrado intitulado "The great scapes of the world". O livro é sobre destinos paradisiacos e descolados do mundo, onde o principal atrativo é a beleza natural. O Brasil foi contemplado com quatro destinos do nordeste, todos pequenas pousadas e hotéis boutique.
sexta-feira, 23 de novembro de 2007
O bonde da historia de Nice
O outono na Côte D'Azur é morno: 16 graus.
As ruas da sexta-feira, de noite, tiveram um agito especial por causa da abertura oficial da nova linha de bondes (tramway), com 21 paradas e linha especial de superficie que vai economizar minutos valiosos no trânsito da cidade.
O trem é descolado, moderno e com linhas que lembram o TGV. Custa 1,30 (euro) e percorre todo a area central em um "U" com uns seis quilômetros de comprimento.
No sabado o tram vai circular gratuitamente para os citadinos e turistas aproveitarem a novidade. A greve dos trens nao vai afetar o novo sistema de trasporte publico de Nice.
O centro urbano foi bastante reurbanizado com a obra e o charme dos trens do inicio do século XX regressa em grande estilo.
Do surrealismo a era medieval em um dia
Obs.: Postado em Nice, teclado sem acento.
Demorei para voltar a escrever porque os ultimos dias de viagem foram intensos e depois tive as reunioes em Nice. Fiquei dois dias no Parador de Aiguablava curtindo os caminhos pedregosos e as praias desertas do outono.
Na quinta feira da semana passada deixei Aiguablava bem cedinho e fui para Figueres, ainda Espanha e quase fronteira francesa. Ali eu vi uma das coisas mais fantasticas de minha longa historia museologica: o Teatro Museu de Salvador Dali, um templo muito louco do surrealismo.
Dali nasceu e morreu em Figueres, uma cidade da Catalunya distante dos roteiros turisticos de massa e porisso guarda essa preciosidade que é o maior objeto surrealista do mundo. O museu situa-se no antigo teatro municipal, que data do século 19 e foi destruido na guerra civil espanhola (1936-1939). Ali, Dali criou o museu-teatro.
Depois continuei a dirigir, ja em terras francesas, rumo a Carcassone. Imagine uma cidade medieval, coberta por muralhas com torres, sentinelas, seteiras e um imenso castelo no meio. Com uma historia selvagem de lutas, mortes e heresias. Ali é a regiao do denominado pais cataro. No século XIII, a Igreja criou uma cruzada para debelar os cataros, um grupo que acreditava ser o mundo algo ruim, criado pelo diabo, apenas o mundo espiritual seria bom e criado por Deus. Em um século mataram todos. Depois continuaram a cruzada contra os mouros e surgiu a Inquisicao, o horror medieval gerado pelo catolicismo.
Uma dica especial: o fotografo frances Gérard Sioen tem umas fotos espetaculares do pais cataro, da Bretanha e da Provence. Veja o site www.sioen-photo.com. Entre nas fotos e veja como os castelos, campos floridos, picos nevados e ruinas historicas de todo tipo enfeitam o interior francês.
Perambulei pelas suas ruas sob um frio de dois graus; Depois, no final da tarde, ainda segui para Avignon a terra dos Papas. Cerca de sete Papas viveram em Avignon na idade média por causa de problemas politicos na Italia. Os sete papas tiveram que ficar em Avignon de 1305 até 1378, boa parte do século XIV. O castelo dos Papas é uma imensa aula de historia em pedra, mobilia e arte. O vinho Chateneuf-du-Pape provém de Avignon, santa bebida.
Finalmente no domingo retornei a Nice. Foram dois mil quilometros por Aguis Morts, Pirineus, Andorra, Barcelona, Figueres, Carcassone e Avignon: Provence, Pirineus, Catalunya, pais Cataro e provence novamente.
Depois conto da GTTP.
quinta-feira, 15 de novembro de 2007
Global paths IV: Penhasco aconchegante
Escrevo no silêncio de uma sala agradavelmente aquecida. Ao fundo ouvem-se os acordes de uma música erudita, provavelmente composta na Catalunha. As amplas salas desse prédio moderno foram valorizadas e decoradas de uma maneira sóbria, minimalista e requintada.
Lá fora faz 5 graus centígrados e o vento sopra selvagemente pelas rochas escarpadas. Estou em um penhasco, cercado pelas ondas do Mediterrâneo. Aqui é a Costa Brava e o lugar chama-se Aiguablava, para nao deixar dúvidas quanto às suas características naturais bravias. As praias sao envoltas por encostas e penhascos cobertos por árvores imensas. O mar cerca a propriedade por três lados e a lua nova me faz lembrar dos tempos em que os mouros dominavam essas terras. O crescente...
Dirigi 3 horas até aqui, vindo de Barcelona, pela costa e pelo interior. Estradas em obras, desvios e sinalizaçao parcial, mas valeu a pena. Vim especialmente conhecer o Parador de Aiguablava, um dos 75 Paradores espanhóis e talvez dos mais afastados das rotas do turismo de massa. O mais afastado certamente chama-se Canadas del Teide, em Tenerife, a dois mil metros de altura, ao pé do magnífico Teide. Lá passei duas noites geladas e absolutamente escuras, comendo veado (o bicho), vaca (o bicho, também) e bebendo vinho tinto forte. Foi na época em que dei aulas em Las Palmas de Gran Canaria, por volta do ano 2000.
Ao lado há o povoado de Begur e a fronteira da França está a pouco mais de uma hora de viagem, mas só pegarei o carro depois de uma noite sossegada e aconchegante.
Daqui a pouco o jantar será servido. Dizem que o Parador é famoso por sua gastronomia com base em peixes e frutos do mar da Catalunya hispano-francesa. Depois eu conto.
Se quiser ver o Parador entre em www.parador.es , procure no diretório, é o primeiro: Aiguablava.
Amanha começo minha volta rumo à França. Ainda tenho dúvidas sobre o caminho a percorrer. Decido na estrada. No meio do mundo antigo.
Global paths - Europa III: Uma catedral de sonhos
Hoje cedo fui rever uma das obras mais estranhas e belas do planeta, a Catedral da Sagrada Familia, em Barcelona. O edifício, com ares de artes alianígenas, entra no terceiro século de sua construçao. O diretor inicial do projeto foi Antoni Gaudí e as obras iniciaram-se em 1882. O prédio enfrentou crises financeiras, a Guerra Civil da Espanha (1936-1939), mudanças de governo e outros imprevistos mas lá está, sendo lentamente construído, na verdade montado e esculpido.
A primeira vez que o visitei, anos atrás, fiquei impressionado com a genialidade e heterodoxia de sua obra e sonhei com suas estruturas orgânicas e simbólicas. Um simbolismo que transcende o cristianismo erudito ou popular e se projeta no inconsciente do paganismo universal.
O templo ainda está inacabado. O dinheiro para as obras provém das entradas que os visitantes pagam (8 euros), do passeio de elevador até a torre (2 euros) e da loja de souvenirs. Claro que há ofertas e esmolas oferecidas por admiradores, mas a proposta do chamado "templo expiatório" é justamente tirar recursos dos pequenos donativos. A visita permite ver os técnicos e operários trabalhando, escavando e compondo o onírico edifício.
Hoje a igreja sofre uma nova ameaça. O projeto do trem de grande velocidade (AVE) que ligará (essa palavra em espanhol é bem sacana...) Madrid/Barcelona/Paris passa a pouquíssimos metros dos seus alicerces. Há um escritório de voluntárias fazendo um abaixo assinado para que mudem seu trajeto, pois máquinas pesadas deslizando perto das estruturas podem trazer consequencias imprevisíveis e danosas.
