Texto e fotos: Luiz Gonzaga Godoi Trigo, 2014
As
histórias e suas versões
Toda história possui
várias versões e interpretações. Depende da pessoa, do lugar, do tempo e de
outros fatores. Esta é a minha versão da história do Douglas da Silva Ribeiro,
nosso aluno de Lazer e Turismo da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da
USP.
Ela inclui fragmentos da
parte final de sua vida e da agonia inconsciente na Medical Intensive Care
Unity, no quarto andar do Mobile Infirmary, o melhor hospital regional de
Mobile Bay, capital do estado do Alabama, Estados Unidos. Estivemos juntos em
Mobile de sábado (6 de setembro de 2014) até quarta-feira (10 de setembro de
2014). Ele morreu na sexta-feira, 12 de setembro de 2014. Não nos falamos em
nenhum momento, pois quando cheguei à cidade, por volta das 23h00 do dia 6 de
setembro, ele já estava internado. Mas acompanhei sua agonia por todos esses
dias. Meu amigo, Ricardo Uvinha, ficou até seu falecimento. Sua mãe e uma amiga
chegaram do Brasil horas antes de ele partir, após uma semana tensa e difícil.
Mas vamos a seus últimos dias.
Douglas foi levado ao
hospital na noite de sábado, 6 de setembro de 2014. Um dia antes, decolara de
São Paulo, com a United Airlines, em sua segunda viagem internacional. Com
apenas 20 anos (nasceu em novembro de 1993), Douglas realizava o sonho de
construir lenta e solidamente uma carreira acadêmica pesquisando as relações
entre o turismo e as questões sociais. Sua pesquisa sobre a percepção do
turismo pelos habitantes das comunidades de Paraisópolis e de Heliópolis,
localizadas na periferia de São Paulo, foi apresentada em várias escolas de São
Paulo. Depois em Potsdam, Alemanha (no primeiro semestre de 2014) e seria
apresentada em Mobile. No próximo outubro, ele iria a Portugal, em sua terceira
viagem internacional do ano. É um respeitável acervo acadêmico a ser inserido
no Currículo Lattes e uma série de edificantes experiências a serem vivenciadas
por um jovem ainda na fase da graduação universitária.
Magro, alto, leitor
assíduo, participante interessado nas atividades acadêmicas, de família
humilde, muito correto, amável e respeitoso, Douglas conquistava as pessoas
pela simplicidade e clareza de princípios e ideais. Conversei com ele quando
voltou da Alemanha e fui um dos professores a dar ideias de como ele poderia
desenvolver suas pesquisas, seu sonhos,
sua curiosidade perante a vida e o mundo.
O
congresso
Enhancing
the Human Condition foi o tema geral do congresso da World
Leisure Organization (WLO), realizado entre 7 e 12 de setembro em Mobile Bay ou
simplesmente, Mobile, no amplo e recente Centro de Convenções da cidade.
A condição humana é um
tema caro aos filósofos e literatos. Hannah Arendt e André Malraux escreveram
livros com esse título. Muitos outros autores, artistas, músicos e pessoas
comuns refletem e admiram as facetas de nossa condição, que se estende pela
multiplicidade existencial, paradoxal, fantástica e contraditória de homens e
mulheres, pela vida e pela morte. Por vias transversas e paradoxais, a condição
humana de Douglas foi enaltecida ao longo do evento. Sua ausência física
tornou-se uma presença que ganhou corpo na mente e no coração das pessoas, além
de povoar o espaço digital de seus amigos, familiares e admiradores.
Cada dia do congresso
teve um subtema específico: “Saúde e bem estar”; “Desenvolvimento econômico”; “Questões
ambientais”; “Tecnologias emergentes nos campi norte-americanos”; “Artes, cultura, esportes e recreação” e “Construindo
uma cidade sustentável”.
