O filme Fim dos tempos (The happening. Dir. M. Night Shyamalan, 2008) é realmente estranho, como um crítico comentou. Estranho porque a natureza e o planeta onde vivemos são estranhos. Nós somos estranhos. A ciência não dá conta de todo o real, há inúmeros mistérios e coisas que não comprendemos. O mesmo acontece conosco. Somos um complexo de moléculas com reações bioquímicas que não compreendemos na totalidade, a psicanálise que o diga. De repente algo acontece e bum, a gente desmorona.
O medo, no filme, acontece muito por conta de nós mesmos, humanos. O vento é o agente de destruição mas a motivação vem de nós, seres humanos, sem contar o horror daquela gente que vive isolada nos cafundós do nordeste norte-americano: misógenos, jecas, violentos, ignorantes, boçais. Pela literatura e pelo cinema, jamais passaria uma noite num daqueles vilarejos isolados e cercados de florestas temperadas. Desde a literatura de Hoffman, Lovecraft e Stephen King que tudo de ruim acontece naqueles matos desgraçados da América do Norte.
Mas o filme é bom enquanto reflexão sobre o meio ambiente, o que fazemos com o planeta e, principalmente, o que o planeta pode fazer por nós. De bom e de ruim.
Para mim o vento continua a ser algo agradável e sublime, misterioso e enigmático, mas bem diferente do vento do filme, tão repleto de referências à Gaia ou ao panteísmo arcaico. Vale assistir.
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