A Sagrada Família para mim possui um duplo significado. É ao mesmo tempo uma enciclopédia em pedra dos avanços que a arquitetura e a arte religiosa fizeram através dos milênios da nossa história e uma analogia com nossas vidas. Somos como a Catedral: incompletos e misteriosos. Cheios de símbolos mesclados com curvas, inscriçoes, esculturas, relevos e entalhes os mais variados possíveis. Espero sempre voltar a Barcelona para ver as obras da Catedral. Talvez eu morra antes dela ficar pronta. Mas se eu vê-la pronta, morrerei depois. O que importa é que ela seja permanentemente construída e ampliada e decorada e enfeitada. Um monumento dedicado ao futuro e à esperança.
A propósito, "ligar", em espanhol, é transar. Use sempre uma linha segura.
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
Global Paths - Europa II
Obs.: estou postando de Barcelona, teclado sem acento. Sorry.
Recebi um e-mail com uma pesquisa da Global Futurebrand intitulada Country Brand Index. Ali aparece que a China, os Estados Unidos e o Brasil sao os paises que pior administram sua imagem turistica. Me contem algo novo, isso e obvio. Como um pais com a criminalidade, impunidade, servicos ruins e crise em infra-estrutura (veja o caos aereo) pode administrar bem sua imagem, a despeito de todo o esforco do Ministerio do Turismo?
A Espanha e um case de sucesso gracas a sua vontade politica, historia e competencia para jogar em um mundo globaliziado. Barcelona, por exemplo, e linda, excitante e satisfatoria. Linda pela arquitetura e planejamento urbano. Excitante pelas promessas que a atmosfera cosmopolita e bem estruturada nos traz. E satisfatoria proque cumpre essas promessas. Cumpre pela gastronomia, pela moda, pelas livrarias, galerias de arte, edificios antigos e bem conservados ou modernos e arrojados. Sem contar todo o resto que nao aguento enumerar.
Hoje (quarta-feira), por exemplo, almocei no mercado de la Boqueria, num estaurante chamado El Cochinillo Loco. Um lugar simples, cheio de estrangeiros e gente local. Comi um peixe acompanhado de legumes, papas fritas e sangria. Depois fui comprar nozes, avelas, doces e franboesas nas bancas do mercado. Dali rumei feliz para as livrarias, as ruas cheias de gente e os parques com as arvores perdendo as folhas e mudando as cores para todos os tons de amarelo avermelhado possiveis. Isso faz a imagem positiva da Espanha. Isso significa algo importante para um pais.
Claro que existem outras possibilidades, mais caras e mais baratas em Barcelona, mas o mercado e um paradigma simbolico da sociedade, haja vista a palavra que designa o mercado em varias linguas. Alias os mercados de Sao Paulo, belo Horizonte e Porto Alegre sao bons exemplos do que estou a citar.
Isso significa tambem qualidade de servico, a base do turismo e da cidadania. Sao coisas simples mas extremamente bem feitas que deixam uma pessoa satisfeita. La puta madre de la calidad depende de cultura, da vontade e da competencia.
Me diverti com os jornais discutindo o cala-boca que o Rei da Espanha deu ao Chavez. Saiu uma foto dos tres patetas latinos (Daniel Ortega, Morales e Chavez) em um jornal e um comentario sobre o novo populismo latino-americano. Ainda bem que nosso presidente ficou fora dessa babaquice. Mas ja acalmaram os animos. Afinal, a Telefonica, Santander, Banco Bilbao Vizcaya e outras empresas espanholas tem negocios com a Venezuela. E eles tem petroleo. Voltemos para a sangria de beber.
Global Paths - Europa I
Obs. Estou postando de Barcelona e o teclado nao tem acentos, portanto sorry.
Cheguei em Nice no domingo, dia 11. Tenho uma reuniao da Global Travel and Tourism Partnership dia 19, mas aproveitei os efriados para curtir uma semana pelos arredores. E que arredores... Aluguei um carro em Nice (Citroen C-4, com o qual estou me dando muito bem) e sai por ai. No domingo dormi em Aix-la-Provence e na segunda-feira visitei Marseille, bem rapidamente. Passei pela cidade medieval de Aguies Morts, um enclave do seculo XII em frente ao lado feio (meio pantanoso, esquisito) do Mediterraneo, mas cercada pelas belissimas vinicolas da regiao. O Mediterraneo e um mar limpido e cristalino no geral, estranhei a estrutura geografica dali, mas o cenario das terras compensa.
Depois dirigi ate a Espanha e ao entardecer comecei a percorrer as rotas dos Pirineus. Esfriou bem. A temperatura caiu de 16 para 1,5 grau centigrado, mas a natureza e o por do sol nas montanhas foram um espetaculo silencioso e existencial. Dormi em La Seu D´Urgell, uma pequena cidade nos Pirineus com um Parador, ao lado da antiga Catedral e seu conjunto historico. Os Paradores sao uma instituicao espanhola criada em 1928, pertencem ao estado mas possuem uma qualidade excepcional. Sao locais de hospedagem instalados em antigos mosteiros, castelos ou palacios, ou ainda em regioes de grande beleza natural e importancia turistica. Nesta epoca de baixa estacao custam uns 100 euros por apartamento (muito razoavel, na Europa) e o segredo de seu sucesso baseia-se na gastronomia, manutencao da propriedade e relevancia historica-turistica. Entre no www.parador.es e veja a rede de 75 estabelecimentos de alto nivel espalhados pelo pais.
Eu penso que o outono e uma das estacoes mais agradaveis para se visitar a Europa (a primavera e legal, mas o final do ano tem um lado especial). Andar pelas ruas mastigando uma castanha assada quentinha, sentindo o cheiro de lenha queimada das laeiras e o ar frio das pequenas cidades e memoravel.
Os Paradores sao realmente aconchegantes. Apesar de estar sozinho, meu jantar em La Seu D´Urgell foi memoravel: vinho tinto, pao com azeite virgem, uma merluza suave e saborosa e doces caseiros respeitaveis. Claro que o atendimento ajudou. Uma senhora experiente e profissional me serviu de maneira correta e atenciosa.
No dia seguinte fui para Andorra (um Paraguai da vida, como um amigo de turismo bem disse) e depois desci para Barcelona em uma auto-estrada de boa qualidade, apesar de ser pista unica.
Conto mais a seguir.
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
BRA e sua breve história podre
Não dá para citar as fontes, mas a história da BRA, proriedade da família Folegatti, donos da PNX Travel é problemática. Dizem por aí, que a antiga Panexpress e a Varig foram as responsáveis pela falência precipitada da operadora Soletur, em 24 de outubro de 2001.
A história é a seguinte: a Soletur fazia vários fretamentos com os aviões da Varig mas, ultimamente, a operadora enfrentava dificuldades financeiras. Um esquema seguro seriam os pacotes de Natal e reveillon em Nova Iorque aproveitando as tarifas hoteleiras e aéreas mais baixas do inverno, algo que já dera certo nos anos anteriores. Veio o 11 de setembro e a situação internacional ficou crítica. Claro que os vôos foram cancelados, o Natal daquele ano em NYC foi uma merda.
A Varig (através da famigerada Fundação Rubem Berta) queria se beneficiar dos fretamentos e teria, de alguma maneira, precipitado a falência da Soletur cobrando de uma só vez antigas dívidas - e os tribunais aceitaram. Na época os antigos donos da operadora colocaram uma carta na internet denunciando essa manobra, mas tudo ficou no "limbo dos casos brasileiros que não queremos resolver".
A Varig Travel surgiu em 2001 e utilizava aviões da BRA arrendados da própria Varig. O nome BRA era uma ficção no papel, pois as aeronaves eram RG. No dia 31 de outubro de 2003, em uma assembléia geral, 92% dos acionistas da própria Varig Travel dissolveram a empresa. Essa história nunca foi bem explicada e comentada pela mídia, pela ANAC, pelas empresas aéreas e nem por mim mesmo porque não há dados suficientes disponíveis para estudos e análises. A Panexpress virou PNX Travel e a BRA firmou-se como uma empresa de baixíssimo custo (e baixa qualidade também).