O programa do
congresso, ao longo de suas 88 páginas, apresenta os 35 conferencistas, os 10
palestrantes convidados e as centenas de apresentações e pôsteres. A apresentação de Douglas seria
feita na tarde de quinta-feira, 11 de setembro de 2014. Seu subtema foi Artes,
cultura, esportes e recreação, na sessão 9,
ABS228: Private Projects –
Contributions to Guarantee the Right of Access to Leisure Through Social
Business and Social Entrepreneurship. Author: D. Silva Ribeiro. Track: Access and Inclusion, página 68.
Acesso e inclusão.
Douglas era um dos exemplos de como a escola pública e programas acadêmicos
meritocráticos, aliados a auxílios financeiros públicos ou privados, podem
desenvolver habilidades, talentos e capacidades nas pessoas que possuem uma
visão, um sonho, têm recursos intelectuais e o caráter, mas não necessariamente
os recursos materiais suficientes para decolar rumo à carreira desejada ou
implementar projetos.
Ele foi à Alemanha e
aos Estados Unidos porque aprendeu inglês (e ainda o aperfeiçoava), entrou em
uma universidade pública, fez amigos entre os colegas e professores, mostrou ser
capaz de alavancar suas ideias e de trabalhar em equipe.
Para viabilizar sua
primeira viagem à Alemanha, foi organizada uma coleta virtual. Não devo dizer
os nomes, porque todos me pediram anonimato, mas foram pessoas com muita
sensibilidade e articulação profissional que bancaram a ideia, e assim Douglas
descobriu a Europa. Para ele viajar era necessário o mérito, pois seus
trabalhos precisavam ser submetidos e aceitos pelo congresso para que ele
pleiteasse o apoio financeiro. Mas isso ele fazia bem, pois estudava seriamente
e sabia organizar seus textos e pesquisas. Reconhecido, ele agradecia à sociedade (nos chamava assim pelo Facebook) e se divertia com suas novas
possiblidades intelectuais e existenciais, que descobria a cada conversa,
leitura, viagem...
Sábado
fatal
Ricardo Uvinha, meu
amigo e colega da EACH-USP, é o único brasileiro no board da WLO, atuando como o
vice-presidente. É homem de confiança do presidente, o canadense Roger Coles.
Christopher R. Edginton (EUA) é o secretário-geral e Andrew Willians (Reino
Unido), o tesoureiro. Uma equipe de 16 membros de vários países compõe o
conselho da entidade.
Fui um dos
conferencistas, convidado para falar sobre América Latina e Brasil, e abordei o
cenário geral de suas culturas, lazer, turismo e entretenimento.
Douglas e eu embarcamos
para os EUA em São Paulo, na sexta-feira à noite, mas não nos encontramos no
aeroporto, pois ele voou com a United e eu com a U. S. Airways. Uvinha já
estava nos Estados Unidos para participar de reuniões preliminares.
O voo de Douglas saiu
no horário, e ele pegou sua conexão (em Dallas) para Mobile no horário,
chegando no início da tarde. Meu voo atrasou consideravelmente em São Paulo e perdi a conexão. Aterrissei
às 10h00, em Charlotte e o outro voo saíra às 09h39. Como era sábado, só haveria
outro voo às 20h30. Foi um longo dia no aeroporto, como relatei no blog (post anterior). Comuniquei-me com ele pela internet e pedi que
avisasse ao pessoal local meu atraso. Ele comentou, brincando, que faria um
comitê de recepção para mim.
Meu voo atrasou ainda
mais. Só às 21h20 fomos para o CRJ200, um jato médio (50 lugares) da Bombardier. Na pista,
perguntei da minha mala, despachada desde cedo. O funcionário disse haver uma
mala perdida, proveniente de São Paulo, que devia ser a minha. Tomamos nossos
assentos, e o comandante avisou que uma forte tempestade se descolava nos
arredores de Mobile, se chegasse à cidade voltaríamos para Charlotte. Cansado,
suado, chateado pela mala, fiquei tenso com a possiblidade de voltar àquele
aeroporto onde passara doze horas. É um aeroporto amplo, mas doze horas cansam
bastante. O jatinho subiu em direção ao céu escuro. Havia mais gente a bordo
indo ao congresso, mas alguns lugares ficaram vazios. Esperei as turbulências
que nunca vieram. Às 23h00, pousamos suavemente no pequeno aeroporto de Mobile.
