quarta-feira, 28 de julho de 2010

Turismo étnico-afro na Bahia

O Brasil é um desses países populosos, com grande extensão territorial, diversidade e complexidade cultural. Assim como a Índia, México, Estados Unidos, Rússia ou China, as teias culturais do nosso país não se desvelam facilmente, seja ao turista ou ao próprio morador. Nem todo(a) s brasileiro(a) s conhecem a riqueza de sua literatura, teatro, cinema, música, artesanato e outras artes e ofícios que constroem uma das mais fascinantes culturas do mundo.

Nesse sentido a Bahia avançou ao sistematizar uma publicação bem cuidada e pesquisada, com 152 páginas, sobre o turismo étnico afro no estado.

É importante entender as sutilezas e preciosidades da cultura popular, da história e das pessoas que vivem o cotidiano povoado por turistas de todo o mundo. As imagens podem enganar. Esses barquinhos não estão em uma praia isolada da Bahia, mas na sofisticada Praia do Forte.

Entre escunas, lanchas, barcos de pesca, iates e jets, o mar já mostra como essa diversidade e interação entre nativos e visitantes se demonstra e se articula.

Mas o ser humano é fundamental nessa interação. Tanto o nativo quanto o turista precisam se conhecer para se respeitar. Essas crianças na praça de Mangue Seco convivem em torno de um poço comunitário, um barracão para as festas da comunidade, alguns restaurantes e pousadas e a igrejinha com a cruz erguida nessa praça. Entender essa composição cidadã e cultural é fundamental para o visitante melhor desfrutar da região.

O conteúdo do livro é bem fundamentado em termos sociológicos, antropológicos e históricos. Sua estrutura está dividida nos seguintes tópicos:

Os africanos na Bahia - principais grupos étnicos: sudaneses, bantus e islamizados

Religiões da matriz africana - irmandades, Candomblés, religiões anímicas e ecológicas

Festas religiosas e populares

Cultura de matriz africana

Os quilombos - Baía de Todos-os-Santos, Chapada Diamantina e Costa do Dendê

Rebeliões escravas - revolta dos Búzios e revolta dos Malês

Heróica resistência

A cultura negra e o turismo

Resistência cultural

Segmento étnico-afro no turismo na Bahia - circuitos e roteiros turísticos

Dia-a-dia da negra Bahia

Depoimentos

Referências

Essa publicação é um avanço importante nas relações exigentes e complexas que envolvem turismo, cultura e sociedade.

Dados técnicos da publicação:

Turismo étnico-afro na Bahia
Salvador: Fundação Pedro Calmon, 2009 - 152 páginas
ISBN: 978-85-61458-15-7

Secretaria de Turismo do Estado da Bahia - Estrutura
Secretário de Turismo: Domingos Leonelli
Presidente da Bahiatursa: Emilia Salvador Silva
Coordenador do turismo Étnico-Afro: Billy Arquimimo
Assessoria de projetos: Manoel Passos Pereira e Ubiraci Oliveira Silva

Secretaria de Turismo do Estado da Bahia - Contatos
Av. Tancredo Neves, 776 - Bl.B - 8º andar, Caminho das Árvores
CEP 41823-900 - Salvador, BA
gab@setur.ba.gov.br



domingo, 25 de julho de 2010

Museu TAM - Brasil

Um dos passeios mais legais dessas férias foi a visita ao Museu da TAM, em São Carlos, interior de São Paulo (240 Km de SP). É o maior museu do mundo pertencente a uma companhia aérea privada.

É um belíssimo espaço com 20 mil metros quadrados, mais de 70 aviões (originais ou réplicas) e um monte de informações e instalações bem estruturadas que mostram a história de uma das delícias criadas pelo ser humano: o prazer de voar.

Cheguei ao museu com expectativa elevada, mas a realidade superou. O museu está muito bem estruturado, há educadores para atender ao público e o lugar poderia estar em qualquer país desenvolvido (conheço o museu da RAF, em Londres e o National Air and Space Museum, de Washington DC. O nosso não é tão grande, mas se equipara em competência museológica e na riqueza de acervo, o mais significativo da América Latina.

É um prazer flanar por entre as máquinas voadoras que povoaram meu imaginário ...

..., desde os aviões mais recentes, como o Fokker F-100, da TAM, que usei na década de 1990, quando fazia as visitas pelo Ministério da Educação em faculdades de todo o Brasil ...

... até a réplica do pouco conhecido Demoiselle 22, o mais elegante avião que Santos Dumont produziu.
O lugar possui uma luz natural bem aproveitada ...