Agora ela vai à falência. De repente? A ANAC não sabia? O Ministério da Aeronáutica, incompetente orgão (ir)responsável pela baderna aérea do país não sabia? Você não sabia? E comprou passagem pela BRA? Dançou. Vai ficar no "limbo dos casos brasileiros que não queremos resolver".
Aliás, os ministérios avisam: não voe BRA, não voe nos horários e dias de pico, não voe no verão, não use carro a gás, não voe em learjets, não voe em helicópteros em dias de vento, não queira saber porque a TAM põe um Airbus pinado para aterrisar lotado em dias de chuva em Congonhas, não critique as autoridades aeroportuárias, não encha o saco.
Relaxe e perca a grana. Relaxe e morra.
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
Projeto Caminhos do Futuro
Na última reunião do Conselho Nacional de Turismo fomos para Brasília (Regina Almeida, Flávio Bittelman e eu) entregar à Ministra do Turismo a coleção completa dos livros do aluno do projeto Caminhos do Futuro. O Ministério do Turismo (ainda na gestão de Walfrido dos Mares Guia), bancou o projeto. A profa. Regina Almeida foi sua idealizadora e passei a coordenar a equipe em 2006. Fomos para 16 estados levar um curso específico sobre as possiblidades e os problemas do turismo para professores de nível médio das escolas públicas. O MinTur bancou a distribuição 150.000 livros nesses estados, mais mapas didáticos (feitos pelo Sérgio Fiori), jogos "Viajando pelo Brasil" e os cursos que foram dados por professores da USP e da Metodista Metodista de São Paulo.
Foi uma experiência fascinante, viajar pelo interior do Brasil contatanto os colegas professores e vivenciando os problemas e as soluções que cada região encontra para implementar o turismo. Estivemos em São Raimundo Nonato(PI), Porto de Galinhas(PE), Foz do Iguaçu(PR), Palmas(TO), Brasília(DF), Caldas Novas(GO), Caxambu(MG), Barreirinhas(MA), Aracaju(SE), Manaus(AM), Maragogi(AL), Matas de São João(BA), Pelotas(RS), Jijoca de Jericoacara(CE), Balneário de Camboriú(SC) e São Mateus(ES).
Na próxima semana viajo para a reunião da Global Tourism and Travel Partnership (GTTP), em Nice, para levar as impressões do projeto para a coordenadora geral que é responsável pela Academia de Viagens e Turismo (AVT) no Brasil. Contarei tudo pelo blog. Direto da França e incentivado pelos seus vinhos nacionais.
A propósito, o site do projeto é: www.caminhosdofuturo.com.br
Você pode fazer download gratuito de todos os livros do projeto. Cortesia do MinTur.
Aproveite.
Foi uma experiência fascinante, viajar pelo interior do Brasil contatanto os colegas professores e vivenciando os problemas e as soluções que cada região encontra para implementar o turismo. Estivemos em São Raimundo Nonato(PI), Porto de Galinhas(PE), Foz do Iguaçu(PR), Palmas(TO), Brasília(DF), Caldas Novas(GO), Caxambu(MG), Barreirinhas(MA), Aracaju(SE), Manaus(AM), Maragogi(AL), Matas de São João(BA), Pelotas(RS), Jijoca de Jericoacara(CE), Balneário de Camboriú(SC) e São Mateus(ES).
Na próxima semana viajo para a reunião da Global Tourism and Travel Partnership (GTTP), em Nice, para levar as impressões do projeto para a coordenadora geral que é responsável pela Academia de Viagens e Turismo (AVT) no Brasil. Contarei tudo pelo blog. Direto da França e incentivado pelos seus vinhos nacionais.
A propósito, o site do projeto é: www.caminhosdofuturo.com.br
Você pode fazer download gratuito de todos os livros do projeto. Cortesia do MinTur.
Aproveite.
Dois anos de "Análises..."
Esta foto foi tirada em 2005, por ocasião do lançamento de nosso livro Análises regionais e globais do turismo brasileiro, no congresso da AVIESP em Águas de Lindóia. Depois o livro foi lançado no CB-Tur em Belo Horizonte. Foram publicadas reportagens sobre ele por todo o Brasil.
Na intimidade nós o chamamos de "livrão". São 72 autores, 60 capítulos, quatro editores (Alexandre Panosso Netto, Paulo Pires, Mariana Aldrigui e eu) e quase mil páginas.
O que é legal é o fato de o livro estar atual. Incompleto sim, por causa de tudo o que aconteceu nos últimos dois anos, mas as análises feitas pelos diversos autores e autoras mantém-se.
Esperamos fazer uma segunda edição em 2008. Até lá teremos ainda algumas novas sobre o turismo no país, com seus problemas, soluções e dilemas.
O livro foi publicado pela editora Roca, de São Paulo.
Parabéns à toda equipe pelo segundo aniversário de lançamento do texto.
quinta-feira, 1 de novembro de 2007
Ginha Nader continua bombando
Lembram da Ginha Nader? Começou sua vida pública, no início da década de 1980, respondendo sobre Walt Disney num programa de TV (Show sem limite, de Jota Silvestre) e ganhou a parada. Depois escreveu seis livros e artigos sobre o mundo Disney. Ela acabou de lançar o livro A magia do império Disney, pela editora Senac-SP.
O texto possui 530 páginas e oferece um panorama bem articulado dos parques, da empresa e de sua história política e empresarial.
O ponto forte de Ginha Nader é que ela entendeu a lógica do entretenimento pós-industrial. Ela sabe fazer as ligações entre qualidade em serviços turísticos e a qualidade dos serviços, em geral. Em um país onde as pessoas ainda têm preconceitos ou ignoram a importância do entretenimento, da moda, do turismo ou da hospitalidade, ela faz uma ponte entre teoria e prática, entre capacidade de exercer uma atividade profissional no exterior e como adaptá-la aos países em desenvolvimento.
Um detalhe é a capa do livro, criação de Fabiana Fernandes. Ela aproveita uma foto clássica Disney (do castelo da Cinderela) e lhe dá um tratamento pós-moderno com cores suaves e efeitos sutis. Cool.
A homepage da autora é www.ginhanader.com.br .
O texto possui 530 páginas e oferece um panorama bem articulado dos parques, da empresa e de sua história política e empresarial.
O ponto forte de Ginha Nader é que ela entendeu a lógica do entretenimento pós-industrial. Ela sabe fazer as ligações entre qualidade em serviços turísticos e a qualidade dos serviços, em geral. Em um país onde as pessoas ainda têm preconceitos ou ignoram a importância do entretenimento, da moda, do turismo ou da hospitalidade, ela faz uma ponte entre teoria e prática, entre capacidade de exercer uma atividade profissional no exterior e como adaptá-la aos países em desenvolvimento.
Um detalhe é a capa do livro, criação de Fabiana Fernandes. Ela aproveita uma foto clássica Disney (do castelo da Cinderela) e lhe dá um tratamento pós-moderno com cores suaves e efeitos sutis. Cool.
A homepage da autora é www.ginhanader.com.br .
Apenda com os erros do Zuanazzi
Milton Zuanazzi saiu ontem da ANAC. Saiu mal. Sangrou em público até morrer. Ou ele não tem assessores de imagem, ou se tem não os ouve, ou eles são seus piores inimigos. Analise os erros que ele fez ao longo de sua curta e inútil carreira:
1. "O poder destrói aqueles que não o possuem". Essa frase, de "The Godfather III", é preciosa. Ele foi inábil em tratar com forças poderosas como os militares, companhias aéreas, a turma da Infraero e o resto do governo;
2. Acertou no caso Varig (queria deixar a empresa falir e estava correto) mas errou nos encaminhamentos políticos e jurídicos. Começou a perder aí;
3. Com o início da crise aérea, em 2006, perdeu-se no cipoal de acusações entre controladores de vôo, Embraer, aeronáutica, empresas aéreas nacionais, mídia e o resto do país;
4. Falou bobagens. Várias disse que não havia "crise". Justificava com estatísticas e conceitos. Já ouviram falar em falácias, desvios estatísticos e posições dúbias? Ele exerceu todas;
5. Arrogância. Por ser nomeado e com mandato, pensou que era intocável. O Collor e o Nixon eram muito mais poderosos e se ferraram...;
6. Não soube tratar com a mídia. A Veja, por exemplo, muita a amiga dos governos, o tratava de "mala sem alça". Ele passava recibo;
7. Falta de desconfiômetro. Devia ter percebido que seu tempo se esgotara, que deveria deixar aquele abacaxi podre nas mas de outro. Mas apegou-se desesperadamente ao cargo. Chegou a mandar e-mails e fazer matérias chorosas em pequenos jornais para justificar... o quê mesmo?