Éramos o último voo. No setor de bagagem, estava minha mala, mas em esteira
diferente da indicada para meu voo. Nem quis saber o que houve. Peguei um táxi
com um canadense que ia para o congresso e fomos para a cidade. Ele estava em
outro hotel e eu no hotel principal do congresso, o Battle House Renaissance.
O professor Ricardo Uvinha me ligou ao
chegar ao hotel e ainda bebemos uma cerveja no bar da esquina, onde tocavam um rock bem doméstico e old fashion. Como no domingo eu estaria
só, pois Uvinha teria reunião do board,
antes de dormir (pela uma da manhã) mandei uma mensagem pelo Facebook ao Douglas, convidando-o para
almoçarmos no domingo. Ele nunca respondeu. Sequer leu a mensagem.
Como ele postara fotos
de seu primeiro passeio e comentado de novas amizades, pensei que estava
enturmado e fui andar pela área. Acabei indo à missa na bela catedral católica
da cidade.
À tarde, pelas 15h30,
Uvinha me ligou dizendo que estava no hospital e que Douglas se afogara na
noite anterior. Foi um choque devastador. Ele voltou ao hotel e conversamos a
respeito. Os informes médicos (orais) já relatavam que os danos cerebrais eram
extensos e irreversíveis, pois ele ficara muito tempo (cerca de cinco a seis
minutos?) submerso. Segundo eles, outros órgãos também estavam comprometidos
devido à falta de oxigênio e ele ficaria acoplado a equipamentos de manutenção
da vida, totalmente inconsciente.
O
drama
Douglas viajou de
maneira independente, sem apoio formal da USP. Isso é comum, pois vários alunos
ou docentes são convidados para participar de eventos no Brasil ou no exterior.
Eu também viajei sem apoio da USP, pois fui convidado pela organização do congresso.
Claro que as saídas internacionais dos docentes dependem de autorização e de
afastamento oficial, algo que sempre providenciamos com antecedência. No caso
dos alunos não há necessidade de qualquer autorização prévia, mas claro que
eles nos avisam de suas viagens. Evidentemente, mesmo que Douglas estivesse por
sua conta, tinha todo o nosso apoio pois estávamos no mesmo congresso.
A pessoa que Douglas
conheceu ao chegar ao aeroporto foi a voluntária Ester de Aguiar, uma senhora brasileira que mora há bastante tempo
nos EUA e acabou sendo fundamental na história toda. Ela o viu sozinho, no
aeroporto, tinha espaço no seu carro e deu-lhe uma carona ate o hotel Quality
Inn, onde tinha reserva. Deu-lhe as informações gerais sobre a cidade,
conversaram muito e ela o levou para jantar em um restaurante indiano, fato que Douglas comentou entusiasmado no Facebook.
Depois ela o deixou
novamente no hotel e, a partir desse momento, só há fragmentos de informações,
ou suposições do que aconteceu. Ele teria aproveitado a noite quente de final
de verão para ir à piscina, situada em uma área em frente ao seu apartamento, o
de número 118, no andar térreo. Como muitos hotéis e motéis dos EUA, a piscina
é cercada por grades baixas, com um portão que qualquer um abre, sem vigilância
eletrônica ou guarda-vidas, com as usuais placas de proibições (comer, beber,
fazer bagunça etc.) e determinação do horário de uso. E muitas piscinas são
fundas. Essa, por exemplo, tem oito pés de profundidade (2,5 metros). Como
Douglas, segundo informações indiretas, não sabia nadar muito bem, teria ido à
parte funda da piscina e se afogado.
A professora Suzy Ross, da San Jose State
University, na California, e alguns participantes do congresso (estudantes) que
estavam hospedados foram os primeiros a socorrê-lo, mas não imediatamente. Suzy
fez os procedimentos emergenciais e logo depois chegou a ambulância que o levou
ao hospital. A polícia local também chegou e pegou o depoimento de todas as
testemunhas presentes. Por volta das duas horas da manhã, a polícia levou todos
os pertences do Douglas (uma mala e uma mochila) para sua sede administrativa,
onde ficaram sob guarda das autoridades.
