Texto: Luiz Gonzaga Godoi Trigo, 2015
IV – SERVIÇOS: DO QUINTAL AO PALCO
Servil. Serviçal. Subalterno. “A conversa não chegou à cozinha”. “É a porta dos fundos: Entrada de serviço ou
Saída de serviço”.
Até há alguns anos, esses termos
não eram sinônimo de status ou glamour. Referiam-se a trabalhos
inferiores, menos nobres ou importantes na hierarquia das tarefas humanas.Os serviços possuem uma longa história...
Os serviços nos velhos tempos
Para os gregos antigos o trabalho
era obrigação apenas dos escravos ou dos estrangeiros. O homem grego livre não
trabalhava. As atividades permitidas eram as guerras, a política ou a
administração de suas propriedades.
O mesmo valia para os romanos. O
topo das elites do Império Romano atuava como guerreiro, nobre, administrador
ou sacerdote. No segundo nível estavam os comerciantes, agricultores, artistas,
trabalhadores braçais e serviçais em geral. Na base ficavam os escravos.
Na Idade Média, marcada pelo
poderio da Igreja e das casas imperiais, a nobreza dedicava-se ao ócio ou às
mesmas atividades: treinamento para guerra, alta gestão, alto clero, trabalho
intelectual ou artístico e atividades sociais entre seus pares nobres. No
segundo nível ficavam os burgueses, os artesãos qualificados reunidos nas suas
confrarias, navegadores, o baixo clero e pequenos proprietários. A base social
era formada pelos servos e indigentes que perambulavam pelas estradas e ruas
das cidades.
O surgimento do capitalismo e a
ascensão da burguesia modificaram as relações de trabalho. Em sua primeira fase,
o capitalismo mercantil (séculos 16
a 18) valorizou o trabalho dos comerciantes e
administradores de empresas, financistas e burocratas estatais. A segunda fase
do capitalismo, marcada pela Revolução Industrial (séculos 19 e 20), foi
marcada pelo surgimento do proletariado e pela urbanização acentuada. As pessoas
saíam dos campos para trabalhar – em péssimas condições – nas fábricas
construídas em volta das cidades. No século 20 a classe operária adquire
uma importância histórica. Vista por Karl Marx como a classe revolucionária que
faria a Revolução Socialista, os operários passaram a ser encarados como
agentes de um mundo novo. Agentes do socialismo, na ex-União Soviética (criada
a partir da revolução socialista de outubro de 1917 e extinta em 1991), China e
Cuba, ou agentes do capitalismo, seja em sua forma mais reacionária representada
pela fascismo italiano e pelo nazismo alemão, seja no capitalismo
norte-americano e europeu, mais democráticos e abertos. Homens e mulheres
envergavam seus uniformes, traziam suas ferramentas e operavam máquinas
poderosas para construir um mundo novo.
As feiras mundiais celebravam a
era industrial e a concepção de engenharia da sociedade ganhava destaque,
sustentada pelos princípios do positivismo francês de Auguste Comte. A maior
parte do século 20 foi protagonizada pelos engenheiros, pelos construtores e
operários industriais e por suas obras metálicas e reluzentes. O aço era o
símbolo de uma nova sociedade, mais forte, mais pura e mais rica. Essa era a
ideologia repartida entre liberais e socialistas, ambos os sistemas enaltecendo
a lógica industrial.
Em um segundo, mas importante
plano, estavam os camponeses e os trabalhadores agrícolas cooperativados,
organizados em propriedades coletivas ou individuais de acordo com a ideologia
e propaganda socialista ou liberal.
Finalmente, estavam os
trabalhadores de comércio e serviços considerados como serviçais necessários,
mas parasitários, sem status e
perdendo em importância para os proletários e agricultores, verdadeiros
criadores das riquezas do mundo. Os operários e camponeses transformavam as
matérias primas em riquezas, os comerciantes e serviçais apenas intermediavam
ou ajudavam nas tarefas “menores”: ajudantes gerais, empregados domésticos,
funcionários humildes (no Brasil, chamados “barnabés”), empregados em hotéis,
restaurantes, lojas, hospitais e prestadores de serviços não qualificados.
