Mãe é a memória deliciosa de ter um dia sido agraciado com uma palavra, um olhar, um gesto ou um ato heróico. Minha mãe tem muito a ver comigo: somos campineiros, temos a mesma profissão, estudamos em duas escolas comuns (Colégio Sagrado Coração de Jesus e PUC Campinas), somos ligeiramente teimosos e gostamos de nossa família apesar de sermos meio outsiders (e eles gostam de nós, em geral).
Minhas primas Graça e Glória, de Campinas.
Deixo aqui a carta de uma mãe que eu adoro muito, que endereçou a Deus seus sentimentos quando seu filho foi levado de volta à divindade. A mãe Glória é muito especial porque foi ela, juntamente com seu marido, meu primo-irmão, que me acolheram quando mais precisei e muitos anos depois ela escreveu com seu sangue e amor essa preciosidade espiritual. Mãe é isso, um amor transcendente que supera a perda, a morte e a tristeza; vivas ou mortas elas permanecem como exemplo de uma manhã vibrante e plena de futuro. Como já rezei para minha mãe, que está em Deus, deixo a homenagem para minhas tias, amigas e primas que me acolhem na vida através dessa carta tão linda e sentida, também fruto do meu sangue, que mostra o amor como a medida de todas a coisas e vidas, um exemplo para nós e nossas existências:
“Meu Pai, receba em suas mãos o meu grande tesouro: Rafael, meu filhote pacote. Entrego-o em seu colo, com a certeza de que o “desembrulhar” será com Amor, com compaixão; pois o meu amor de mãe, mesmo sendo imenso e intenso, é terreno. E, mesmo sendo um amor sem fim, não esconde o medo de ser completo, mas imperfeito...
Meu filho, sei que você estava em busca. Buscava conhecer-se, arriscar-se, expor-se, interagir, modular, reconhecer a si e aos outros, ousar. Mas sinto que, acima de tudo, buscava a evolução, e você me disse que um dos objetivos dessa viagem era evoluir. Não é coincidência a escolha desta viagem de contato direto com a natureza, um encontro a dois, quase um segredo... e o Pai te escutou: “Ele preparou o caminho do Senhor, endireitou suas veredas, todo vale foi aterrado, toda montanha e colina rebaixadas; as passagens tortuosas ficaram retas e os caminhos acidentados foram aplainados, e você foi salvo!”
Todo esse processo é lindo e fascinante. É preciso coragem, é preciso querer ser feliz! A coragem para realmente saber quem se é e quem é o outro. Coragem para saber o que se quer e o que o outro quer. Coragem para ser inteiro e querer dividir. Coragem para respeitar e aí, com toda força, explodir. Explodir em gestos, pensamentos e ações e querer, de coração, ser feliz – e ser! Agora, meu filho, você conseguirá entender porque o meu amor de mãe é completo e imperfeito – é completo porque se funde; mas imperfeito porque está em constante busca de “querer ser melhor”... Ah! Esse nosso tempo acabou... para você poder ter o Amor Perfeito, o do Pai. É Ele quem te recebe e te acolhe.
Filhote Pacote – o filho, Fofura – o neto, Rafa – o sobrinho, o irmão, o cunhado, Bebê – o marido, tio Afa – o tio, Rafinha – o amigo, Rafael – o profissional. Tenha certeza, você está sendo lembrado por aquilo que fez de bem e bom aos outros, pois deixou palavras e gestos gravados no coração de cada um.
Hoje só posso agradecer a todos vocês: família e amigos, o carinho, as palavras e os abraços porque “o amor nos prende pela alegria e pelas lágrimas”, como disse Victor Hugo.
Então, meu Rafinha querido, paz e luz, todos os dias. E só alegria!
Muita alegria... imensa alegria... TODA ALEGRIA!
Com toda alegria, o seu renascimento aconteceu no Advento.
E, para celebrar a sua chegada aos Céus, rezemos a Oração do Pai... “
De Glória Bueno de Oliveira Godoy para seu filho, Rafael. (2009).
Meu primo Amilcar; Xandoca, sua filha, à esquerda; Iara, sua prima, ao centro; e Glória, sua esposa, à esquerda.
Adriana (filha da Iara) e sua filha, Sofia, em um almoço festivo em São Paulo.
Léo e meu tio José Godoy (sentados); Mara e Iara, filhas do primeiro casamento do Godoy que está com 97 anos.
Minha prima Vanira (Campinas) e seu irmão Vanter (de São Paulo).
Minhas jovens primas Raquel e Carolina discutem o mundo ao entardecer.
Carina, com Sara, vislumbra a reunião familiar.
Minha amiga, Maria Clara, e eu comemorando as novas vidas e futuros das gerações emergentes.
Minha prima Carla, de Campinas, provedora do imaginário familiar.
Eu com duas afilhadas, Camila e Isabela, ao lado de Gabriel e Klebinho (escondido), mostrando um pouco do mundo que suas mães lhes legaram e que nós, como homens, podemos interpretar.
A bisavó (Vanira) e a bisneta, (Sara) representam a vertente feminina que perpassa quatro gerações de nossa família e que formam um contexto que nos protegeu e educou por décadas. Gaia está presente assim como a Virgem cristã e os santos, todos filhos de umas boas mães.
2 comentários:
Ficou muito fofo.
A carta é tocante, de um desprendimento e confiança que arrepiam.
Meu caro Trigo.
A carta da Glória é realmente tocante. Rever mesmo que por fotos, Seu Tio, Varina, Carina, Carla, Camila foi um presente. Há anos naõ as vejo. Isabela e Gabriel, sãa criançcas lindas. ( a Isadabela está acara do Pai), foi um presente.... Tb rezeri por todas as mães presentes e ausentes, entre elas a tua. Bjocas
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