Claro que não. Esse tipo de discurso tem cheiro, cor e forma de racismo.
Fui ver o currículo Lattes do Prof. Antonio Natalino Manta Dantas, ex-coordenador do curso de Medicina da UFBA que afirmou que os baianos tem menos condições intelectuais, desancou o berinbau e outras bobagens rastaqueras. Que currículo ruim, hein professor?
O currículo Lattes é um documento público para docentes e pesquisadores. Veja abaixo a cópia que fiz do currículo dele: está dois anos desatualizado (acesso em 05/05/2008). O cara sempre foi um burocrata e tem pouca coisa publicada. Pode acessar pelo link para conferir.
Última atualização do currículo em 22/05/2006 Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/2799698665332386
Vamos aos fatos:
1. Ele, como ex-coordenador (renunciou hoje) deveria ter seu currículo atualizado, pois é obrigação de todo docente ou pesquisador para que as pessoas saibam de suas atividades. Ter o Lattes desatualizado é um mau sintoma para quem está na ativa;
2. Ele tem um perfil bastante administrativo. Pouca pesquisa e publicações. Com 69 anos é um dos antigos da área, devia saber como falar ou não falar ao público;
3. Uma amiga me disse que alguns estudantes da medicina da UFBA teimam em não fazer o provão e isso ajuda a derrubar a nota. Por que ele não chamou a atenção dos seus alunos, se é que isso é procedente?
4. Esse discurso ainda é muito recorrente no Brasil. Revela um racismo, um preconceito encardido, um ressentimento rançoso e uma completa falta de visão mais avançada da sociedade e da cultura.
5. Não há povos ou raças inferiores (mais estúpidas, mais preguiçosas, mais safadas etc.), isso a antropologia já mostrou. Existe o preconceito, a arrogância dos que se acham superiores aos outros, provavelmente porque carregam consigo traumas e complexos do passado. Há manifestações culturais mais complexas ou difíceis de serem criadas e reproduzidas, mas essas manifestações acontecem em todos os segmentos, etnias e classes sociais.
A UFBA já tomou providências. Ele renunciou ao cargo e se desculpou em público. É justo e decente. Burrice é o preconceito. Primitivo é o pensamento, outrora nazista, de que um ser humano pode ser superior ao outro por qualquer motivo (inteligência, genética, força, poder, riqueza, estética...). De resto, o curso de medicina da UFBA que se arranje para ir melhor na próxima avaliação do Ministério da Educação.
Dá-lhe Bahia!
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