sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Entretenimento - uma crítica aberta


Saiu no final de novembro a segunda edição do meu livro Entretenimento - uma crítica aberta (São Paulo: Senac, 2003;2008), em uma versão atualizada e ampliada. O livro completa cinco anos e foi um dos que mais gostei de escrever. Gostei pela temática, que me acompanha desde a infância, pelo que aprendi e pelas discussões que gerou. Esse livro foi minha tese de livre docência na Escola de Comunicações e Artes da USP, defendida em 2003, quase dois anos antes de eu ingressar na universidade como docente.

Pelo menos uns 30% do conteúdo que pesquisei veio através da internet. Durante três anos mergulhei em livros, artigos, revistas, sites e viagens em busca de informação para minha pesquisa sobre os aspectos econômico e cultural do entretenimento. Encontrei os raros Diários de Goebbels num sebo em New Orleans; aproveitei grande parte do material do acordo Disney/Senac-SP que coordenei; vi os parques temáticos da China e da Europa; acompanhei a transformação de antigas áreas urbanas degradadas em centros de entretenimento (Toronto, Buenos Aires, Barcelona, Salvador, Madrid, Lisboa, Berlim); perambulei pelas estrelas do entretenimento (Las Vegas, Cingapura, Dubai); fui a shows, assisti milhares de filmes e peças de teatro e conversei com pessoas ligadas ao mundo das artes, da cultura e do entretenimento.

Deixei a imaginação voar. Usei analogias literárias e ousadas na tese, algo do tipo: o entretenimento é como o sabor de framboesa no preservativo... Tudo pelo lúdico, pelo hedonismo e pelo bom humor. "Why so serious...?"

... e o livro surgiu depois de alguma experiência com outros textos, aulas, palestras e discussões acadêmicas. Faz parte de uma família bilbiográfica e de uma linha de pesquisa que se desdobra no tempo e no espaço. Foi um dos meus livros mais divulgados na mídia: fui ao Jô Soares, saiu matéria no caderno Mais! da Folha SP, no Valor Econômico, Gazeta do Paraná, Diario do Nordeste e em vários jornais e boletins específicos de mídia no país. Hoje, Entretenimento é uma das disciplinas do curso de Lazer e Turismo da EACH-USP, onde sou o professor.

Esta segunda edição veio atualizada e ampliada. O eixo do texto continua plenamente estabelecido e após cinco anos já deu para confirmar algumas tendências apontadas. Vários quadros puderam ser comparados, pela internet, nesse espaço de cinco anos e várias recomendações foram retomadas e ampliadas. Abro o texto com uma referência ao vampiro Lestat, personagem ícone de Anne Rice. Daí, recentemente, a mulher converteu-se ao catolicismo e deixou de escrever sobre vampiros, agora escreve sobre a infancia de Jesus (ainda bem que surgiu a Stephenie Meyer). Tive que explicar aos leitores que Lestat já era mas que sua imagem permanecia válida e lá está ele na prmeira página, com os caninos afiados e sua sede permanente de sangue.

Há outros projetos em andamento, aguarde 2009. O mundo é vasto e o conhecimento infinito, pelo menos até onde a gente entende algo desse universo maluco.

Por hora, fico contente com a segunda geração dessa cria. Faz-me lembrar desde o longo caminho da pesquisa até os momentos da defesa da tese, das brigas com a banca até as lindas flores amarelas que recebi de uma grande amiga no final, após a aprovação.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Livre docência na EACH-USP

O final do ano está sendo pródigo em concurso na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP. Há concursos para novos docentes, semana que vem teremos os dois primeiros professores titulares da Escola e tivemos os concursos de livre docência. A carreira acadêmica nas universidades estaduais paulistas (e algumas outras universidades públicas do Brasil) classifica os professores em especialistas, mestres, doutores, livre-docentes e titulares. A livre docência é um concurso público e exige um tempo deatuação como doutor, produção cientifica e relevância em pesquisa. É o maior titulo acadêmico no Brasil. O concurso de titular, o topo da carreira, exige ainda mais experiência e inserção acadêmica.
O prof. Ricardo Uvinha defendeu sua livre docência nos dias 25 e 26 de novembro. Aí está ele escrevendo sua prova com o ponto: Lazer, turismo e esportes.