Isso significa que, no início do
capitalismo, o setor de comércio e serviços era visto como necessário, mas não
tão importante quanto a indústria ou a agricultura. Até a alguns anos atrás, as
pessoas na América do Sul, por exemplo, entendiam que a riqueza provinha
principalmente da terra. O governo de Getúlio Vargas (1930-1945) inovou ao dar
poder aos novos capitalistas industriais, pois antes apenas os fazendeiros do
eixo Rio-São Paulo-Minas Gerais eram beneficiados pelas políticas
governamentais.
Vem daí o preconceito ou a
ignorância histórica em relação ao setor de serviços. A partir de meados do
século 20, surge a terceira fase do capitalismo denominada
monopolista-financeira ou qualquer um dos nomes descritos anteriormente. A
partir das décadas de 1970/1980 as mudanças aprofundaram-se e os serviços
tornam-se fundamentais nas sociedades atuais, especialmente os altamente
qualificados, especializados e marcados pelo conhecimento, aqueles que
originaram as sociedades pós-industriais.
Em um de seus clássicos livros, Service América, Karl Albrecht e Ron
Zemke elaboram os princípios de uma “teoria de serviços” para orientar
profissionais e consumidores nesse campo novo. Retrocedendo na história,
Albrecht aponta que o analista de tendências John Naisnitt marcou o início da
economia de serviços no ano de 1956, quando pela primeira vez na história
norte-americana, os trabalhadores de “colarinho branco” (referência aos gerentes,
técnicos, profissionais capacitados que usavam white collars, ou seja, camisas brancas e gravatas) superaram, em
número, os trabalhadores de “colarinho azul” (referência aos blue collars, trabalhadores da indústria
que usavam os macacões azuis). Nesse livro, na primeira página, Albrecht antecipa
o futuro: “Serviço não é mais um
subproduto industrial, um setor que ‘não gera riquezas mas simplesmente
movimenta o dinheiro’, como um economista bradou. Serviço tornou-se um motor
econômico poderoso em si – o rápido vetor da nova economia americana.” (Albrecht:
1990, p. 1).
É certo que a indústria continua
a ser importante e estratégica para a economia. O diferencial das sociedades
pós-industriais é que a maior parte do PIB (Produto Interno Bruto) e da PEA
(População Economicamente ativa) de um país ou região provém do setor
terciário, de comércio e serviços. Essa mudança aconteceu por causa das novas
tecnologias de informática e telecomunicações que transformaram a antiga lógica
industrial em um sistema mais flexível, pluralista e aberto. As antigas
fábricas viraram plantas automatizadas, os antigos operários pouco qualificados
cederam lugar para técnicos altamente especializados e a linha de produção, com
centenas de pessoas realizando trabalhos repetitivos e monótonos, virou ilhas
de produção dominadas por robôs e controladas por técnicos especializados com
poder de tomar decisões em conjunto com os engenheiros e administradores.
Enquanto isso, essa mesma tecnologia, explodiu em opções de lazer,
entretenimento, sexo, compras, alimentação, viagens, telecomunicações e
diversão. Não há muito tempo livre para todas as pessoas empregadas, há um
desemprego e subemprego, mas o pouco tempo e dinheiro restantes é gasto em
diversão e atividades lúdicas cada vez mais variadas, excitantes e
dispendiosas.
Ampliando o conceito de serviços
Os franceses possuem uma
definição simples e direta: “Benefício
fornecido por uma pessoa, empresa ou organização pública ou privada, de forma
gratuita ou paga e possuem características diversas dos bens físicos.”
Hermel e Louyat, 2005).
O Departamento do Comércio dos
EUA há muito tempo definiu:
O termo “serviços” aplica-se a quatro
grandes setores da economia:
Transportes,
comunicações e serviços públicos;
Vendas
no atacado e varejo;
Finanças,
seguros e mercado imobiliário;
Serviços
– a área que mais se desenvolve, composta por serviços de negócios como
contabilidade, consultoria, engenharia e advocacia; serviços pessoais e
recreacionais; instituições não-lucrativas (ONGs, OSCIPs).
