sexta-feira, 4 de março de 2011

Carnaval, literatura e sacanagem

Hoje começa a farra. O carnaval tem sua origem nos cultos de fertilidade das sociedades primitivas, desejosas de mostrar à terra e aos animais como serem férteis e generosos com suas dádivas e para isso os jovens de cada comunidade saíam pelos campos a copular e celebrar a vida. Depois veio toda uma história permeada pelos gregos, romanos, celtas, cristão e um monte de gente interessada em uma única coisa: festas sexuais.

Se você quiser ler algo bem picante (ops!) no interlúdio da folia, não quer se jogar e causar e prefere ficar em casa, mas botar a mente para delirar com a esbórnia, separei algumas pérolas da literatura especializada. O prazer e a sensualidade da leitura ao seu lado, na última festa do verão 2011.

Obs: livros não recomendados se você for a um retiro espiritual...



A explicitação do erotismo e da pornografia adolescente na literatura ocidental é antiga. Um dos textos clássicos é Satyricon, de Petrônio (transformado em filme por Fellini, em 1969, com teor homoerótico; no Brasil foi publicado pela Crisálida, Belo Horizonte: 2004)), datado do ano 50 d.C. O texto mostra como eram as bacanais, o sexo ,as viagens e a farra na Roma antiga, um testemunho raro e vivido pelo próprio autor. No mundo moderno, um dos textos de erotismo é Teresa filósofa, do século XVIII, atribuído a Jean Baptiste de Boyer, o Marquês d´Argens, publicado na França. É um romance de formação de uma garota que sofre abusos sexuais de seu preceptor. No Brasil é publicada pela L&PM Pocket (Porto Alegre, 2000). Outro texto importantíssimo, repleto de humor e cinismo, é o Manual de civilidade destinado às meninas para uso nas escolas, do francês Pierre Louys. É difícil de encontrar, mas foi publicado no Brasil pela Editora Imaginário (São Paulo, 1998). 




Essa literatura francesa não enfoca apenas a mulher. Já nos séculos passados, a figura do homem, e mais especialmente do boy, surge com freqüência e importância. Por exemplo, os textos O menino do bordel (1800), de Pigault-Lebrun (publicado pela Editora Imaginário, São Paulo: 1999). Livros como Gamiani, de Alfred de Musset (1810-1857), por sua vez, avançam na transgressão ao mostrar as tríbades (lésbicas) em ação. Publicado no Brasil pela Editora Imaginário (São Paulo, 1994).


Um romance policial descolado, ambientado no candomblé e com toques sensuais, é Morte nos Búzios, de Reginaldo Prandi. Ele é professor titular aposentado da sociologia da USP e solta a imaginação (e sensualidade) nesse livro publicado pela Companhia das Letras  (São Paulo: 2006).


Quer a teoria da esbórnia? Justificar a hybris? Aprimorar conceitos e práticas? A História das orgias, de Burgo Partridge (Lisboa: Século XXI, 2003), lhe oferece de maneira erudita e fluente uma longa descrição sobre as festas mais íntimas e abusadas da humanidade.


Outro clássico é a História do olho, de Georges Bataille, que tem uma edição primorosa da Cosac & Naify (São Paulo, 2003). É o tipo de livro para não  se esquecer ao lado da tia religiosa, por que ela pira em qualquer página que abra.


O divertidíssimo A casa dos budas ditosos, do baiano João Ubaldo Ribeiro Rio de Janeiro: Objetiva, 1999), faz parte de uma coleção sobre os sete pecados capitais (para não esquecer: gula, preguiça, ira, avareza, soberba, vaidade e luxúria), exatamente sobre a luxúria e para mim é o melhor da série. Quando o li ri muito e achei várias partes altamente hot and wet...

A luxuosa, descolada e prestigiosa editora Taschen ( www.taschen.com )tem uma série erótica que pode ser encontrada no site: http://www.taschen.com/pages/en/catalogue/sex/all.1.htm

Há curiosidades de livros com fotos deslumbrantes como:

The big book of breasts (seios);

The big book of legs (pernas, de mulher);

The big butt book (bundas, também de mulher);

The big penis book (dispensa tradução);

e os livros da Naomi Harris sobre swings, com fotos e textos.

Enfim, bom carnaval e ...

se beber não dirija,

se for transar a esmo use camisinha,

se for aporrinhar os outros fique em casa.

2 comentários:

Andréa disse...

Me diverti horrores com este post....

Beijos, honey.
Andrea

Mariana Aldrigui disse...

Além de ser um post ótimo, atualizei a bibliografia. O manual de Meninas Civilizadas me foi dado por você. O pior - perdi...digo, alguém sutilmente levou de mim... mas o que importa é que as lições ficaram, quero crer. Ando muito civilizada.
Budas Ditosos é praticamente o livro de maior recall da minha história recente...amo, e releio sempre.
Espero que muita gente possa ler com critério e, quem sabe praticando, diminua o índice de aporrinhação alheia.