Você sabia, por exemplo, que quando se coloca no Google Imagens a palavra "grosseria" ou "groseria" (em espanhol), surge firme e forte a foto do Maradona? Entendeu o que eu estou falando? Gente assim vira referência não muito louvável, apesar de ter quem goste. Enfim, mau gosto não se discute, lamenta-se. Mas temos grosserias e inconveniência de monte em nosso próprio país para nos preocuparmos com os outros.
Criança mal-educada é outro bom exemplo. É culpa da criaturinha ser um estorvo social? A maior responsabilidade é dos pais ou deseducadores que não sabem - ou não querem - educar devidamente. Aí a prole vira uma chatice no shopping, elevador, na casa dos outros.
Se você mora em um condomínio, provavelmente há medidas consideradas normais como prender o carrinho de supermercado numa corrente que só é liberada se a gente deixar um cartão com o numero do apartamento; cartão de identificação do carro para que não usem mais garagens do que de direito; regras para uso de piscinas e outras áreas comuns; horários e dias para reformas, barulhos e mudanças; definições sobre mudanças de fachadas e uso das varandas; e multas para quem não cumprir tudo isso. E às vezes há brigas porque alguns não cumprem essas regras.
A pergunta é: por que não respeitam regras e normas que já estavam no contrato de compra ou aluguel do imóvel ou foram votadas em assembléias de condôminos para garantir o bom uso dos espaços públicos e privados? Por falta de educação comunitária, por acharem que são melhores que os outros, por egoísmo puro ou porque suas neuroses excedem o limiar do possível e normal das neuroses humanas. É normal prender o carrinho de supermercado numa corrente porque senão alguns simplesmente largam o carrinho no elevador ou em qualquer lugar e não pensam que outros vão usá-lo? Não é normal. E depois acusam os pobres, os sem-terra, os governos, os gringos e os legisladores de serem incorretos enquanto, no âmbito doméstico, não se cumpre o mínimo para garantir a própria qualidade de vida. A educação doméstica é a base da socialização razoável e da educação que se vai usar no mundo do trabalho (corporativo e profissional, eventos, reuniões), nas relações sociais de cidadania (esfera pública de obrigações como impostos, leis de trânsito, etc.) e nas relações sociais em momentos de lazer (clubes, viagens, festas, esportes). É bom respeitar e ser respeitado. Isso tem a ver com a etiqueta, em uma escala menor; com a moral, numa escala prática maior; e com a ética, em um nível teórico geral. Essas atitudes são importantes. Não devemos evitar apenas ações criminosas ou extremamente grosseiras. Para promover o bom ambiente corporativo, profissional e social, em geral, é necessário ficar atento aos detalhes, às pequenas atitudes que fazem a diferença em termos de qualidade, relações humanas e ações pró-ativas que visem melhorar constantemente a complexa base de serviços que formam as sociedades atuais. Tendo sempre em vista o bem comum, a solidariedade e a ética nas instituições.
Querer ser espertinho, safadinho e burlar regras práticas para levar vantagens é característica de uma mentalidade medíocre e tacanha. Porque algumas cidades do mundo são limpas, organizadas, confortáveis, bonitas e funcionais? Não apenas por que foram planejadas e implementadas dessa maneira, mas também porque a população cuida da manutenção desses padrões de qualidade de vida. É algo cotidiano, incorporado ao estilo de vida e à educação das pessoas, de maneira normal e tranquila. Essa é uma das fortes razões do sucesso de empreendimentos como hotéis, restaurantes, bares, casas noturnas e outros empreendimentos de lazer, onde a gestão eficiente dos recursos humanos e padrões de qualidade parte dos donos e da cúpula através de exemplos edificantes e são reforçados e exigidos de toda a equipe, independente de seu nível hierárquico.
Quando pensei nesse assunto, comecei a listar pequenas atitudes inconvenientes que atormentam a vida alheia. Vários colegas, docentes e executivos, colaboraram para enumerar as pequenas chatices que poderiam ser evitadas nos poupando inúmeros aborrecimentos. Quanto aos que teimam em cumprir a lista, no todo ou em parte, resta dizer que pagam de ridículos, malas sem rodas e sem alças ou, simplesmente, de chatos:
Pequena lista básica de atitudes inconvenientes:
Entrar em salas VIP sem ser credenciado ou convidado;
Abusar da hospitalidade das pessoas em refeições, hospedagem, favores etc.;
Beber demais em festas familiares, sociais ou corporativas;
Não se vestir adequadamente para as diversas ocasiões;
Atender celular em reuniões, palestras, ofícios religiosos, cinemas, teatros, shows etc.;
Ficar despachando ou escrevendo no blackberry ou no computador durante reuniões e eventos formais onde se espera a atenção das pessoas;
Fazer ruídos com a boca (arrotar, chupar dentes, cochichar demais etc.) em reuniões, cerimônias e lugares públicos;
Jogar no celular à mesa, ignorando os colegas;
Falar demais;
Falar alto demais;
Cheiros excessivos e invasivos (mau hálito, suor, perfume forte...);
Dirigir nas faixas da esquerda em velocidade menor à permitida;
Abrir bolsas, carteiras, gavetas, armários ou geladeiras dos outros sem autorização;
Bater no calcanhar dos outros com carrinho de supermercado;
Encontrar alguém que não vê a muito tempo e exclamar: “Nossa, como você está acabado(a)!!!”. Ou na versão, “Nossa, como você engordou!”;
Fazer reunião ou ajuntamento para conversar no meio do corredor, de escadas ou em frente a portas e acessos para algum outro lugar;
Vendedor insistente que pressiona a gente a comprar o que não gostou ou não quer por algum motivo;
Manobrista que desregula tudo do seu carro no estacionamento (retrovisor, banco, ajuste da direção...);
Passear com cães sem coleira ou deixá-lo em casa sozinho, latindo e incomodando os vizinhos;
Não limpar a sujeira do animalzinho nas ruas, praças e locais públicos;
Furar fila;
Ficar conversando ou demorar a escolher a comida nos bufês enquanto a fila aumenta;
Mandar correntes ou mensagens tolas (reclamações, mensagens políticas, religiosas ou particulares) pela Internet. Bom humor é legal, desde que em volume razoável;
E-mails desnecessariamente longos ou detalhados em excesso;
Mandar arquivos pesados pela Internet, especialmente sem necessidade ou fora do campo profissional. Os Correios e transportadoras continuam a transportar objetos e coisas volumosas;
Aproveitar o espaço para perguntas em palestras para falar demais de si mesmo ou de suas idéias fazendo quase outra palestra. O espaço é para perguntas ou comentários rápidos;
Telefonar para as pessoas muito tarde ou muito cedo;
Oferecer de porta em porta propaganda comercial, política ou religiosa, especialmente logo cedo e nos finais de semana;
Propaganda feita com carros de som pelas tranqüilas ruas de bairros à tarde, nos finais de semana e feriados;
Som extremamente alto do carro para os outros saberem do gosto (em geral estragado) do ouvinte;
Telemarketing. Em geral o ápice das inconveniências.
Nenhum comentário:
Postar um comentário