segunda-feira, 5 de abril de 2010

Luiz Trigo, 51 - Vintage I

Poesia: Luiz Gonzaga Godoi Trigo, 1977. O Pássaro

Domingo, 11, faço 51 anos. Ano passado publiquei em fotos os melhores momentos de minha vida. Este ano são os textos. Poucos. Guardei-os em minhas pastas, em envelopes plásticos. Outro dia os revi e pensei que alguns podem ir ao cyber space. O primeiro escolhido é uma poesia que escrevi aos 17 anos de idade homenageando uma paixão que se mantém. É um texto escrito por um garoto., em 1977.



O pássaro

Sob um céu negro e estrelado
Sobre uma planície seca e branca,
Repousa no solo plúmbeo, descansado,
O imponente pássaro multicor.

Sua pele rija, lisa e brilhante
Reflete apossante luz artificial,
Tornando-o uma jóia, um diamante,
Tão doce em seu ninho, tão natural...

Seus servos movem-se incessantes
Polindo, lustrando e alimentando
Aquele ser de nobres semblantes
Que a todos se destaca, solene pairando.

Incontáveis por ele ali estão,
Frenéticos serviçais a lhe adornar,
A cuidar de seu corpo, mente e coração
Valente e belo pássaro multicor.

Todo brilhante, perfumado e colorido
Seu ronronar transforma-se num gemido,
Alto brado que a todos faz recuar
Com um urro que por todos se faz olhar.

Está só agora na planície iluminada,
Todos observam, de longe, humildes,
Cansados e felizes por tê-lo servido,
admirando-o como a um filho querido.

Orgulhoso e rugindo vira-se à multidão
Lentamente, pesado, afasta-se em um turbilhão,
De sons, luzes, vento e poeira,
Sem olhar para trás desliza como sombra ligeira
Forte, ciente de sua meta vital.
Chega a um ponto no horizonte, para e volta-se,
Diminui seu rugir e está pronto para o final.

Toma fôlego, urra mais alto ainda.
Enche o espaço com um som agudo
E começa a deslizar, devagar e aos poucos,
Para mergulhar numa frênesi tal qual os loucos.

Alcança enfim sua mira
Levanta a cabeça, o tronco e as patas,
Erguendo-se no espaço, valente e sereno,
Voa, flutua, suave e ameno.

Leva em seu bojo música e luzes,
Alegrias, tristezas, sonhos e ilusões,
É um ponto luminoso no céu estrelado
Uma estrela a mais, a enfeitar a imensidão.
É um pássaro vivo e pulsante.
É um monumento à tecnologia ...
... é um avião.




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