8. Não ouviu assessores e outras autoridades do governo em várias ocasiões. Desde a ridícula medalha ganha da aeronáutica até o momento ideal de cair fora.
9. Mostrou-se ressentido e magoado na mídia. Isso é uma merda para um(a) executivo(a). Demonstra fraqueza. Tibieza. Falta de confiança.
10. Saiu mal dizendo que não queria trabalhar com o Ministro da Defesa. Errado. O ministro é que não o queria, assim como a mídia, a sociedade, as empresas e um monte de gente.
11. Demagogia. Falou que sem ele os pobres não vão mais voar! Grande verdade. As pessoas da favela, aqui ao lado da USP, estão inconsoláveis porque não passarão o reveillon em Paris e o carnaval da Bahia.
12. Foi o pato da história. Um personagem pequen oe sem importância cresceu no cenário caótico da aviação comercial brasileira graças à inabilidade. Pagou caro por um pato menor do brejo aeronáutico.
E agora?
Será que o governo lhe arrumará outra função? Alguma empresa aérea o convidará para ser diretor? Ele escreverá um livro contando tudo? Se candidatará a algum cargo público? Fundará uma empresa aérea super-popular? Passará ao lixo da história?
Menino(a)s, não façam essas asneiras na vida profissional. Sempre tem a hora e o jeito de entrar e a hora e o jeito de sair.
1. "O poder destrói aqueles que não o possuem". Essa frase, de "The Godfather III", é preciosa. Ele foi inábil em tratar com forças poderosas como os militares, companhias aéreas, a turma da Infraero e o resto do governo;
2. Acertou no caso Varig (queria deixar a empresa falir e estava correto) mas errou nos encaminhamentos políticos e jurídicos. Começou a perder aí;
3. Com o início da crise aérea, em 2006, perdeu-se no cipoal de acusações entre controladores de vôo, Embraer, aeronáutica, empresas aéreas nacionais, mídia e o resto do país;
4. Falou bobagens. Várias disse que não havia "crise". Justificava com estatísticas e conceitos. Já ouviram falar em falácias, desvios estatísticos e posições dúbias? Ele exerceu todas;
5. Arrogância. Por ser nomeado e com mandato, pensou que era intocável. O Collor e o Nixon eram muito mais poderosos e se ferraram...;
6. Não soube tratar com a mídia. A Veja, por exemplo, muita a amiga dos governos, o tratava de "mala sem alça". Ele passava recibo;
7. Falta de desconfiômetro. Devia ter percebido que seu tempo se esgotara, que deveria deixar aquele abacaxi podre nas mas de outro. Mas apegou-se desesperadamente ao cargo. Chegou a mandar e-mails e fazer matérias chorosas em pequenos jornais para justificar... o quê mesmo?
8. Não ouviu assessores e outras autoridades do governo em várias ocasiões. Desde a ridícula medalha ganha da aeronáutica até o momento ideal de cair fora.
9. Mostrou-se ressentido e magoado na mídia. Isso é uma merda para um(a) executivo(a). Demonstra fraqueza. Tibieza. Falta de confiança.
10. Saiu mal dizendo que não queria trabalhar com o Ministro da Defesa. Errado. O ministro é que não o queria, assim como a mídia, a sociedade, as empresas e um monte de gente.
11. Demagogia. Falou que sem ele os pobres não vão mais voar! Grande verdade. As pessoas da favela, aqui ao lado da USP, estão inconsoláveis porque não passarão o reveillon em Paris e o carnaval da Bahia.
12. Foi o pato da história. Um personagem pequen oe sem importância cresceu no cenário caótico da aviação comercial brasileira graças à inabilidade. Pagou caro por um pato menor do brejo aeronáutico.
E agora?
Será que o governo lhe arrumará outra função? Alguma empresa aérea o convidará para ser diretor? Ele escreverá um livro contando tudo? Se candidatará a algum cargo público? Fundará uma empresa aérea super-popular? Passará ao lixo da história?
Menino(a)s, não façam essas asneiras na vida profissional. Sempre tem a hora e o jeito de entrar e a hora e o jeito de sair.
terça-feira, 30 de outubro de 2007
Uma festa diferente
Na sexta-feira, 26 de outubro, fui convidado para os dez anos do curso de Turismo da Universidade de Sorocaba (UNISO). Em 1996, a Maria Angela Ambrizzi Bissoli e eu fizemos o projeto do curso, ele foi implantado e de vez em quando tínhamos notícia do filho crescendo pelas mãos dos outros. O Luiz Octávio Camargo foi o primeiro coordenador e atualmente o Cláudio é o piloto do projeto. Um curso que chega aos dez anos de idade merece elogios, afinal a volatilidade do mercado de cursos de turismo é bem alta e acabou com vários deles (muitos merecidamente porque eram ruins mesmo).
Diferente nessa festa foi a minha participação, afinal um projeto lançado no tempo a mais de uma década aparece, agora, festejando uma década com professores, alunos, gente graduada e trabalhando pelo mundo. Temos uma responsabilidade razoável quando fazemos as coisas porque em geral há consequencias e essas são ótimas. Então fiz algo inédito: terminei a minha palestra com uma poesia que escrevi ali, na hora, enquanto os outros falavam ao povo.
Lá vai poesia em homenagem aos dez anos do curso de Turismo da UNISO:
Uma década (1997-2007)
Um período de tempo. Um momento.
Um projeto que se desdobra. Aflora.
Uma semente a evoluir. Fluir.
Uma parte da vida passada em conjunto. A construir.
Uma noite, dez anos depois, lembramos o tempo, o projeto, a semente
e nos admiramos com a árvore, o fluxo, a história,
nos divertimos com tudo que existe na memória
e sentimos que a década não foi vivida em vão.
O momento estendeu-se em um fluxo temporal;
a semente virou bosque;
nossas vidas, em conjunto, ergueram uma construção
e nesta noite, ao mesmo tempo que sentimos
agradecidos o passado,
comemoramos as vitórias presentes
e vislumbramos outras décadas,
em um futuro infinito.
quinta-feira, 18 de outubro de 2007
Vote nos Lençóis Maranhenses
Está rolando uma nova enquete mundial. No site http://www.new7wonders.com/ dá para conhecer e votar nas belezas naturais preferidas. Votarei nos lençóis Maranhenses.
Qual o motivo? Veja acima. Esta foto foi feita pelo Fernando, marido da profa. Fabiana da Uniceuma, São Luís.
É uma pequena amostra da beleza primordial que se estende de Barreirinhas, percorre o rio Preguiça, um curso d´água límpida ladeado por matas, mangues e dunas de areia, até desembocar em sua foz no oceano Atlântico. Essa foz é uma plenitude de águas límpidas, ventos fortes, céus azuis e profundos dominados pela luz inclemente do sol equatorial. Paisagem dionisíaca. Um orgasmo da natureza.
