Leituras de Semana Santa no Sul

Já estou posicionado no Rio Grande do Sul para a Semana Santa e o aniversário. No vôo tive uma experiência rara. Li um texto marcante, um dos melhores exemplos de existencialismo religioso. Com o tempo, as leituras, viagens, filmes e experiências passadas, não é tão comum apreciar intensamente uma produção cultural, apesar do gosto e entusiasmo pela arte que sempre me cercou. Pois o texto me envolveu intensamente. São 20 páginas bem talhadas: Yossel Rakover dirige-se a Deus, de Zvi Kolitz (São Paulo: ed. Perspectiva, 2003).

Além do texto em si, há os comentários feitos por Paul Badde e pelo filósofo Emannuel Levinas. É um primor da tessitura judaica e quem me indicou foi um padre jesuíta (aliás, os jesuítas ajudaram na recuperação do texto original, de 1946). É sobre a fé, mas a fé nas experiências-limite do ser humano, uma fé que coloca a pessoa face a face com o Criador, falando o que tem para dizer porque já superou todos seus limites. Não é apenas a questão da morte, mas da injustiça, do sofrimento, da crueldade e da superação disso tudo. Um texto escrito durante a Segunda Guerra mundial mas infelizmente atual, pois os males humanos continuam a afetar gente das diversas etnias, religiões e culturas. É uma leitura revigorante e crítica. Ótima para a Páscoa, uma festa que, tanto para judeus como para cristãos, inspira liberdade, vida plena e o frescor da eternidade.