Um
detalhe importante: as análises clínicas feitas no
hospital revelaram que não havia marcas de violência no corpo e nem traços de álcool
ou drogas em seu sangue. Nada de se espantar para quem o conhecia, mas isso é
importante para as autoridades e para sua memória.
Como o dia seguinte era
domingo, os policiais provavelmente demoraram a encontrar os documentos que
mostravam que aquele jovem brasileiro estava em um congresso naquela semana, na
cidade. Ao constatar o fato, contataram o Centro de Convenções que, por sua
vez, contatou a organização do congresso, que estava justamente em reunião no
local. Foi assim que Uvinha recebeu a notícia, mas apenas no início da tarde, e
imediatamente foi levado ao hospital e depois me ligou.
No final da tarde, no
hotel, organizamos os primeiros procedimentos (contatar sua família no Brasil,
avisar a direção da EACH – USP, contatar nossos colegas professores etc.).
Então redigimos a primeira nota
publicada no Facebook, no início da noite de domingo, 7 de setembro de 2014:
"Caros
familiares e amigos do querido Douglas Ribeiro; colegas e docentes da EACH-USP,
Recebemos
a informação de que ontem à noite (sábado), por volta das 21h00, o Douglas teve
um acidente na piscina do seu hotel em Mobile, Alabama, EUA. Foi levado para o
hospital Mobile Infirmary, onde se encontra internado na UTI em coma profundo.
Ele
veio participar do congresso da World Leisure Organization, onde tinha trabalho
aprovado. Viajava independente e estava só no momento do acidente. Soubemos do
ocorrido apenas hoje à tarde, pelas autoridades, pois estamos hospedados em
outro hotel.
Assim
que soubemos do ocorrido, contatamos a família por telefone e e-mail. Temos
total apoio das autoridades locais, bem como dos membros da organização do
congresso e da equipe operacional.
Acompanhamos
o caso de perto e aguardamos outras notícias. Pedimos que torçam – e rezem –
pela sua recuperação.
Ricardo
Uvinha
Luiz
Trigo"
A partir daí, foram os
dias de agonia e suspense, enquanto seu quadro clínico piorava constantemente,
mas os médicos não podiam dar certeza de nada. Douglas nunca recuperou a
consciência. Claro que não podíamos adiantar qualquer tipo de cenário médico
sobre o caso, apenas ajudar nos procedimentos e manter informações sobre o
estado de saúde do Douglas, baseados nas declarações médicas.
Solidariedade
Foram dias de agonia,
mitigados imensamente pelo inestimável apoio que a organização do congresso e a
comunidade local nos deram em todos os momentos. Jim Ellis, um professor aposentado e voluntário no congresso, ficou
direto conosco. O casal Maria Estela I.
Dorn e Weems C. Dorn Junior
(também voluntários) foi de grande valia em vários contatos e também nos
acompanhou ao hospital, à delegacia e em outras movimentações pela cidade. O professor Richard L. Hayes, da University
of South Alabama, esteve à frente da comunidade local que nos amparou. A
detetive Sylvia B. Naman e o sargento
John Angle, da polícia local, nos
receberam na delegacia para permitir que pegássemos uma cópia do seguro, do
passaporte e outros documentos do Douglas. Esses documentos eram fundamentais
para contatarmos o seguro e informarmos as autoridades brasileiras e
norte-americanas com os números do passaporte e do visto americano.
Na delegacia,
analisando os papéis, vi a reserva da TAP para a viagem a Portugal e uns quatro
ou cinco livros, pois ele sempre estava lendo algo. Como foi triste ver uma
vida planejada se esvaindo, aos poucos, em uma UTI estrangeira.
O hospital é excelente
e sua equipe demonstrou uma humanidade relevante. Todas as vezes que lá fomos,
entramos imediatamente na UTI do quarto andar (denominada MICU – Medical Intensive Care Unity) e sempre
algum médico vinha falar conosco. Uvinha e eu nos identificamos como
professores do Douglas e fomos tratados como seus familiares.