Lugares estranhos do Brasil
Existe, nos EUA, um livro sobre os lugares esquisitos do país, chama-se Eccentric America, de Jan Friedman. Penso que dá para fazer um sobre o Brasil. Vi dois lugares estranhos nos últimos dias. Um deles foi em Presidente Prudente (extremo oeste do estado de São Paulo, a uns 550 km da capital). Fui dar uma palestra na Unoeste, uma instituição criada e mantida pelo Agripino de Oliveira Lima Filho, prefeito cassado da cidade e ex-deputado federal. Visitei o hospital-escola da Unoeste (imenso) e o campus principal, localizado em uma fazenda com árvores, caminhos de terra e barracões, além dos prédios amplos e com terraços de onde se avistam os campos e a noite estrelada. Tudo muito bonito.
Depois fui levado para ver algo inédito. O Agripino reside em uma outra fazenda, à margem da rodovia Washington Luís, onde construiu um tipo de parque temático religioso imenso chamado Morada de Deus. Ali estão as 13 estações da via sacra de Jesus Cristo, uma pequena capela e uma igreja. Essa igreja possui uma estrutura de concreto e é coberta por extensos vitrais. Parece uma coroa alianígena. O templo é cercado por pisos de granito e por estacionamentos imensos, asfaltados. O lugar é bem mantido, limpo e naquele dia só havia dois visitantes: o professor que me levou e eu. Dizem que ele é católico fervoroso e fez isso para cumprir uma promessa. Aliás o campus principal possui uma capela de porte médio, com pinturas, pisos decorados e um nível de conforto acima da média. se forem a Presidente Prudente visitem o local. É, no mínimo, insólito.
Outro lugar estranho é Iperó, pertinho de Sorocaba, também interior de São Paulo. Lá tem o Centro de Pesquisas da Marinha brasileira (Aramar) que eu não visitei por que é proibido. Desde 1982, há burocratas, cientistas e investimento maciço para desenvolver propulsor nuclear para um submarino brasileiro. Pelo tempo e dinheiro investidos já dava para ter desenvolvido o propulsor do destróier espacial do Darth Wader. Mas a Marinha não é o mais estranho em Iperó.
Ali está a Floresta Nacional de Ipanema e a Real Fábrica de Ferro Ipanema, a primeira siderurgia do Brasil, fundada no século 18. O lugar tem casas, fornos, barracões em pedra, represas e uma vegetação exuberante. A área é controlada pelo Ibama e está semi-abandonada. Há alguns projetos turísticos para aproveitar o local, mas a burocracia federal empaca todas as propostas. Em meio à mata e às belíssimas construções seculares, o governo da ditadura militar (1964-1985) construiu dois caixotões de concreto - horrorosos - para servirem de área administrativa e hospedagem.
Há umas trilhas pelo meio do mato que podem ser percorridas. É necessário pagar uma pequena taxa na entrada e há um restaurante (ruim) lá dentro. O lugar é destaque no site www.ufoecoturismo.com. Aliás, o que é ufoecoturismo? Delírios esquizóides, certamente.
O cenário como um todo é estranho, pelas ruínas (algumas restauradas) e pela disposição dos edifícios ao longo dos amplos terrenos. Ao fundo vê-se uma pequena serra com um cruzeiro (aquelas cruzes no alto da montanha). O lugar seria ideal para um centro cultural, spa ou escola tecnológica. Quem sabe até como área de pouso das naves da República?
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
São Luís - viagem à ilha do sol
Fiquei cinco deliciosos dias em São Luís, no Maranhão. Fui dar um curso de pós na Uniceuma e fazer a primeira reunião de retorno do projeto "Caminhos do Futuro" (http://www.caminhosdofuturo.com.br/).
Na canção "Ilha Bela", Carlinhos Veloz reza: "Deus te conserve regado a reggae...". Faço votos. Foi uma viagem proveitosa, permeada pela hospitalidade e atenção do povo maranhense. Abaixo os tops and downs da ilha.
Dez tops de São Luís:
1. A torta de caranguejo da "Cabana do Sol";
2. O roteiro dos "Papagaios amarelos", sobre a breve colonização francesa;
3. A Casa de Cultura Josué Montello;
4. As lendas sobre os túneis da Fonte do Ribeirão;
5. As ruas antigas com seus casarões ao luar, com o som dos tambores ao fundo...;
6. O cheiro acre do mercado público com seus produtos exóticos (para nós);
7. O humor da primeira turma de pós em turismo da Uniceuma;
8. A amplitude das marés é sempre impressionante;
9. O vento refrescante que sopra em outubro, quebrando o calor e agitando as árvores e o mar;
10. O trabalho que a turma da Secretaria Estadual de Turismo e dos municípios dos "Lençoís" fez com base nos "Caminhos do Futuro".
Alguns downs:
1. A incompetente da Infraero fez um novo terminal de passageiros no aeroporto com teto de metal e sem ar condicionado. Calorosa burrice.
2. O antigo Hotel Vila Rica ficou fechado e foi reaberto em dezembro de 2006 com outro nome e proprietários. Agora chama-se Grã São Luís. Serviço péssimo. Evite.
3. O Sarney continua por lá...
Placar final: 10 a 3. Ganhou de goleada. A ilha é um tesão mesmo.
Na canção "Ilha Bela", Carlinhos Veloz reza: "Deus te conserve regado a reggae...". Faço votos. Foi uma viagem proveitosa, permeada pela hospitalidade e atenção do povo maranhense. Abaixo os tops and downs da ilha.
Dez tops de São Luís:
1. A torta de caranguejo da "Cabana do Sol";
2. O roteiro dos "Papagaios amarelos", sobre a breve colonização francesa;
3. A Casa de Cultura Josué Montello;
4. As lendas sobre os túneis da Fonte do Ribeirão;
5. As ruas antigas com seus casarões ao luar, com o som dos tambores ao fundo...;
6. O cheiro acre do mercado público com seus produtos exóticos (para nós);
7. O humor da primeira turma de pós em turismo da Uniceuma;
8. A amplitude das marés é sempre impressionante;
9. O vento refrescante que sopra em outubro, quebrando o calor e agitando as árvores e o mar;
10. O trabalho que a turma da Secretaria Estadual de Turismo e dos municípios dos "Lençoís" fez com base nos "Caminhos do Futuro".
Alguns downs:
1. A incompetente da Infraero fez um novo terminal de passageiros no aeroporto com teto de metal e sem ar condicionado. Calorosa burrice.
2. O antigo Hotel Vila Rica ficou fechado e foi reaberto em dezembro de 2006 com outro nome e proprietários. Agora chama-se Grã São Luís. Serviço péssimo. Evite.
3. O Sarney continua por lá...
Placar final: 10 a 3. Ganhou de goleada. A ilha é um tesão mesmo.
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
Salvador numa tese pós-industrial.
Imagine uma professora descolada de economia. Ajunte uma cidade instigante e bem temperada como Salvador. Adicione um doutorado em Barcelona. Publique tudo de forma bem estruturada, com um monte de informações, graficos e figuras coloridas. Use o patrocínio da Fapesb (a Fapesp da Bahia) e do governo da Bahia. Sirva em um volume de 300 páginas. Está aí a receita do novo livro de Lúcia Aquino de Queiroz, "Turismo urbano - gestão pública e competitividade: a exeriência da cidade de Salvador". O livro será lançado em Salvador com uma baita festa num boteco local.
A Bahia é um dos estados pioneiros na valorização do turismo e de sua cultura e o livro mostra como o pessoal trabalha a competitividade em comparação com outras cidades do mundo, seus problemas e as relações complicadas com o poder público. Os caras aprenderam ao longo de 25 anos a fazer um lazer, turismo e entretenimento de maneira um pouco mais profissional que os outros. Não está perfeito, claro, afinal Salvador fica no Brasil, mas melhorou muito.