Aí está a banca: Nelson Carvalho Marcellino (aposentado da Unicamp e atualmente na Unimep);, Beatriz Helena Gelas Lage (aposentada da USP); eu, em pé; Tizuko Morchida Kishimoto (USP) e Heloísa Helena Baldy dos Reis (Unicamp). É um concurso longo (de 2 a 3 dias) e em quatro fases: aula de erudição, análise do memorial, prova escrita e defesa de uma tese inédita. A tese do Uvinha foi sobre lazer, turismo, esporte e educação na China.

Logo após a defesa, quando a banca considerou o candidato aprovado...

... rolou um coquetel animado. A noite acabou em um bar perto do MASP onde cervejas, risadas e tacos baianos rolaram generosamente.

Semana que vem, no blog, avisarei os resultados do concurso de professor titular. Há cinco candidatos para duas vagas. Tem disputa no pedaço. Obs.: o concurso de livre docência não implica em disputa popr cargo, o candidato disputa com ele mesmo e é aprovado ou reprovado.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

São Paulo do céu, de oeste ao sul

Aterrisar em São Paulo, em um dia claro e com as janelas do avião limpas, é sempre um passeio por entre uma das cidades mais cosmopolitas do planeta. Se for no eixo oeste-sul, ou seja, a partir do bairro da Lapa e Butantã em direção ao aeroporto de Congonhas, a vista é ainda mais impressionante. Do lado esquerdo da aeronave dá para ver os jardins, o espigão da Paulista, o Ibirapuera e Moema. Do lado direito... veja por si mesmo:
Obs.: clicando nas fotos com o lado esquerdo do mouse dá para ver as fotos ampliadas e os detalhes urbanos de Sampa (se o seu computador permitir).
Aí está uma vista bem do alto da USP, a Cidade Universitária, no Butantã. A longa faixa marrom é a raia de remo, ao lado do rio Pinheiros.


O Shopping Villa-Lobos e os prédios residenciais em sua volta. O rio e a raia de remo da USP formam duas faixas de águas turvas.

A imensa área esportiva da USP, o CRUSP e a reitoria, atrás os bosques da Universidade e o bairro Butantã. Eu trabalho na USP-Leste, perto do aeroporto de Cumbica. Ainda esta semana terá uma postagem especial de nossa EACH - Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP. Me aguarde.


O final da área esportiva. Viu como São Paulo tem áreas verdes em alguns lugares?

O Joquei Clube de São Paulo e parte da marginal Pinheiros, excepcionalmente com trânsito rolando solto. Você nao imagina o que é isso pela manhã...

Área nobre residencial às margens do Pinheiros, indo em direção ao shopping Morumbi. Esse prédio bem alto é aquela torre irregular que fizeram acima da altura máxima permitida, a obra foi embargada por um tempo mas depois ninguém falou mais no assunto. É um apartamento por andar. Coisa fina.

Mas não tão fina quanto esse conjunto imobiliário. Enorme, não? É o luxuoso shopping Cidade Jardim, com suas seis torres residenciais no topo. Um apartamento por andar, imóveis de uns dois milhões de reais para cima. O shopping tem as marcas mais famosas do mundo, a Daslu, restaurantes descolados e sorvetes maravilhosos.

O Cidade Jardim visto bem de frente (o avião estava já bem baixo). No terreno do lado esquerdo, já terraplanado, serão construídas três torres de escritórios. Se a crise global deixar. O shopping, as seis torres residenciais e a parte comercial formarão um dos conjuntos imobiliários mais valiosos da cidade. Note que as torres têm 28 andares e o shopping o equivalente a mais uns dez andares. Imagine a vista dos apartamentos situados nos andares mais altos, a quase 40 andares de altura.
Desse ponto, em apenas uns dois minutos, o avião pousa em Congonhas. Fim do passeio.

domingo, 23 de novembro de 2008

Teresina - luz, cor e cultura (II)

Comecemos pelo topo: a comida mais gostosa do nordeste para mim é a torta de caranguejo do Camarão do Elias, vista abaixo em todo seu explendor segundos antes de ser devorada com pimenta, azeite de oliva e uma água de coco gelada (pode ser com cerveja também).