Fonte: Albrecht: 1990, p. 3
A nova conjuntura econômica global
implica em que pessoas precisam entender as novas exigências e peculiaridades
do sistema pós-industrial. Albrecht destaca duas necessidades principais:
- Habilidade de pensar estrategicamente e articular uma sólida orientação para os serviços de acordo com essa estratégia;
- Habilidade de efetiva e eficientemente administrar o projeto, desenvolvimento e entrega do serviço. Isso é muito diferente de administrar produto ou commodity (matéria prima ou produto básico como cereais, minérios, gado etc.).
Existe algum livro que possa
exemplificar tudo isso? Albrecht pensa que sim. Ele indica e adota o livro A hora da verdade, de Jan Carlson.
Realmente o livro é fundamental para se entender como uma mentalidade gerencial
e profissional deve ser orientada para a lógica dos serviços, aquilo que se
denominou posteriormente “gerência de serviços”. Carlson foi o mais novo
presidente de uma grande companhia aérea, a Scandinavian Airlines System (SAS).
Ele enfrentou o desafio de mudar a imagem e os procedimentos – ou seja, a
mentalidade – de uma companhia aérea com dificuldades financeiras e
operacionais e com sindicatos fortíssimos, onde demitir alguém era quase
impossível nos países social-democratas escandinavos, com forte proteção
social. Ele conseguiu erguer a companhia e conta como no livro. Rolim Amaro, na
década de 1990, usou e abusou dos ensinamentos de Carlson na gestão da TAM.
Fernando Pinto saiu da velha Varig e foi para Portugal, no início do século 21,
levantar a TAP, enfrentando realidades similares às de Carlson na Escandinávia.
Se eu tivesse de indicar um único livro sobre serviços indicaria A hora da verdade.
Exercício
– Leia A hora da verdade, de Jan
Carlson. Há uma nova edição em português publicada pela editora Sextante.
Mantenha o livro na cabeceira de sua cama ou na pia do banheiro.
Caso
– Voando com indiferença
A
boa imagem que a velha Varig possuía junto ao público brasileiro era mais por
condescendência dos usuários do que por efetiva competência e eficiência nos
serviços. No Brasil não se fala mal de algumas coisas ou pessoas, e a antiga Varig
era um exemplo acabado de “vaca sagrada”. Seus funcionários tinham tantas
vantagens e facilidades que muitas vezes esqueciam que a finalidade da empresa
era atender e satisfazer os passageiros pagantes e não apenas a “família Varig”,
acobertada pelas facilidades da Fundação Rubem Berta que finalmente a levaria à
bancarrota.
Em
um vôo de São Paulo para Salvador, no início da década de 1990, sentei no corredor
e do outro lado estava um senhor tetraplégico, norte-americano, que não falava
português e tinha uma doença degenerativa grave e progressiva. Estava no Brasil
participando como convidado de um evento na Bahia sobre acessibilidade para
pessoas com necessidades especiais e era vice-presidente de uma instituição
especializada em consultoria para deficientes. Como sei tudo isso? Ele me
contou e começou a conversa perguntando se eu falava inglês, pois precisava que
alguém esvaziasse seu recipiente de líquidos (urina) no banheiro e ninguém na
tripulação falava inglês ou se esforçou para entender o problema do passageiro
especial. Na chegada em Salvador coordenei a retirada do homem já que na
ausência de passarela no aeroporto (na época não havia, hoje já construíram)
foram necessários quatro funcionários para carregá-lo escada abaixo. Com os
ossos atingidos pela doença se ele caísse ao chão teria fraturas que não se
consolidariam. Realmente um ser humano corajoso e disposto a viajar para levar
sua experiência aos outros necessitados. Imagine a imagem que ele levou do
Brasil. Qualidade zero. Nessa mesma época as companhias áreas, hotéis,
restaurantes e lojas dos países
desenvolvidos já possuíam facilidades e acessos para as pessoas com
necessidades especiais. Em 2007, no Brasil, ainda há vários locais públicos que
não possuem esses acessos. Ainda há vários funcionários de serviços, que
supostamente deviam atender bem aos estrangeiros, que mal falam o inglês ou uma
segunda língua. Muitos sequer falam e escrevem corretamente o português.
