No Porto, a livraria Lello, localizada na rua das Carmelitas, perto da Torre dos Clérigos, é uma atração especial. Ela é linda. Muita madeira esculpida, com curvas sinuosas, entalhes complexos de madeira e vidraças coloridas.
O acervo é legal, mas não aceitam cartões de débito ou crédito, o que acho um absurdo. Eles pensam que estão em que época do mundo? E não pode tirar fotos, a não ser das nove às dez da manhã. Tem sua lógica. Tanta beleza arquitetônica atrai turistas e deve ser um inferno tentar comprar algo com grupos de turistas buscando ângulos para suas fotos "originais" a fim de serem postadas nas redes sociais do planeta. Enfim, é um lugar para se ver. Eu comprei meus livros na Leya, na rua Santa Catarina, nº 2, onde aceitaram meu cartão Visa. Se você só tem American Express está ferrado na Europa, a não ser nos hotéis e restaurantes, e mesmo assim...
O ponto referencial do Porto é a Torre dos Clérigos, aqui enquadrada numa construção moderna, na praça em frente.
Ali, ao lado, há o complexo das igrejas do Carmo, ao lado da Universidade do Porto. A cidade inteira é um museu arquitetônico, em parte lúgubre, em parte luminoso, mas sempre fascinante.
Visitei tantas igrejas que não me lembro onde vi esse painel no teto (alguém ajuda?). Mas a expressão do Cristo é plena de força e transcendentalidade.
Do alto da Torres do Clérigos vê-se o conjunto geológico e arquitetônico da cidade, com o rio Douro (ah, os vinhedos...) desembocando no oceano Atlântico. Conheci boa parte do Duero, na Espanha, com os amigos Alexandre Panosso e Félix Tomillo. A parte portuguesa continua a tradição do rio que vem da Espanha, com suas boas comidas, vinhos deliciosos e paisagens exuberantes. A península ibérica é mais tudo, Portugal e Espanha formam uma latinidade especial.
Há uma escadaria circular dentro da torre que arrebenta os bofes (pelo menos os da minha idade), mas o visual compensa. Sempre que vejo essas torres subo feliz, porque sei que daqui há alguns anos terei que me contentar em olhar de baixo - a não ser que tenha elevador, grua ou alguém que me carregue, o que acho bastante improvável. Então subi bem contente, aproveitando para queimar o javali com castanhas devorado no almoço e regado a vinho tinto. Aliás, recomendo o restaurante Abadia, com serviço ótimo, comida decente e carta de vinhos digna. Não é caro. Comparando com os preços atuais dos nossos bons restaurantes brasileiros é quase uma pechincha.
A torre faz divisa com essa igreja, com belos telhados restaurados.
O complexo da Universidade do Porto, com sua reitoria e áreas administrativas. As faculdades são espalhadas pela cidade. Há um museu mineralógico, com um monte de rochas brasileiras e uma lojinha descolada. Como também não aceitam cartões, olhei as coisas (compraria uma agenda), mas nada levei.
Fiquei no hotel Mercure, na praça da Batalha. O hotel está acima da estação de comboios (trens) São Bento. Uma viela chega até lá, ao lado de uma outra rua com aclive acentuado. Essa é a foto da viela.
Um lugar famoso é o Café Majestic (aceitam cartões), para se conhecer a arquitetura e tomar algo. É um lugar caro, mas razoável para se visitar.
Vários amigos adoram bicicletas. Na Leya estavam lançando esse livro, escrito por amantes da própria. É da Texto Editores (grupo Leya) e os autores são Laura Alves e Pedro Carvalho.
O trem Alfapendular, expresso (220 km/hora) chega na estação Porto Campanhã. Essa outra estação é a São Bento, a mais central,ao pé do meu hotel. Dali saí para Aveiro. O átrio da estação é decorado com painéis de azulejos azuis (sic) e coloridos. São cenas pastorais, de guerras, das cortes e outras frescuras mais, ligadas às classes dominantes ou à visão idealizada que tinham da pobreza da época. O trem é urbano, mas excelente, demora uma hora e cinco minutos para chegar a Aveiro e passa por umas 15 estações. Seria uma viagem tranquila, não fosse uma família de gralhas lesadas que viajou ao meu lado, falando o tempo todo. Ignorei.
Um recorte urbano visto da estação São Bento. O detalhe é que as quatro (ou cinco) linhas passam pelos tuneis por baixo da colina onde está o Mercure. Isso significa que se você pegar um apartamento legal, terá uma bela vista da cidade (foi meu caso).
Aí está, o túnel, parte da estação e o hotel, lá e, cima.
E assim cheguei a Aveiro. Já fiz várias postagens sobre essa bela cidade, com sua rias (canais), cegonhas que fazem ninhos nos arredores e seus famosos ovos moles (não gosto, mas dizem que são excelentes).
O que gosto mesmo são dos peixes. Almocei no Telheiro, um lugar que sempre oferece comida boa a preços justos. Jantei com o professor Carlos Costa, mas como foi um momento de trabalho não tirei fotos. Amanhã, no evento, fotografarei algo.
À tarde, fui à livraria Bertrand, no shopping de Aveiro, terminar minhas compras.
Esses livros contam a história de Calouste Gulbenkian, o milionário armênio que deixou sua fortuna para formar uma das mais importantes fundações culturais da Europa, situada em Lisboa. Veja o link: http://www.gulbenkian.pt/ A editora da Gulbekian publica clássicos globais a preços módicos e qualidade excelsa.
Miguel Esteves Cardoso é um abusado jornalista e intelectual português, nascido em 1955, que escreveu uns quinze livros, sendo o último Como é linda a puta da vida, um título realmente encantador. Vale saber mais sobre ogajo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Miguel_Esteves_Cardoso
Para quase terminar, nada como Fernando Pessoa, que sempre tem algo a nos dizer e, dizendo, para nos fazer pensar e saborear mais profundamente a puta de nossas vidas.
E para terminar mesmo, hoje saiu essa bela publicidade em todos os jornais portugueses, comemorando a classificação da seleção portuguesa na Copa do Mundo de 2014, com os golos (é assim que se escreve em português de Portugal) fabulosos de Cristiano Ronaldo dos Santos Aveiro, sobrenome igual à cidade de onde escrevo este blog. Amanhã continuamos os trabalhos, com o seminário Gênero e Turismo, onde falarei sobre as origens do machismo.
Um comentário:
Trigo, o Porto é isso tudo e muito mais. Espero que em algum momento possamos degustá-lo juntos. bj Susana
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