Em setembro de 2001, Mário Beni e eu estávamos num congresso da AIEST, em Malta. No ultimo dia o presidente da Associação, um suiço bem folgado, virou para nós e disse: "Beni, Trigo, the next congress will be in Brasil. In Bahia." Pensei, que droga, o ACM acabou de brigar com o FHC e não vai dar para ajuntar a Embratur com os baianos para sediar o primeiro congresso da AIEST no Brasil. Voltei para cá e cheguei na manhã do dia 11 de setembro, a tempo de ver o show do Bin Laden pela TV. As coisas foram rápidas. Em fevereiro o secretário geral veio para São Paulo, nos encontramos em Guarulhos e voamos para Salvador. Lá o pessoal da secretaria de estado nos recebeu, ouviu os detalhes sobre o congresso, nos mostrou alguns hotéis e deixou uma empresa para operacionalizar tudo. O Paulo Gaudenzi me disse, não se preocupe que está tudo OK". Claro que me preocupei, e muito, porque no final a responsabilidade pela festa ficou comigo, com todos os problemas dali decorrentes. Mas não teve encrenca. O pessoal da agência de eventos entendeu as necessidades dos quase 80 estrangeiros (muitos chatíssimos) especialistas em turismo que vieram e no ultimo dia a equipe foi chamada ao palco para receber os parabéns, coisa rara num congresso desse tipo. Das reuniões às festas, dos passeios às refeições, tudo correu bem, mais ou menos no horário e com tranquilidade.
O que possibilitou essa capacidade, esse pioneirismo baiano em tratar do turismo de forma tão competente e divertida? É isso que Lúcia Queiroz propõe a analisar ao longo de sua tese. Apesar de ser um trabalho acadêmico (foi uma tese de doutorado denfendida na Universidade de Barcelona) é bem legível e clara para todas as pessoas.
Ela fala de cluster, de competitividade, de entretenimento e de políticas públicas em lazer e turismo. E reconhece os problemas que ainda existem na cidade, seu livro é dedicado inclusive "aos que dormem nas ruas de Salvador à espera, nem sempre, de dias melhores."
Já li e gostei (tive a honra de ser convidado para escrever o prefácio). Deverá ser vendido em Salvador. A Lúcia é coordenadora do curso de Turismo da Unifacs, onde pode ser encontrada.
E a Embratur? Apoiou e não entrou por motivos políticos, mas mandou todo o material publicitário para ser distribuído no congresso.
A Bahia é um dos estados pioneiros na valorização do turismo e de sua cultura e o livro mostra como o pessoal trabalha a competitividade em comparação com outras cidades do mundo, seus problemas e as relações complicadas com o poder público. Os caras aprenderam ao longo de 25 anos a fazer um lazer, turismo e entretenimento de maneira um pouco mais profissional que os outros. Não está perfeito, claro, afinal Salvador fica no Brasil, mas melhorou muito.
Em setembro de 2001, Mário Beni e eu estávamos num congresso da AIEST, em Malta. No ultimo dia o presidente da Associação, um suiço bem folgado, virou para nós e disse: "Beni, Trigo, the next congress will be in Brasil. In Bahia." Pensei, que droga, o ACM acabou de brigar com o FHC e não vai dar para ajuntar a Embratur com os baianos para sediar o primeiro congresso da AIEST no Brasil. Voltei para cá e cheguei na manhã do dia 11 de setembro, a tempo de ver o show do Bin Laden pela TV. As coisas foram rápidas. Em fevereiro o secretário geral veio para São Paulo, nos encontramos em Guarulhos e voamos para Salvador. Lá o pessoal da secretaria de estado nos recebeu, ouviu os detalhes sobre o congresso, nos mostrou alguns hotéis e deixou uma empresa para operacionalizar tudo. O Paulo Gaudenzi me disse, não se preocupe que está tudo OK". Claro que me preocupei, e muito, porque no final a responsabilidade pela festa ficou comigo, com todos os problemas dali decorrentes. Mas não teve encrenca. O pessoal da agência de eventos entendeu as necessidades dos quase 80 estrangeiros (muitos chatíssimos) especialistas em turismo que vieram e no ultimo dia a equipe foi chamada ao palco para receber os parabéns, coisa rara num congresso desse tipo. Das reuniões às festas, dos passeios às refeições, tudo correu bem, mais ou menos no horário e com tranquilidade.
O que possibilitou essa capacidade, esse pioneirismo baiano em tratar do turismo de forma tão competente e divertida? É isso que Lúcia Queiroz propõe a analisar ao longo de sua tese. Apesar de ser um trabalho acadêmico (foi uma tese de doutorado denfendida na Universidade de Barcelona) é bem legível e clara para todas as pessoas.
Ela fala de cluster, de competitividade, de entretenimento e de políticas públicas em lazer e turismo. E reconhece os problemas que ainda existem na cidade, seu livro é dedicado inclusive "aos que dormem nas ruas de Salvador à espera, nem sempre, de dias melhores."
Já li e gostei (tive a honra de ser convidado para escrever o prefácio). Deverá ser vendido em Salvador. A Lúcia é coordenadora do curso de Turismo da Unifacs, onde pode ser encontrada.
E a Embratur? Apoiou e não entrou por motivos políticos, mas mandou todo o material publicitário para ser distribuído no congresso.
terça-feira, 2 de outubro de 2007
Mais um inquérito da Aeronáutica
A imprensa publicou, no dia 2 de outubro, o inquérito da Aeronáutica afirmando que uma série de 11 erros levaram à colisão entre o Legacy e o Boeing da GOL a um ano atrás, matando 154 pessoas. Esses erros podem ser resumidos em "relaxo", "displicência", "falta de diligência" e "demora excessiva para comunicação" por parte do pessoal das torres de controle do tráfego aéreo. Em suma, a Aeronáutica jogou a culpa nos controladores de vôos. É a mesma coisa que os japoneses culparem os pilotos dos aviões pelo ataque à base naval de Pearl Harbour, em 1941. Ou os EUA dizerem que a culpa pelas bombas atômica no Japão foi também dos pilotos que as lançaram.
O sindicato dos controladores de vôo pediu uma auditoria internacional para avaliar as condições do tráfego aéreo brasileiro. A Aeronáutica não concorda, certamente porque essa auditoria independente apontaria as más condições de nosso tráfego e controle do espaço aéreo. Isso levaria à punição de oficiais, brigadeiros, ministros etc., afinal são eles os chefes que contratam a linha de frente mal treinada, mal remunerada, que não fala inglês, não sabe os códigos de procedimentos para comunicações e das emergências.
E os pilotos americanos? Ah, eles deveriam questionar as ordens idiotas da torre e adivinhar a frequencia certa da porra do rádio sobre a Amazônia. Também são meio culpados. A situação ficou mais ou menos assim. E os 154 mortos? Será que é para usar o ato do assessor especial Marco Aurelio "top top top" Garcia como ilustração? Acho que não, os mortos merecem respeito.
O pior são essas mortes inúteis. Mortes causadas pela estupidez e arrogância de uma gente que só quer permanecer no poder pelos seus interesses mesquinhos, por cargos de direção, por passagens gratuitas, por um "status" pontilhado de medalhinhas e condecorações que mesclam homenagens merecedoras com atitudes políticas medíocres, como a malfadada condecoração ao pessoal da ANAC em julho de 2007. Mortes horríveis em meio ao nada da Amazônia, ou em meio às chamas de Congonhas. Vidas destruídas, tanto dos mortos como dos parentes que ficaram, porque uma corja de incompetentes se nega a assumir seus erros e responsabilidades. Mortes mostradas pela mídia global, perdas que ilustram tristemente o cenário de nosso subdesenvolvimento ao mundo. Mortes nos aviões, nas estradas, nos assaltos violentos, nos postos de saúde abandonados, nas casas de repouso de velhinhos solitários entregues ao próprio azar.
Enquanto isso há inquéritos, movimentos na justiça, absolvições de políticos corruptos, liberdade para presos perigosos, liminares, greves nos aeroportos (dos controladores de vôo ao pessoal administrativo da Polícia Federal), obstruções judiciais, mentiras nos jornais...
