Um bom modo de se comparar cidadania e educação entre os povos diz respeito à hospitalidade. A maneira como a gente recebe ou se despede de alguém, a atenção, o cuidado e a capacidade de atender às necessidades e desejos de nossos visitantes, sejam nacionais ou estrangeiros, diz muito sobre quem somos e ao que damos importância. No mundo atual um centro vital de trasportes, comunicações, finanças, cultura e comércio é o aeroporto. Mais do que economia ou cultura, um aeroporto é a imagem do país, uma de nossas facetas mais relevantes perante o país e o mundo. Vejamos como Madrid (poderia ser Londres, Amsterdam, Kuala Lumpur, Dubai, Singapura, Miami ...), de um lado, e São Paulo, do outro (na verdade a Espanha e o Brasil), encaram essa questão.
Esse é o Terminal 4 do aeroporto de Barajas, em Madrid. Amplo, claro, lindo e eficiente.
Essa é a chegada internacional do aeroporto de Guarulhos (Bagulhos?), em São Paulo. Tirei as fotos ontem (13 de julho), ao chegar de Amsterdam. Meu voo pousou às 17h15. Tinha muita gente chegando para as olimpíadas militares. A mala chegou duas horas depois e consegui sair às oito da noite, sem ter ido ao free shop, senão demoraria mais ainda. No exterior, em geral, a gente fica livre entre meia hora e uma hora, no máximo. A não ser em casos excepcionais que envolvem problemas de segurança ou meteorológicos.
Barajas possui um salão altíssimo, vasto e com todos os confortos possíveis para passageiros, tripulantes, funcionários e visitantes em geral.
Guarulhos é apertado, acanhado, medíocre. É antigo e por muitos anos a Infraero não se preocupou em planejar o aeroporto para o futuro, especialmente quando a cidade e o país passam por um acentuado ciclo de desenvolvimento econômico e torna-se um destino comentado pelo mundo.
Além do Terminal 4, há ainda os terminais 1, 2 e 3 que fazem parte do antigo aeroporto.
Essa é a primeira imagem que um estrangeiro tem do Brasil quando chega em São Paulo. Isso é o que o brasileiro vê ao voltar do exterior. É assim que as pessoas são recebidas na principal capital do país. Verdade seja dita: a Polícia Federal, a Receita Federal, o pessoal que cuida da bagagem, todos estavam de boa vontade e bom humor. O problema é a Infraero e os antigos responsáveis pela aviação comercial brasileira que não fizeram algo a pelo menos uma década atrás. Investiram o terminal dois do Galeão, no Rio de Janeiro, que ficou subutilizado por décadas e ignoraram as necessidades do terminal 3 de Guarulhos que até hoje não existe. Ontem, um dos carregadores reclamou da Infraero - que tem uma mentalidade digna desse aeroporto - ao dizer que ela não facilita procedimentos que agilizariam, de maneira emergencial, alguns gargalos do aeroporto.
Essa é a imagem com a qual a Espanha nos recebe e nos diz "até logo".
E essa é a imagem que nosso país proporciona em seu principal aeroporto. Foto do saguão internacional de chegadas, 13 de julho de 2011, às 18h00. Pela manhã chega a ser pior, pois a maioria dos voos internacionais se concentra no início do dia.
Amplitude, modernidade, beleza e conforto... MAD
Acanhamento, atraso, mau gosto, desgosto... GRU
Mas não é só quesito aeroportos que ficamos envergonhados ...
Esse é o trem de alta velocidade que liga Barcelona e Madrid: 700 KM em três horas; 120 euros, na classe turista. Chega e 300 km/h. Mas isso é outra história.
2 comentários:
Prof. Trigo.
Creio que eu, você e todos os brasileiros compartilham do mesmo sentimento de indgnação referente a esta realidade absurda do aeroporto de GRU. Ler sua postagem foi como reviver meu retorno de viagem de lua de mel, recentemente. Também saímos da Europa por Madrid, e chegamos em GRU no horário da manhã, o qual você mesmo alerta ser um dos piores momentos para chegar ao aeroporto internacional de SP. Vergonhoso. E o pior é que as perspectivas não são das mais otimistas.
O negócio é focar nos aspectos positivos de uma viagem, e tentar deixar de lado esta triste realidade que aterroriza o partir e o retornar ao Brasil.
Recentemente também postei no meu blog minha péssima experiência no aeroporto de GRU, mostrando um infográfico da EXAME que demonstra a descredibilidade da opinião pública referente às obras para a 2014.
Um abraço.
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