Por outro lado, no
Brasil, uma imensa teia de solidariedade foi articulada pela administração da
EACH-USP (e da própria USP central), por professores e alunos de todos os
cursos, familiares, pessoas da
comunidade onde Douglas residia e da Igreja da qual participava. Na terça-feira,
encontramos o pastor Roberto Luis Boselli,
um arquiteto que vive há dez anos em Orlando (Flórida), pertence à mesma igreja
do Douglas e família e pegou um avião só para ver como estava o rapaz que ele
viu apenas uma vez na vida em uma viagem a São Paulo. Jantamos e conversamos muito
sobre tudo o que aconteceu.
Na quarta-feira, tive
que vir a New York onde tinha outros compromissos. Roberto voou comigo até
Charlotte, onde nos separamos para nossos respectivos voos. Uvinha ficou em
Mobile, esperando a chegada da mãe do Douglas, a Sra. Luciane, e de sua amiga, a Sra. Rita. Sua mãe chegou sexta-feira, horas antes dele falecer.
Morreu assistido por sua mãe, pelo professor Uvinha e por seus novos amigos da
comunidade de Mobile. A vinda de sua mãe e acompanhante aconteceu graças à
mobilização da comunidade em São Paulo.
No Brasil, sua história
foi pauta de várias matérias em jornais e na televisão, além de ser o centro de
orações e votos de recuperação por parte de milhares de pessoas. Gente que nem
conheço me contatou pelo Facebook, desejando a recuperação de nosso aluno.
Foi uma das semanas
mais tristes que vivi. Não comentarei mais sobre isso, a não ser que me orgulho
de ter sido professor do Douglas Ribeiro.
Deixo aqui o
agradecimento e o reconhecimento a todos e todas que nos deram o apoio. Vários
nomes não foram citados por falha de minha memória ou pela pressa em escrever
esse testemunho, mas deixo claro o meu agradecimento por todas as pessoas
envolvidas, desde Mobile até São Paulo e outras comunidades articuladas nessa solidariedade
internacional.
Agradecimentos especiais (inserção em 22 de setembro de 2014):
Dr. Ellis, Mrs. Dorn, and Ester de Aguiar were also supported by the Mobile International Festival Community (http://www.mobileinternationalfestival.org/) who assisted with contacts with the local city administration, hotels, restaurants and other members of the community who came together to offer their support in the days after the incident, through the family's stay and departur on September 16 and in the preparation for the return of Dougla's remains to Brazil after all the final documentation and preparations are made (expected to be around October 15).
Dr. Ellis, Mrs. Dorn e Ester de Aguiar tiveram apoio da Mobile International Festival Community que os assistiu nos contatos com as autoridades locais, hotéis, restaurantes e outros membros da comunidade que se uniram para oferecer todo o apoio e atenção nos dias que se seguiram ao acidente, acolhendo a família do Douglas até o dia 16 de setembro e toda a complexa preparação para envio dos restos mortais ao Brasil. Esses procedimentos exigem documentação e procedimentos que demoram dias. O envio do corpo é aguardado para meados de outubro.
Os agradecimentos também são destinados aos alunos e alunas do curso de Lazer e Turismo da EACH-USP, assim como o corpo de vários cursos da EACH, a Direção da unidade e equipe, representada pelas Profas. Cristina e Neli. O setor de assistência social da EACH, assim como outros órgãos da Universidade, igualmente contribuiu - e contribui - para que as diversas formalidades sejam atendidas.
Agradecimentos especiais (inserção em 22 de setembro de 2014):
Dr. Ellis, Mrs. Dorn, and Ester de Aguiar were also supported by the Mobile International Festival Community (http://www.mobileinternationalfestival.org/) who assisted with contacts with the local city administration, hotels, restaurants and other members of the community who came together to offer their support in the days after the incident, through the family's stay and departur on September 16 and in the preparation for the return of Dougla's remains to Brazil after all the final documentation and preparations are made (expected to be around October 15).