Não há virgens na zona. As empresa aéreas se locupletaram com a crise; o governo tripudiou; os controladores se desesperaram; os militares da Aeronáutica tentam se safar culpando os controladores; e a ANAC, ora o que é essa agência que chafurdou na incompetência em apenas pouco meses? O governo não sabe de nada; os passageiros se omitiram por agum tempo e agora, depois dos 350 estupidamente mortos, talvez façam algo.
Cada vez que chego a algum lugar e me perguntam como foi a viagem respondo: qualquer vôo do qual você sai andando é um ótimo vôo. É o que nos resta.
O sindicato dos controladores de vôo pediu uma auditoria internacional para avaliar as condições do tráfego aéreo brasileiro. A Aeronáutica não concorda, certamente porque essa auditoria independente apontaria as más condições de nosso tráfego e controle do espaço aéreo. Isso levaria à punição de oficiais, brigadeiros, ministros etc., afinal são eles os chefes que contratam a linha de frente mal treinada, mal remunerada, que não fala inglês, não sabe os códigos de procedimentos para comunicações e das emergências.
E os pilotos americanos? Ah, eles deveriam questionar as ordens idiotas da torre e adivinhar a frequencia certa da porra do rádio sobre a Amazônia. Também são meio culpados. A situação ficou mais ou menos assim. E os 154 mortos? Será que é para usar o ato do assessor especial Marco Aurelio "top top top" Garcia como ilustração? Acho que não, os mortos merecem respeito.
O pior são essas mortes inúteis. Mortes causadas pela estupidez e arrogância de uma gente que só quer permanecer no poder pelos seus interesses mesquinhos, por cargos de direção, por passagens gratuitas, por um "status" pontilhado de medalhinhas e condecorações que mesclam homenagens merecedoras com atitudes políticas medíocres, como a malfadada condecoração ao pessoal da ANAC em julho de 2007. Mortes horríveis em meio ao nada da Amazônia, ou em meio às chamas de Congonhas. Vidas destruídas, tanto dos mortos como dos parentes que ficaram, porque uma corja de incompetentes se nega a assumir seus erros e responsabilidades. Mortes mostradas pela mídia global, perdas que ilustram tristemente o cenário de nosso subdesenvolvimento ao mundo. Mortes nos aviões, nas estradas, nos assaltos violentos, nos postos de saúde abandonados, nas casas de repouso de velhinhos solitários entregues ao próprio azar.
Enquanto isso há inquéritos, movimentos na justiça, absolvições de políticos corruptos, liberdade para presos perigosos, liminares, greves nos aeroportos (dos controladores de vôo ao pessoal administrativo da Polícia Federal), obstruções judiciais, mentiras nos jornais...
Não há virgens na zona. As empresa aéreas se locupletaram com a crise; o governo tripudiou; os controladores se desesperaram; os militares da Aeronáutica tentam se safar culpando os controladores; e a ANAC, ora o que é essa agência que chafurdou na incompetência em apenas pouco meses? O governo não sabe de nada; os passageiros se omitiram por agum tempo e agora, depois dos 350 estupidamente mortos, talvez façam algo.
Cada vez que chego a algum lugar e me perguntam como foi a viagem respondo: qualquer vôo do qual você sai andando é um ótimo vôo. É o que nos resta.
quarta-feira, 26 de setembro de 2007
Dia de entender melhor o turismo
Eu comemoraria mais o dia internacional do turismo se fosse chinês, europeu ou turco. Afinal são países que possuem vontade política e força econômica para desenvolver projetos de lazer e turismo de forma competente. Para não falar dos norte-americanos, chilenos, australianos, neo-zeolandeses... Aqui, na terra tupiniquim, saiu o relatório da CPI do apagão aéreo e ninguém, NINGUÉM da ANAC foi responsabilizado. Se o Calheiros, os políticos corruptos, os sonegadores podem e ficam impunes, a ANAC também merece nossa condescendência patética.
Depois da saída dos quatro diretores da ANAC agora só falta o Zuanazzi. Dizem que ele está louco para pegar a presidência da Embratur. Maravilhoso para o turismo! O cara se acaba na ANAC, fala besteiras, se coloca como vítima, chora em público para manter o emprego e depois ganha a Embratur. O turismo fica com o mico.
O que atrapalha a área de turismo é a ignorância e o preconceito. A ignorância remete ao desconhecimento que as pessoas possuem da importância da sociedades pós-industriais, onde o prazer e o setor de serviços são fundamentais. Turismo está intimamente ligado ao lazer, entretenimento, recreação, cultura, esportes, varejo, saúde e outras áreas afins. O preconceito remete à burrice histórica de não entender as mudanças e as novas configurações sociais. "Turismo é coisa de riquinho..", "turismo é curso espera marido...", "turismo é perfumaria...". São as pérolas podres da estupidez local. Jecas que não perceberam que turismo, gastronomia, moda, perfumaria, saúde e beleza são novos campos de atuação que favorecem diretamente a economia, as liberdades civis e as sociedades complexas. Mas como mentes simplórias podem entender sociedades complexas?
Temos que explicar às pessoas. O Ivan Izquierdo a muito tempo já disse que nossa luta é contra a burrice.
Turismo, assim como outras atividades avançadas e descoladas, gostosas e pós-industriais, será cada vez mais algo intenso e reconhecido. Parabéns para aqueles(as) que entenderam isso. Para os que ainda não entenderam é aconselhável doses regulares de "mentacaptol", a vacina epistemológica contra a letargia mental.
Estarei em Campo Grande no dia 27/09 para uma palestra à turma do MS. O convite foi do presidente da ABBTUR-MS, o turismólogo Wantuyr. Degustarei cervejas geladas e peixes gralhados em homenagem à área.
Depois da saída dos quatro diretores da ANAC agora só falta o Zuanazzi. Dizem que ele está louco para pegar a presidência da Embratur. Maravilhoso para o turismo! O cara se acaba na ANAC, fala besteiras, se coloca como vítima, chora em público para manter o emprego e depois ganha a Embratur. O turismo fica com o mico.
O que atrapalha a área de turismo é a ignorância e o preconceito. A ignorância remete ao desconhecimento que as pessoas possuem da importância da sociedades pós-industriais, onde o prazer e o setor de serviços são fundamentais. Turismo está intimamente ligado ao lazer, entretenimento, recreação, cultura, esportes, varejo, saúde e outras áreas afins. O preconceito remete à burrice histórica de não entender as mudanças e as novas configurações sociais. "Turismo é coisa de riquinho..", "turismo é curso espera marido...", "turismo é perfumaria...". São as pérolas podres da estupidez local. Jecas que não perceberam que turismo, gastronomia, moda, perfumaria, saúde e beleza são novos campos de atuação que favorecem diretamente a economia, as liberdades civis e as sociedades complexas. Mas como mentes simplórias podem entender sociedades complexas?
Temos que explicar às pessoas. O Ivan Izquierdo a muito tempo já disse que nossa luta é contra a burrice.
Turismo, assim como outras atividades avançadas e descoladas, gostosas e pós-industriais, será cada vez mais algo intenso e reconhecido. Parabéns para aqueles(as) que entenderam isso. Para os que ainda não entenderam é aconselhável doses regulares de "mentacaptol", a vacina epistemológica contra a letargia mental.
Estarei em Campo Grande no dia 27/09 para uma palestra à turma do MS. O convite foi do presidente da ABBTUR-MS, o turismólogo Wantuyr. Degustarei cervejas geladas e peixes gralhados em homenagem à área.
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
Nossa II Jornada de Lazer e Turismo
Estar em uma universidade nova significa fazer as coisas do início, sempre. Mas tem seu lado positivo, a gente faz do nosso jeito. Cria-se um sentimento de pertencimento que vai crescendo. Este ano a Jornada 19 e 20/09) foi aberta ao público e teve boa recepção. Veio gente até de Diamantino (MT) e do interior de São Paulo, além do povo da USP-Leste.