Cajuína é refrigerante local. Num copo grande, com muito gelo é extremamente eficaz contra o calor local.



Detalhes da decoração da rede de restaurantes Favorito (seis unidades em Teresina, todas segmentadas), este especializado em comidas típicas. A gastronomia piauiense é variada: galinha caipira, capote com arroz, linguiça caseira, carneiro ao leite de coco, carne-de-sol, maria isabel e os doces caseiros. E ainda por cima os peixes e frutos do mar. Para ver mais acesse: http://www.favoritorestaurante.com.br/

O artesanato é algo especial. Em cerâmica, madeira, metais ou tecelagem, as peças artasanais nordestinas representam a evolução estética da cultura popular em sua expressão mais profunda e bela.

O encontro das águas dos rios Parnaíba e Poti.


E junto à margem, o restaurante flutuante...


... onde Sanmya, Julia e eu, antes de me levarem ao aeroporto e depois de visitarmos o Polo Cerâmico de Poty Velho...


...comemos esta deliciosa peixada com uma pimenta arretada e uma cerveja gelada.

Este é um dos anjos de Mestre Dezinho. Nascido José Alves de Oliveira, em 1916, no interior do Piauí, o artista passou por uma infância e juventude bastante pobres e, sem estudos, tornou-se um artesão em madeira altamente respeitado, com exposições no Brasil e no exterior. No voo de volta vim lendo seu livro Minha Vida onde a simplicidade e expontaneidade deixam entrever sua capacidade de expressar o mundo através do artesanato em madeira. Boa parte de suas obras podem ser vistas na igreja N. Sra. de Lurdes, no bairro Vermelha de Teresina.

A igreja Nossa Senhora de Lurdes está em obras. Por trás dessa porta simples abre-se uma comunidade que preserva seu passado através da arte do mestre Dezinho e vive seu presente em grande estilo. O Padre Antonio Cruz, pároco da igreja, está instalando ar-condicionado no templo, tem bebedouros para o povo matar a sede no calor e é muito respeitado pela comunidade.

Na porta de entrada, o Espírito Santo. A obra de mestre Dezinho foi bastante danificada e restaurada depois de sua morte. Atualmente é preservada por Kim, o Joaquim José Alves, sobrinho do mestre.

Aí está o padre Antonio Cruz (de costas) conversando som seu rebanho. Nos recebeu bem à vontade, deixou tirar fotos e voltou a cuidar de seu povo.

O conjunto do altar feito por mestre Dezinho, formas e cores que levam a sensibilidade popular ao núcleo da religião estabelecida.

É uma igreja simples e grande, com o madeirame do teto fazendo parte do conjunto artesanal.

Detalhe do altar.

O Polo Cerâmico de Poty Velho, onde artesãos de cerâmica (alguns em madeira) possuem suas lojas, ateliês, depósitos e fornos. D produtor ao consumidor direto, isso garante variedade, escolha e preços ótimos.

Algumas peças ficam nas calçadas, colorindo a rua com seus traços alegres e significativos.

O interior de um dos ateliês onde mestre se ajudantes trabalham na criação de um imaginário moldado em barro cozido.

O barro mole e molhado, modelado por mãos e mentes instigantes, é cozido nos fornos de tijolos.

Peças largadas esperando compradores.

Essas bonecas são o maior sucesso.

Os peixes em tecido e cerâmica foram premiados em exposições de artesanato.

Trabalho e criatividade em equipe.



Aí está o processo manual de moldar o barro.

O motor elétrico é controlado por uma tábua no pé.

Quase pronto.

Pronto para o forno.


Teresina - luz e hospitalidade (I)

Foi uma semana agitada. Começou em Balneário Camboriú (SC), provas na EACH-USP, reunião e palestra em Brasília, na UnB, e encerramento em grande estilo em Teresina (PI), na sexta-feira, 21 de novembro. E nos aviões e hotéis lendo uma tese de livre docência, pois serei banca do concurso (aguarde postagem na próxima semana), trabalhos de conclusão de curso da EACH e da ECA e o último livro do George Soros sobre a crise econômica global (O novo paradigma para os mercados financeiros. Rio de Janeiro: Ed. Agir, 2008). Cansou, mas que foi bom, foi.