As características dos serviços
Um serviço é evidentemente
diferente de um produto físico, mas continua a ser um produto com suas
peculiaridades e diferenciais próprios. Suas características marcantes são:
1 –
O serviço é produzido no instante da entrega. Deve ser planejado, mas não pode
ser preparado antecipadamente ou estocado.
2 –
O serviço não pode ser centralizado em sua produção, controle ou armazenamento.
Ele é usualmente entregue no lugar onde o cliente se encontra, por pessoas que
estão distantes da influência imediata do gerente.
3 – O
“resultado final” não pode ser demonstrado, nem uma amostra pode ser enviada
para o consumidor aprovar o serviço antecipadamente. O fornecedor pode mostrar
vários exemplos, fotos e gravuras, mas o próprio corte de cabelo do cliente,
por exemplo, ainda não existe e não pode ser visto na realidade, quando muito
em uma edição informatizada.
4 –
A pessoa que recebe o serviço é intangível, em termos objetivos; o valor do
serviço depende de sua experiência pessoal.
5 –
A experiência não pode ser vendida ou repassada para uma terceira pessoa.
6 –
Se não for apropriadamente oferecido, um serviço não pode ser “refeito” (recall). Se ele não pode ser repetido
(uma festa de casamento, um jantar, um desfile de modas...) as compensações ou
desculpas (muito bem dadas) são os únicos meios de satisfação para o cliente.
7 –
Assegurar a qualidade é algo que deve acontecer antes da entrega do serviço,
muito mais do que após, como acontece no caso de produtos manufaturados.
8 –
A entrega do serviço geralmente implica em interação humana em algum nível;
comprador e fornecedor têm algum tipo de contato pessoal no processo de criação
do serviço.
9 –
O nível de satisfação pessoal com o serviço depende da satisfação com o efeito
ou resultado final. Qualidade em serviço é algo profundamente subjetivo.
10 –
Quanto mais pessoas o consumidor precisa contatar durante a entrega do serviço,
menor será a sua satisfação com os resultados.
Fonte: Albrecht, K e Zemke, R. 1990. pág. 36-37
Para Philip Kotler os serviços
possuem quatro características principais:
Intangibilidade – O serviço não é visto ou tocado, ele é
experimentado, sentido de forma subjetiva (a recepção de alguém em uma loja,
restaurante ou hotel, a maneira de informar ou avisar alguém).
Inseparabilidade – O serviço é indissociável do prestador que os
fornece.
Variabilidade – A qualidade do serviço depende do contexto em que é
produzido e distribuído, das pessoas, meios, ambiente etc.
Perecível – Não pode ser armazenado para ser posteriormente
consumido (o exemplo clássico são as poltronas de cinemas e teatros, aviões ou
ônibus). Ele é consumido simultaneamente à sua oferta.
Essas características dos
serviços são clássicas. Toda uma metodologia e novos conceitos surgiram as
partir dessas considerações básicas e fundamentais.
Experiência, subjetividade,
percepção, intangibilidade, exclusividade, interação e satisfação não são
conceitos simplistas e facilmente assimiláveis. Dependem de um processo na
elaboração do fluxo de serviço e de um processo educacional que garanta aos
seus prestadores um alto nível de qualidade.
Reflexão: por que você pensa
que excelentes profissionais em serviços como governantas de hotéis de luxo;
vendedores de carros sofisticados, iates ou aviões; especialistas em marketing
político ou empresarial; cabeleireiros (as) descolados e célebres; garotas de
programa belas, cultas e caras; analistas financeiros discretos e competentes,
todos esses profissionais levam tempo para atingir um nível de qualidade
elevado? Por que esse tipo de serviço
mais personalizado e especializado depende de um conhecimento amplo,
experiência na área e constante aperfeiçoamento profissional.