Dr. Ellis, Mrs. Dorn e Ester de Aguiar tiveram apoio da Mobile International Festival Community que os assistiu nos contatos com as autoridades locais, hotéis, restaurantes e outros membros da comunidade que se uniram para oferecer todo o apoio e atenção nos dias que se seguiram ao acidente, acolhendo a família do Douglas até o dia 16 de setembro e toda a complexa preparação para envio dos restos mortais ao Brasil. Esses procedimentos exigem documentação e procedimentos que demoram dias. O envio do corpo é aguardado para meados de outubro.
Os agradecimentos também são destinados aos alunos e alunas do curso de Lazer e Turismo da EACH-USP, assim como o corpo de vários cursos da EACH, a Direção da unidade e equipe, representada pelas Profas. Cristina e Neli. O setor de assistência social da EACH, assim como outros órgãos da Universidade, igualmente contribuiu - e contribui - para que as diversas formalidades sejam atendidas.
Abaixo, algumas fotos
que ilustram, um pouco, os lugares dos últimos dias de nosso querido Douglas da Silva
Ribeiro (*1993 - +2014).
A cidade de Mobile é pequena, possui poucos prédios e cerca de 400 mil habitantes espalhado em uma grande área.
O totem de boas vindas ao congresso da WLO, no aeroporto regional de Mobile.
O totem de atividades do primeiro dia (segunda-feira, 8 de setembro) no saguão do Centro de Convenções.
Corredor do saguão do Centro de Convenções de Mobile.
O Quality Inn Downtown Historical Dsctrict em Mobile, Alabama. A piscina fica no centro do edifício.
Site do hitel: http://www.qualityinn.com/hotel-mobile-alabama-AL045
É um hotel simples. Como na maioria dos hotéis norte-americanos, a piscina é um equipamento considerado opcional e com utilização sob responsabilidade exclusiva dos hóspedes, conforme mostram as regras de utilização.
A parte mais funda tem oito pés (2,5 metros de profundidade) e está demarcada...
... assim como as outras áreas mais rasas da piscina.
Uma simples corda estendida separa parte mais rasa da parte mais funda.
Uma grade baixa isola a piscina, de uso exclusivo dos hóspedes.
O quarto do Douglas, interditado pela polícia após o acidente, mas sem nenhum aviso ou restrição. Tirei a foto do lado de fora, pois a entrada fica terminantemente proibida.
A Catedral Basílica da Imaculada Conceição, principal templo católico de Mobile onde, no domingo, 14 de setembro, às 10h30, foi celebrada uma missa pela comunidade local em memória do Douglas Ribeiro. Outros serviços foram realizados em igrejas evangélicas.
11 comentários:
Caro amigo Luiz, nos conhecemos em condições absolutamente atípicas mas certamente havia um propósito nesta história toda - Triste mas repleta de ações, e que neste teatro da vida de alguma forma aprenderemos algumas lições a nós deixadas.
Fica meu abraço e a esperança de vê-lo em breve no Brasil juntamente com os alunos queridos que você tanto estima.
Professor Trigo, venho seguindo seus posts no facebook com momentos importantes na vida acadêmica e com amigos, porém essa história que ocorreu com seu aluno é realmente muito triste e me deixa tocada pelo modo tosco que ocorreu, ceifando a vida de um menino cheio de vida e planos, além de me colocar na posição da mãe dele, pois tenho 2 filhos, um deles na idade do Douglas. É imensurável a dor de uma mãe quando algo de ruim acontece ao seu filho, mas deve ser a morte em vida, quando seu filho parte antes.Deixo aqui meus sinceros sentimentos de solidariedade, comoção e tristeza pelo falecimento de Douglas. Que Deus guarde-o em um lugar especial, merecido por ele, pela pessoa especial que foi em vida.
Trigo:
Sei o que deve ter passado nestas angustiantes horas, e como ficamos tocados com a morte de alguém tão jovem, buscando seus ideais, lutando para alcança-los...
A vida é tão curta, breve, + nesta circunstância interrompida abruptamente, nos deixa a extensão da brevidade, como que momentos partilhados, ficaram gravados na nossa lembrança...