... e os displays valorizam as peças do acervo, como esse Vought F4U-1 Corsair, com asas dobráveis para ocupar menos espaço nos antigos porta-aviões.

Sempre sonhei em voar nesse avião, uma preciosidade dos céus na década de 1940 mas nunca tinha visto um.

É o Lockheed - 049 Constellation que a Panair do Brasil possuía. Esse modelo, original, foi fabricado nos EUA em 1946 e ficou uns 30 anos abandonado no Paraguai até ser trazido para restauração e exposição. Pena que seu interior esteja vazio. Era um palacete voador intercontinental de seu tempo. Não custa lembrar que a Panair do Brasil foi fraudulentamente levada à falência pelo regime militar, em 1965, para que a antiga Varig fosse beneficiada. Deu no que deu...

Há centenas de miniaturas, maquetes, pequenos componentes do mundo aeronáutico, todas organizadas em uma lúdica exposição.

O F-100 e, ao fundo, o Constellation.

O piloto Milton Terra Verdi, no final de 1969, perdeu-se na Amazônia e fez uma aterrisagem com seu Cessna no cerrado boliviano, um verdadeiro deserto. Seu cunhado morreu uma semana depois mas ele sobreviveu por 70 dias, até morrer de fraqueza e deixar um emocionante diário para sua família que está reproduzido (em parte), no museu. O avião foi recuperado e instalado tematicamente, formando uma homenagem à Terra Verdi.

Outro laço saudoso de nossa história. Ayrton Senna pilotou esse Mirage da FAB, em 21 de março e 1989.

O Gloster Meteor F-8, fabricado em 1952 e serviu à FAB.

O símbolo usado na Segunda Guerra Mundial pela Aeronáutica brasileira.

Segundo a Wikipedia: Senta a Pua! é o símbolo e grito de guerra do 1º Grupo de Aviação de Caça da Força Aérea Brasileira, tendo suas origens na Segunda Guerra Mundial.

O símbolo foi criado pelo então Capitão Aviador, depois Major-Brigadeiro Fortunato Câmara de Oliveira, Comandante da Esquadrilha Azul.


Um poderoso avião para manobras rápidas, o Boeing PT-17, de 1943, parece recém saído da fábrica.

Uma raridade, o MIG 21 soviético, um famoso caça dos tempos da Guerra fria.Há também MIGs 15 e 17 no museu.

Celebridade na Segunda Guerra, o britânico Supermarine Spitifire, de 1943.

Uma pseudo-celebridade: o Airbus 330 que levou a Seleção Brasileira para a Copa, na África do Sul, sendo desmontado para inspeções de rotina. O museu está ao lado do Centro de Manutenção da TAM, em São Carlos (SP). Na época de revisões mais detalhadas os jatos ali ficam alguns dias e saem como novos.

Para encerrar, a frase do astronauta Michael Collins, da Apolo XI, sobre a beleza das viagens espaciais: "Penso que viagens futuras deveriam incluir um poeta, um religioso e um filósofo. Talvez assim possamos dar uma idéia melhor daquilo que vimos." Um dia eu conto para vocês.

SERVIÇO

Horários: de quarta a domingo, das 10h às 16h.
Admissões permitidas somente até às 15h.

Endereço: Rodovia SP-318, Km. 249,5 - CEP 13578-000
A lado do aeroporto de São Carlos, SP

Como chegar: saindo de São Paulo, vá pela rodovia Anhaguera ou Bandeirantes, depois entre na rodovia Washington Luís e use a saída 235-B. A museu fica no Km 249,5, a 14 Km da Washington Luís.

Ingressos: R$ 25,00 por pessoa. Crianças até 6 anos, maiores de 65 anos, estudantes e professores pagam meia.

Se você gosta de aviões não perca. É o melhor passeio em terra que você pode fazer pela aviação mundial.

www.museutam.com.br


segunda-feira, 19 de julho de 2010

Bahia, ultimas fotos e futricas

Na volta de Mangue Seco passamos em Imbassaí (63 km. do aeroporto de Salvador, entre Praia do Forte e Sauípe). Ali perto há também as vilas de Diogo e Santo Antonio, mas as estradas de terra estavam horríveis com a chuva e não fomos. Já chega a volta de Pointal para a estrada de asfalto, quando fizemos um rally no meio do barro. Ainda bem que o Pálio 1.0 que alugamos era marrudo e eu me entendi bem com ele. Sorte dele.

Imbassaí está em desenvolvimento. Belas praias, dunas, uma laguna e um rio, algumas pousadas e restaurantes muito simples (os mais legais estavam fechados), tanto que fomos almoçar na Praia do Forte.