Foi legal porque coincidiu com a semana de Moda do curso de Tecnologia Têxtil, então as exposições, reuniões e agitos ficaram mais intensos.
Parece que a área acadêmica de turismo volta a crescer novamente, com maior percepção de realidade. A revista Isto É de 12/09 publicou uma matéria sobre as novas profissões e o turismo foi enfocado direitinho: junto com lazer, hospitalidade, entretenimento. Eu ainda incluo cultura, esportes e varejo. Turismo é serviço. Demorou para as pessoas perceberem essa coisa óbvia neste país e ainda nem todos(as) sacaram as novas realidades (que têm 30 anos!).
De vez em quando volta a questão da regulamentação da profissão. É f...! Regulamentar o quê? Para quê? Como? Se todo mundo insere turismo no setor de serviços é para que a gente trabalhe, se desenvolva, invista em centenas de áreas possíveis e isso implica em mercado competitivo e aberto, sem essas frescuras arcaicas de regulamentar. Deve-se regulamentar a atividade profissional, isso sim. E exigir qualidade dos cursos e programas educacionais para a área. Mas, desde 1996, fala-se muito sobre isso e pouco se faz. O resultado é que os cursos ordinários estão fechando ou diminuindo o número de turmas. Apenas os mais descolados, sérios e inseridos na realidade da sociedade e do mercado estão se mantendo e crescendo.
Minha amiga, a profa. Regina Almeida, me passou os 10 mandamentos da UNESCO (e são de 1998) para o estudante universitário do século 21. Saca só:
1. seja flexível, isto é, não se especialize em demasia
2. invista na criatividade e não apenas no conhecimento
3. aprenda a lidar com a incerteza
4. prepare-se para estudar durante toda a vida
5. tenha habilidades sociais e capacidade de expressão
6. saiba trabalhar em grupo
7. assuma responsabilidades
8. seja empreendedor, crie o seu emprego
9. entenda as diferenças culturais na globalização
10. entenda as novas tecnologias com oa internet.
Sem isso, você está fora! Vai firme.
Foi legal porque coincidiu com a semana de Moda do curso de Tecnologia Têxtil, então as exposições, reuniões e agitos ficaram mais intensos.
Parece que a área acadêmica de turismo volta a crescer novamente, com maior percepção de realidade. A revista Isto É de 12/09 publicou uma matéria sobre as novas profissões e o turismo foi enfocado direitinho: junto com lazer, hospitalidade, entretenimento. Eu ainda incluo cultura, esportes e varejo. Turismo é serviço. Demorou para as pessoas perceberem essa coisa óbvia neste país e ainda nem todos(as) sacaram as novas realidades (que têm 30 anos!).
De vez em quando volta a questão da regulamentação da profissão. É f...! Regulamentar o quê? Para quê? Como? Se todo mundo insere turismo no setor de serviços é para que a gente trabalhe, se desenvolva, invista em centenas de áreas possíveis e isso implica em mercado competitivo e aberto, sem essas frescuras arcaicas de regulamentar. Deve-se regulamentar a atividade profissional, isso sim. E exigir qualidade dos cursos e programas educacionais para a área. Mas, desde 1996, fala-se muito sobre isso e pouco se faz. O resultado é que os cursos ordinários estão fechando ou diminuindo o número de turmas. Apenas os mais descolados, sérios e inseridos na realidade da sociedade e do mercado estão se mantendo e crescendo.
Minha amiga, a profa. Regina Almeida, me passou os 10 mandamentos da UNESCO (e são de 1998) para o estudante universitário do século 21. Saca só:
1. seja flexível, isto é, não se especialize em demasia
2. invista na criatividade e não apenas no conhecimento
3. aprenda a lidar com a incerteza
4. prepare-se para estudar durante toda a vida
5. tenha habilidades sociais e capacidade de expressão
6. saiba trabalhar em grupo
7. assuma responsabilidades
8. seja empreendedor, crie o seu emprego
9. entenda as diferenças culturais na globalização
10. entenda as novas tecnologias com oa internet.
Sem isso, você está fora! Vai firme.
segunda-feira, 17 de setembro de 2007
Inverno seco
Nunca me dei com ares do deserto e agora vivo em um deles, ou quase. Setembro seco. Péssimo para a goela e o sistema respiratório. Queimadas, poluição, falta de chuva e poeira deixam o ar áspero. De madrugada acordo e minha língua parece uma lixa enterrada na areia. Sahara, Atacama, Gobi e São Paulo. Enquanto espero as chuvas preparo o que vem por aí na vida profissional: Campo Grande, São Luís e a jornada de Lazer e Turismo na USP-Leste. No meio da secura da zona leste, onde o sol se põe entre as camadas de nuvens marrons da atmosfera poluída, tendo ao fundo os edifícios de Guarulhos e o verde do Parque Ecológico. É até bonito, aquela periferia consumada pelo sol vermelho que faria o Superman deitar na marginal e se deixar levar pela preguiça.
Ontem terminei o texto para o novo livro que a Manole lançará em 2008. O Alexanddre Panosso e a Marília Ansarah estão organizando. Vai ser sobre turismo segmentado, mas coisas novas, provocativas, instigantes. Um novo turismo para um novo tempo. Nada dessas babaquices pretensamente corretas para agradar a boiada sonsa. Vai ser o dia-a-dia do que rola e vira no turismo brutal do cotidiano global. S-e-g-m-e-n-t-a-ç-ã-0. Tudo contato direitinho, como é na vida real. Putaria global.
Hoje fico fazendo outras coisinhas, preparando meu mini-curso para a jornada da USP. Falarei sobre a crise aérea. Sobre a puta incompetência nacional para administrar seus aviões, da sempresas aéreas aos militares da aeronáutica que nos brindam com sua arrogância e incapacidade atávica. Santos Dumont deve estrebuchar no túmulo só de saber das asneiras. Nem falarei muito sobre a ANAC huahuahua. Não vou chutar cachorro morto. Espera vir a próxima diretoria, espero que dessa vez decente. Não acreditei ver o Zuanazzzi chorando, maior canastrão de novela de rádio da década de 1950, pedindo para ficar no emprego. Pagando pau prá imprensa nanica, se justificando todo e perguntando "Afinal, de que me acusam"? huahuahua. Devia ganhar outra merdalha da Aeronáutica pela cara-de-pau. O cara não vê que o ministro já deu o cartão vermelho prá ele. Alguém devia avisá-lo.
Ontem terminei o texto para o novo livro que a Manole lançará em 2008. O Alexanddre Panosso e a Marília Ansarah estão organizando. Vai ser sobre turismo segmentado, mas coisas novas, provocativas, instigantes. Um novo turismo para um novo tempo. Nada dessas babaquices pretensamente corretas para agradar a boiada sonsa. Vai ser o dia-a-dia do que rola e vira no turismo brutal do cotidiano global. S-e-g-m-e-n-t-a-ç-ã-0. Tudo contato direitinho, como é na vida real. Putaria global.
Hoje fico fazendo outras coisinhas, preparando meu mini-curso para a jornada da USP. Falarei sobre a crise aérea. Sobre a puta incompetência nacional para administrar seus aviões, da sempresas aéreas aos militares da aeronáutica que nos brindam com sua arrogância e incapacidade atávica. Santos Dumont deve estrebuchar no túmulo só de saber das asneiras. Nem falarei muito sobre a ANAC huahuahua. Não vou chutar cachorro morto. Espera vir a próxima diretoria, espero que dessa vez decente. Não acreditei ver o Zuanazzzi chorando, maior canastrão de novela de rádio da década de 1950, pedindo para ficar no emprego. Pagando pau prá imprensa nanica, se justificando todo e perguntando "Afinal, de que me acusam"? huahuahua. Devia ganhar outra merdalha da Aeronáutica pela cara-de-pau. O cara não vê que o ministro já deu o cartão vermelho prá ele. Alguém devia avisá-lo.
Assinar:
Postagens (Atom)