Caso:
Os hotéis Kempisnki
“Fundada
na Alemanha, em 1897, a
rede de hotéis Kempinski é a mais antiga e consolidada rede de hotéis cinco
estrelas da Europa. Atualmente, como desde sempre, as propriedades Kempinski
representam os mais elevados padrões e significam luxuosos palacetes, marcos
urbanos diferenciados, resorts
internacionais e refinados recantos na Europa, África, Ásia, oriente Médio e
América do Sul. Cada propriedade é exclusiva, com suas próprias características
e charme, celebrando a herança cultural e histórica de cada lugar. Oferecendo
impecável serviço personalizado, facilidades excepcionais e estilo distinto, a
coleção mundial de propriedades Kempinski satisfaz e supera as expectativas dos
mais exigentes viajantes a lazer ou a negócios.”
Fonte: Folheto “Kempinski Worldwide Collection 2006-2007”, Introdução, p. 1.
“Nós
acreditamos em autenticidade, ‘savoir
vivre’ e estilo de vida. Nós oferecemos mais que apenas relax e bem-estar.”
Fonte: Folheto “Kempinski – Winter 2007-2007 in St. Moritz”, p.54
Obs. Em 2015, a rede Kempinski possuía 78 propriedades no mundo.
Fonte: www.kempinski.com
Para atingir o nível de serviços
em redes de qualidade excepcional como Kempinski, Four Seasons, Ritz-Carlton e
Hyatt, as equipes gerenciais e operacionais passam por um processo de seleção,
treinamento inicial, gestão de recursos humanos e acompanhamento profissional
(com treinamento e avaliação constantes).
Alguns hotéis individuais (não
pertencentes a redes), inclusive de menor porte, seja no Brasil ou no exterior,
também podem atingir altos padrões de eficiência e qualidade, se tiverem
processos administrativos semelhantes, adaptados evidentemente à sua realidade
local e cultural.
A excelência pode acontecer
também em casos de empresas menores, mas com serviços diferenciados, que
garantam uma visibilidade excepcional de suas ofertas para o público, seja
segmentado ou geral. Nas grandes cidades há lojas especializadas em utensílios
de cozinha, equipamentos de som, ferramentas, histórias em quadrinhos,
uniformes para profissionais, artesanato, decoração, jardinagem, alimentação
especial para diabéticos ou macrobióticos, artigos religiosos ou produtos e
serviços para animais de estimação.
Caso:
DEZ exemplos da oferta tradicional e diferenciada de serviços em São Paulo.
A Loja do Chá, no shopping Iguatemi,
vende 250 sabores, como morango com kiwi e mix de ervas verdes da China.
Tudo
começou num pequeno empório de secos e molhados inaugurado em 1926. Nas
gôndolas da Casa Santa Luzia,
desfilam mais de 13.000 itens, entre eles 140 tipos de queijo, frutas secas do
Oriente Médio, arenques nórdicos, minúsculos e valiosos potinhos de caviar de
mais de US$ 500,00 a
unidade.
Em
mais de meio século de existência, o Bolinha
atrai multidões graças a sua suculenta feijoada. Num sábado, o restaurante
chega a servir 600 unidades. Há duas versões: magra (sem pé, rabo nem orelha) e
tradicional.
Num
passeio pela sofisticada Rua Gabriel Monteiro da Silva vê-se o que
há de melhor em decoração.
Com pé-direito alto e arquitetura arrojada, as lojas em si já
são um desbunde.
Só
Veneza e as cidades de Basiléia, na Suíça, e Kassel, na Alemanha, gozam de
prestígio igual. Criada em 1950 pelo mecenas Ciccillo Matarazzo, a Bienal de São Paulo acontece no
pavilhão que leva o nome do evento, no parque Ibirapuera, e funciona como um
termômetro das tendências da arte contemporânea.
A Oliviers & Co., no Jardim Paulista,
vende 25 tipos de azeite. São degustados no local e vendidos em garrafas.
