quinta-feira, 13 de outubro de 2011
Homem - mulher = construção social ?
Meu amigo Nelson Prado Rocchi, psicanalista de Campinas (SP), me mandou algumas
instigantes considerações sobre sexualidade que achei interessante compartilhar:
Anne Fausto-Sterling professora universitária de biologia e estudos femininos é muito citada
por sociólogas feministas. Ela é homoafetiva e vive com Paula Vogel desde 2004.
Anne afirma que a dicotomia macho-fêmea é falsa.
Note-se que se não há dimorfismo sexual, isto é, diferenças marcantes entre homens e
mulheres, então não há nada para a teoria da seleção sexual ( pelas fêmeas e mulheres)
explicar - isto é, por exemplo, a seletividade sexual feminina e a promiscuidade sexual
masculina.
O argumento de Anne baseia-se na existência de hermafroditas, hoje nos dias da linguagem
politicamente correta chamados de interssexuais.
Segundo ela 1,7% da população humana é composta de interssexuais.
Como os interssexuais "literalmente incorporam ambos os sexos", ela afirma que sua
existência "enfraquece alegações referentes a diferença sexual".
Em vez disso, o que temos de fato é um contínuo. "Enquanto macho e fêmea se encontram
nos extremos de um contínuo biológico", diz ela, "há muitos outros corpos que
evidentemente combinam componentes anatômicos convencionalmente atribuidos tanto a
machos como a fêmeas".
Continuando, diz ela, "no Ocidente, dividimos o contínuo em duas categorias, mas essa é
uma decisão social", "assim, a dicotomia homem-mulher é uma construção social; o que a
natureza nos dá não é ou/ou, em lugar disso, há matizes de diferença.
Ela define intersexo como qualquer indivíduo que se desvie do ideal platônico de dimorfismo
físico nos planos cromossômicos, genital, gonadal ou hormonal - na opinião de Anne
qualquer um que acredite em dimorfismo sexual é um essencialista platônico, que acredita
que masculino e feminino são essências abstratas fixas fora do espaço e do tempo.
Em Sexing the Body ela reflete que podemos bem vir a considerar um dia os intersexuais
como "especialmente abençoados ou felizardos", talvez até como "os mais desejáveis de
todos os parceiros, capazes de dar prazer a seu companheiro de uma variedade de
maneiras".
Anne Fausto-Sterling sugere que se eliminem as categorias de masculino e feminino das
certidões de nascimento, carteiras de habilitação, passaportes e eventos esportivos.
Ela não esclarece se as categorias homem-mulher deveriam também ser eliminadas dos
banheiros públicos, vestiários e prisões.
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