A dor da família, dos amigos, dos professores, e até a minha, que fui as lágrimas, pois acompanhei seus relatos, e me emocionei ao saber que partiu jovem, cheio de sonhos, feliz com certeza, por ter realizado parte deles, e os outros ceifados com ele...
Meus sentimentos a família e um forte abraço meu Trigo, e que te conforte.
Trigo, li todo o relato do acontecido. Lamentamos profundamente e somos solidários a todos quantos se envolveram. Também sou professor de turismo e viajo constantemente com meus alunos e sei o que pode acontecer. Abraço a vc e cumprimentos por informar tão bem a gente pois o Douglas, embora fosse da USP, representava os estudantes de turismo do Brasil.
Prof Trigo que delicadeza neste depoimento. É uma homenagem à altura de uma pessoa como Douglas.
Belas palavras, bela homenagem... A linha da vida é tão tênue que as vezes se perde em nossos próprios sonhos. Ele lutou e isso já é um grande exemplo para todos nós.
Caro professor, tive oportunidade de conhecer o Douglas na Igreja que frequentávamos. Eu e meu marido, estamos muito entristecidos com o ocorrido, pois sabemos muito bem o que é a dor da perda, pois há 6 anos, perdemos nosso querido filho, também num acidente.
Mas o que mais me chamou atenção em seu depoimento é o "detalhe importante" que você escreveu sobre o resultado das análises clínicas feitas pelo hospital e que revelaram que o Douglas estava "limpo" e que isso era "muito importante para sua memória".
Eu sei muito bem o que isso significa e o que você quis dizer com este "detalhe importante".
Meu filho, simplesmente, dormiu no volante.
Durante nosso período de maior dor, você não imagina o que passamos, as barbáries que ouvimos sobre este "cochilo" que ele deu no volante. As análises clinicas de meu filho levaram 40 dias para sair e comprovar que ele estava "limpo", mas eu passei 40 dias no anonimato, com vergonha, com tristeza, com dor no coração por causa da incerteza que foi colocada em minha cabeça.
Graças a Deus, que existem pessoas como você, que entendem as maldades das pessoas e que esclareceu com antecedência sobre este detalhe tão importante para os outros.
Que este detalhe não seja mais uma dor e um fantasma que a mãe do Douglas tenha que enfrentar, graças a Deus.
Professor Trigo,
O Douglas foi meu orientando no Programa "Ensinar com Pesquisa". Lembro-me que a primeira vez em que sugeri que ele escrevesse um artigo para apresentação no SIICUSP, ele me perguntou: você prefere que eu escreva em inglês ou português? Vocês podem imaginar minha surpresa...Desse dia em diante, foram só surpresas boas do valoroso e alegre Douglas. Ele sabia que tinha um papel social e, em agosto, havia me enviado um email mostrando o quanto estava se empenhando para compartilhar seu exemplo com alunos de outras escolas e mesmo dentro de sua comunidade. Dentre muitos dos seus sonhos, uma vez ele me revelou que gostaria muito de tirar sua mãe do lugar onde morava e levá-la para um lugar melhor.Infelizmente, isso ele não conseguiu mas, com certeza, conseguiu ser um exemplo de inclusão por meio da educação, mesmo em condições socialmente adversas. Obrigada pelo seu tão cuidadoso depoimento.
Triste acidente nessa nossa misteriosa vida. Quantas perguntas nos ficam, mesmo a nós que nunca tínhamos nem sequer ouvido falar do Douglas. Dor, sofrimento, aperto no coração, desejo de poder entrar do outro lado desse mistério e entender como se tecem os seus fios. O relato do prof. Trigo, por um lado, tão bom, nos leva a querer bem ao Douglas, e, por outro, me leva a constatar a opção fundamental de vida dele mesmo, Trigo, opção pela VIDA. Lembrei-me do bonito filme "A Partida". O Amor se move em nós e produz a beleza e delicadeza do relato e sempre será capaz de ultrapassar nossos limites. A vida tem futuro. Geraldo
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