Agora o prefeito de Mata de São João (onde está Imbassaí) deve ser parente do pessoal de São Paulo, que ampliou a Marginal Tietê e a deixou semanas sem sinalização e com obras inacabadas, enchendo nosso saco que já aturamos a poluição e o trânsito, sem precisar de mais problemas. Em Imbassaí fizeram algo parecido. Ampliaram a rua e deixaram ...

... postes bem no meio. Bonito e seguro, não é?

Além dos postes tinha um orelhão que não saiu na foto. Por que não plantar também umas árvores frondosas e colocar uma placa com o nome dos irresponsáveis pela obra, que tanto respeita os motoristas, moradores e turistas?

Olha a diferença de Praia do Forte, ali ao lado. Ruas bem estruturadas, com pouca circulação de carros, com os postes no lugar certo e as calçadas nas laterais.

As ruas principais tem lojinhas, bares, restaurantes, agências de turismo, imobiliárias, artesanato, sorveterias...

... e o agito parece com o das praias mais charmosas e descoladas do Brasil como Paraty, Búzios, Ilhabela e dezenas de outros pequenos paraísos bem trabalhados pelo poder público e pelo setor privado.

Arte popular e artesanato regional tem de monte.

Esse é o símbolo de nossa pousada em Mangue Seco. Boas instalações e gente tranquila e eficiente para cuidar dos hóspedes. Altamente recomendável.

E aí o entardecer à beira do rio Real, em Mangue Seco. Recomenda-se moquecas ou peixadas regadas a caipiras ou caipiroskas, entremeadas do suco da cevada, bem gelado.

Os três agreste boys (eu, Edmur e Eduardo, por ordem de tamanho) em uma das dunas depois que ELES caíram fazendo skibunda. Não caí porque não fiz, não pago UM real para me ralar na areia.

Esse é o embarque em Mangue Seco para terra Caída ou Pontal, do lado de Sergipe, onde ficam os carros estacionados. Vai-se em barco de pescadores. Altamente recomendável e delicioso.

E, finalmente uma corda de aratu, o caranguejo (ou o siri, sei lá) local.

Não é a toa que o José Simão passa suas férias na Bahia, comprou casa por lá e adora o pedaço. Assim como tantos outros lugares deste país, a Bahia tem seus encantos e encantamentos.

Em agosto eu volto para lá, se tudo der certo e os orixás abençoarem. Vou a trabalho, mas mesmo assim é muito bom demais da conta...

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Praia do Saco, Sergipe - a maré destruidora

Fotos e texto: Luiz G. G. Trigo
Clique duas vezes nas fotos para ampliá-las

Posar para fotos em meio a ruínas de belas casas de veraneio, totalmente destruídas pela maré?

Sim, essas são as fotos das casas construídas em frente ao rio Real, quase em seu encontro com o mar, na Praia do Saco, Sergipe, localizada a poucas milhas de Mangue Seco, na Bahia (veja postagens anteriores).

Saímos em uma lancha para conhecer a Ilha da Sogra, ilha do Sossego (em meio ao manguezal) e a praia do Saco, do outro lado do rio, já em Sergipe.

O que me chamou imediatamente a atenção foram as ruínas dessas casas de alto padrão, construídas quase na foz do rio Real. Uma mudança nas marés fez com que o mar destruísse quase todos os empreendimentos ao fim de algumas tempestades com ondas que invadiram as terras.

Essas cenas não são exceção. Ao longo do litoral brasileiro há vários lugares que são suscetíveis às mudanças de marés, correntes marítimas, erosão do terreno ou outros fatores geográficos e climáticos. Mas a especulação imobiliária é tão obtusa que muitas vezes não acredita em planejamento articulado com o meio ambiente.

A natureza prevalece sobre os interesses imobiliários que não respeitam limites ambientais, capacidade de carga ou outros limites naturais.

É uma vasta área que foi abandonada e os destroços das casas largados no cenário, ruínas que hoje causam poluição visual e ambiental em uma das belas praias do Brasil.

Entre o mar e os coqueiros, os destroços de um naufrágio em terra quase firme.

Uma lembrança sobre o que não deve ser feito no futuro.

A praia do Saco tem uma única rua com alguns barzinhos, casas ...

... uma praça com o chão de areia ...

... e uma igrejinha solitária. Ali perto está sendo construída uma ponte que facilitará o acesso a Aracaju, capital de Sergipe. Se quiser conhecer a rusticidade e a beleza selvagem da praia do Saco é melhor se apressar, pois em poucos anos um turismo mais denso tomará conta do local.