Na Rua Tabatinguara, no centro, existe
mais de uma dezena de lojas com prateleiras lotadas de sabonetes, óleos, sais
de banho, velas perfumadas, saches e flores desidratadas. É, sem dúvida, a
ladeira mais perfumada da cidade.
O Frangó, bar da Freguesia do Ó, utiliza
mais de 120 quilos de frango para preparar suas coxinhas. Para acompanhar essa
delícia, o bar tem mais de 90 marcas de cervejas importadas.
A
papelaria Universitária, na Rua
Maria Antonia, está sempre abarrotada de gente (arquitetos, estilistas,
artistas e estudantes) – e de mercadoria. Nas prateleiras, mais de 300 tipos de
papel.
Numa
estratégia de marketing, as irmãs Mila e Adriana Cabral, que são anãs, abriram
a Casinha Pequenina, no Shopping
Center Eldorado. Há 15.000 miniaturas à venda.
Fonte: Veja
São Paulo, “450 razões para amar São
Paulo”, 21/01/2004.
Cada tipo de serviço envolve
necessidades ou expectativas mais ou menos específicas por parte dos clientes.
Por isso o mercado trabalha com segmentos, estudos sobre motivação, pesquisas
amplas e detalhadas sobre as preferências etc. Tudo para tentar diminuir a
subjetividade e ampliar o espectro de conhecimento objetivo sobre um
determinado campo de serviços mantendo o foco em determinados aspectos
considerados fundamentais ou essenciais.
Exemplos de características valorizadas
pelos consumidores segundo o tipo de produtos ou serviços:
Setores Características
Alimentação Valor
nutricional, ausência de agentes patogênicos, sabor, variedade, ambiente de
venda ou consumo.
Bens duráveis - Durabilidade,
segurança, confiança, serviço pós-venda, nível de ruído, consumo de energia.
Moradia - Durabilidade,
conforto, ausência de ruído, saneamento, proximidade de transportes, de
serviços públicos, de áreas verdes.
Serviços privados - Clareza
dos contratos e das explicações, rapidez de execução, disponibilidade do
pessoal.
Serviços financeiros - Credibilidade
dos conselhos de acionistas, veracidade das informações, solubilidade das
instituições, histórico de mercado.
Sistema de saúde - Limitação
dos riscos, facilidade de acesso, esperança de vida, histórico e organização da
instituição.
Transportes - Pontualidade,
limpeza, conforto, segurança, facilidade de acesso, rotas e tipo de equipamento
utilizado.
Ensino básico/médio - Currículo,
atividades escolares e extra-escolares, relacionamento entre alunos, corpo
docente, instalações.
Águas, ar - Ausência
de poluição, aspecto límpido.
Lazer e cultura - Diversidade
e coerência dos programas e obras, abertura, variedade de opções, nível de
diversão, conforto.
Gestão estatal - Respeito
às liberdades públicas, contribuição à geração de riquezas, ausência de
corrupção ou burocracia, pluralidade social e política.
Urbanismo - Facilidade
de acesso aos bens e serviços, ausência de poluição, planejamento racional e
integrado, segurança pública, civilidade dos habitantes, índice de qualidade de
vida.
Fonte: Baseado
em Coestier e Marette, 2004
Barcelona, vista do saguão do museu de Arte da Catalunha.
O desafio do prestador em
serviços é justamente avaliar, quantificar e compreender as inúmeras diferenças
entre cada tipo de serviço e o contexto no qual eles são prestados. Um mesmo hotel pode apresentar diferentes
tipos de serviços para diversos públicos e períodos. Depende da sazonalidade
(verão, inverno); se os hóspedes estão por lazer, convenções ou são grupos
fechados que fretaram o hotel; das condições climáticas do período; se é um fim
de semana normal ou atrelado a um feriado prolongado; da variação de oferta de
produtos gastronômicos etc. Um shopping
center trabalha com as diversas ofertas ao longo do ano (feriados e férias;
período de início das aulas; época de copa do mundo; Natal, festas juninas ou
Carnaval; dia dos pais, das mães ou dos namorados; ofertas, promoções e eventos
especiais).
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