Volto
aos Estado Unidos depois de nove anos. A última vez foi em 2005, bem na época do
furacão Katrina. Eu estava longe, em Minneapolis, e vi pela TV a desgraça que
se abateu sobre New Orleans. Nos últimos anos, parte dos eventos acadêmicos deixaram
os EUA por causa na neurose de segurança após o 11 de setembro de 2001. Mas
estão voltando.
Neste
ano acontece em Mobile (Alabama), uma cidadezinha linda no golfo do México, o
congresso da Associação Mundial do Lazer (World Leisure Association):
Embarquei
ontem (sexta-feira) em São Paulo, com a U.S. Airways, uma companhia aérea
antiga que agora foi absorvida pela American Airlines.
Por
ser sexta-feira, fui bem cedo para o aeroporto para evitar congestionamentos.
Não consegui. Mesmo assim cheguei a tempo de observar algumas coisas muito
interessantes.
Embarquei
no Terminal 2, mas tive tempo de visitar o novíssimo e descoladíssimo Terminal
3. Lindo, monumental, eficiente, com boas lojas e ótimos restaurantes. São
Paulo merecia algo assim, já há uns vinte anos. Antes tarde do que nunca. Ainda
faltam alguns detalhes e o famoso monotrilho que está sendo construído passará
por cima da USP-Leste. Se tiver uma estação por ali, eu aposento de vez o carro
em Sampa. A nova linha não chegará exatamente aos terminais, mas enfim, melhor
que nada. Pelo que entendi haverá um sistema de vans que levará os passageiros
da estação aos terminais. Gambiarra. Não entendo a resistência que há no Brasil
em ter metrôs ou trens conectando os aeroportos e as principais cidades. Deve
ser o maldito lobby do petróleo ou a
incompetência cristalizada em antigos preceitos pré-industriais.
Um
detalhe: enquanto não privatizaram o aeroporto e o tiraram das garras da
nefasta Infraero, nada mudou. Em poucos meses a nova empresa PRIVADA já
inaugurou o edifício garagem, o Terminal 3, novos acessos viários e implementou
uma série de novas tecnologias e métodos que facilitam as nossas vidas. A
Infraero é pior que o câncer porque este, pelo menos, evolui...
Mas
ainda falta algo. Meu voo saiu atrasado porque não havia push backs (aqueles tratores que levam o avião para os fingers) para arrastar o nosso jato até
o embarque. Entramos rapidamente na aeronave e então foi o comandante informou,
em um sistema péssimo de fonia, que esperavam algo a ver com o balanceamento do
jato. Decolamos uma hora e quarenta minutos atrasados e perdi a conexão em
Charlotte (SC). Como é sábado e vou para uma cidade pequena (Mobile, lembra?),
o próximo voo era às 20h30. Então tive tempo suficiente para terminar os
detalhes da minha palestra, navegar na internet, almoçar (caranguejos e vinhos)
e curtir a vida aeroportuária local.
Gosto
de ver as pessoas no aeroporto. É um lugar (não-lugar, uma ova, é um lugar sim)
etéreo, fluído (líquido, segundo Bauman), hiper-moderno (Lipovetsky), viajante
(Trigo) e ótimo para se passar umas horas vendo o nomadismo humano.
Em
Guarulhos havia muitos jovens (e adultos jovens) viajando. Sós, em grupos, em
casais, todos com seus celulares, iPods, notebooks e olhares mesclados aos
fluxos e redes, reais e virtuais. Aqui em Charlotte idem. Sinto-me em casa. Ou
estranho, é a mesma coisa.
Mas
mesmo assim há gente estranha. Ontem, por exemplo, vi duas criaturas embarcando
nos voos internacionais com bermudas e sandálias tipo Havaianas. OK, já sou
razoavelmente velho e na minha época existia uma expressão preconceituosa
chamada “pé-de-chinelo”. Mas, kct, viajar de chinelo num voo internacional!
Eram dois jovens (um bem jovem e grotesco, sorry),
viajando separadamente, um deles com a provável genitora. Para mim os problemas
são técnicos. Um aeroporto tem milhares de pessoas com malas, pacotes,
carrinhos e o escambau, seria horrível ter o pé desprotegido esmagado por uma
dessas pessoas muitas vezes ensandecidas porque estão perdendo o voo, ou perdidas
e ansiosas, ou gostariam de se perder no mundo. Depois há a cabine do avião,
ela fica fria durante a madrugada e os pezinhos sofrem, mesmo que tenham casca
grossa dos que se acostumam a trotar com os cascos seminus. Enfim, cada um é
como cada qual e cada qual é como a PQP, como dizem os portugueses, pelo menos
os mais informais (meus colegas acadêmicos de Portugal jamais falariam isso).
Falando em Portugal, veja acima a publicidade no aeroporto de Charlotte sobre o novo voo direto para Lisboa.
Cheguei
em Charlotte, passei na Imigração com razoável brevidade e fui na U.S. Airways
perguntar sobre meu voo, pois chegamos às 10h00 e meu voo decolara às 09h39. A
gentil senhora atendente disse que o computador me remarcou para a cidade “x”
(esqueci o nome, era um voo ao meio-dia), pois o próximo voo para Mobile seria
às 20h30. Perguntei a distância de “x” para Mobile. Ela disse, não sei! Como
estava de bom humor, graças ao stilnox ingerido para dormir naquelas poltronas
torturantes da classe econômica, comentei sorrindo que não decidiria sem saber
a distância entre as cidades, a que era o meu destino e a que o sistema me
mandou. Ela perguntou para um senhor mais experiente e ele respondeu: uma 500
milhas. Encerrei a conversa e concordei em embarcar às oito e meia da noite. Se
fosse inexperiente estaria voando para uns 700 quilômetros longe do meu
destino, e a culpa seria do “sistema”.
Tendo
oito horas pela frente fui ver as possibilidades da cidade no setor de
informações turísticas e decidi ficar no aeroporto mesmo. Avisei o atraso para
os organizadores do congresso (como convidado tenho que informar tudo) e fui
passear pelo terminal.
Por
enquanto estou curtindo o ambiente e escrevendo para o blog. Em algumas poucas
horas embarco para o destino final. Depois conto sobre o evento e a cidade.
2 comentários:
Interessante poder se analisar a cultura mundial a partir de uma espera de conexão em um aeroporto.
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