Em Teresina fui um dos 19 palestrantes da Feira do Empreendedor, que envolveu setores de gastronomia, turismo, música, design, construção civil, tecnologia digital, indústria, comércio, artesanato e agronegócio. A Feira foi realizada pelo Sebrae do Piauí e apoiada pelo governo estadual, prefeitura de Teresina, Nossa Caixa, Banco do Brasil e Banco do Nordeste. O evento aconteceu em uma imensa área, às margens do rio Poti, chamada Potycabana.


O perfil dos prédios residenciais à margem do Poti, vistos do local da feira.

O interior da igreja de São Benedito, no centro da cidade.

O cruzeiro, na frente da igreja de São Benedito e, ao fundo, o palácio do governo estadual do Piauí.


A fachada da igreja São Benedito sob o sol matinal.


Esta foto foi tirada da cobertura do Metropolitan Hotel e mostra a igreja em sua totalidade.

O tradicional Colégio das Irmãs, em uma das principais avenidas da cidade. Teresina possui vários colégios que foram altamente pontuados no ENEM (Exame Nacional de Ensino Médio), inclusive o Dom Barreto, top do ranking.

Outra vista dos prédios às margens do Poti...


...com o crepúsculo iluminando o skyline. Teresina é uma cidade que se tornou cada vez mais descolada nos últimos anos. Sua gastronomia, artesanato e hospitalidade são imbatíveis. Aliás, o eixo Maranhão-Piauí-Cerará desponta como um dos grandes destinos turísticos nacionais, com o litoral dos Lençóis Maranhenses (MA), Delta do Parnaíba (PI) e Jericoacara (CE) sendo atrativos repletos da luz equatorial e da beleza natural quase intocada pelo ser humano. Espero que a área continue sustentável e livre das mazelas da civilização (que tenha só suas benesses).

Minha palestra foi sobre Turismo e Empreendedorismo e teve um público bem legal, interessado e participativo.

Alunas e alunos de turismo de Teresina, um pouco antes da palestra. A maioria é da Universidade Estadual do Piauí.

O professor Francisco Correia. Comemos um peixe delicioso no Favorito. Ele possui um blog sobre turismo no portal do jornal O Dia: http://www.portalodia.com/blogs/turismologia

A entrada do evento, com recepcionistas e profissionais. O evento foi bem organizado e frequentado por uma multidão de interessados. A entrada era um quilo de alimentos não perecíveis que foram doados a entidades cadastradas.

Velhos amigos: Irakerly Filho (filho da Sanmya), a própria Sanmya Beatriz, turismóloga que me levou pela primeira vez à Teresina, em 2004, e a professora Julia, da Faculdade das Atividades Empresariais de Teresina (Faete). Outra grande amiga é a profa. Catarina, da Faete e do Dom Barreto, não pode comparecer porque está com vestibular e outras atividades, mas nos falamos por telefone. A mãe de Sanmya é Elvira Raulino, é tradicional colunista do jornal O Dia. Uma vez, largado no interior do Piauí a caminho de São Raimundo Nonato com o carro enguiçado e a uns 400 km de Teresina, parei um carro para nos dar carona e o sujeito, super-desconfiado, só relaxou depois que falei que conhecia a Sanmya e a Elvira. Aliás, nem conheço pessoalmente a Elvira, mas ela me livrou de ficar parado na estrada.

Essas são algumas flores típicas do Piaui. As maiores, de baixo, chamam sorvetão (Zingiber spectabile). Há também as Sexy Scarlete, Colinciana, Pandanus, Red opol, Rostrata, Alpinias e Sansevieria. A Feira distribuiu um folheto lindo, explicativo sobre as flores, organizado pela Associação da Cadeia Produtiva das Plantas Ornamentais. Pena que eles não tem um site para você acessar o exotismo e beleza dessas belezas naturais

Na próxima postagem você verá um pouco da cultura local piauiense.