domingo, 31 de janeiro de 2010

Avatar

Fotos: revista Super-Interessante, ed. extra, nº 274-A, Jan. 2010
Texto: Luiz Trigo

Obs. Hoje (domingo, 31/01) o filme já arrecadou US$ 2 bilhões no mundo, mantendo-se em primeiro lugar na Austrália, França, China e Brasil.

Assisti pela segunda vez Avatar, agora em 3D. Realmente é algo novo em ficção científica e estética.

As inovações dos filmes nesse campo possuem história: 2001, uma odisséia no espaço (1968, dir. Stanley Kubrick); Star Wars (1977, dir. George Lucas); Contatos imediatos (1977. dir. Steven Spielberg); Alien (1979, dir. Rodley Scott); O exterminador do futuro (1984, dir. James Cameron); Matrix (1999, dir. Andy e Lana Wachowski); O Senhor dos Anéis (2001, dir. Peter Jackson)... E Avatar (2009, dir. James Cameron).


A filmografia de Cameron é de apenas oito filmes: Piranha II (1981); O exterminador do futuro (1984); Aliens - O resgate (1986); O segredo do abismo (1989); O exterminador do futuro 2 (1991); True lies (1994); Titanic (1997) e Avatar (2009). Mas ele criou uma franquia (Terminator), participou da série Aliens e dirigiu as duas maiores bilheterias da história (Titanic e Avatar). Em ambos ele foi perfeccionista e levou suas histórias a um público que já tinha visto quase tudo no cinema. Quase. A cena do afundamento do Titanic é algo épico e os cenários de Pandora, em três dimensões, nos levam a uma viagem onírica.

O cinema sempre teve seus pseudo-profetas da decadência: a TV, o vídeo-cassete, a internet ou o DVD acabariam com ele em questão de tempo. As vendas de ingressos caíram ao longo dos últimos anos, mas a criatividade dos roteiristas, a estética cinematográfica e as novas tecnologias digitais sempre garantiram uma sobre-vida em grande estilo ao "escurinho do cinema". Os espectadores sempre querem algo novo, imagens e sensações que superem as anteriores e que transformem a tela iluminada em uma experiência que transcenda o tempo e o espaço.

Avatar não é apenas entretenimento comercial. É um complexo ensaio tecnológico que leva a fantasia e o sonho às pessoas na platéia. É uma experiência inovadora com a tecnologia 3D, baseada nos óculos de luz polarizada que causam efeito tridimensional realista e muito mais legal que os antigos filmes em 3D (com óculos vermelho e verde) das décadas passadas.

Essa tecnologia surgiu em 2005, mas Cameron usou algo parecido em 1996, no parque da Universal em Orlando, no filme da atração Exterminador do Futuro II. Assisti na época e fiquei extasiado com a sequência de luzes, robôs reais, atores humanos, filme em 3D e sensações físicas proporcionadas no amplo teatro especialmente construído para o show. Depois de explorada em filmes animados é a vez dos filmes com atores humanos (e muita computação gráfica) e, em breve, das TVs em 3D.

O entretenimento abrange dezenas de opções reais e virtuais. As redes sociais e a super-segmentação permitem vários graus de interatividade, sensações e experiências. Nesse mundo, é fantástico quando alguém consegue superar patamares já bem elevados e proporciona, a um público blasé ou abobado, algo pelo que valha considerar o cinema como uma das artes fantásticas da espécie humana. Que venham os novos desafios e inovações para encher nossos olhos e mentes de espanto.


quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

EACH - USP 5 anos de idade

A Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP completa cinco anos em 27 de fevereiro. A festa foi hoje porque é a primeira transição de direção e precisa acontecer até o final de janeiro.
A unidade já tem uma história, da qual participo desde o início como professor. Conheça alguns dos principais personagens:

O atual diretor, Dante De Rose Junior (esq.) e o diretor eleito José Jorge Boueri Filho. Dante é da área de Educação Física e Boueri é arquiteto.

O Prof. Antonio Carlos Massola foi prefeito do campus da USP e coordenou as obras da EACH durante o primeiro período da implantação (2003-2004).

Andréa Pedroso é a Assistente Acadêmica, o braço direito da direção e de todos nós.

O prof. Adolpho Melphi foi o reitor que decidiu ampliar as vagas da USP, em São Paulo, tendo coragem e a competência para implantar a USP-Leste.

O Padre Ticão é um líder religioso conhecido e respeitado na zona leste de São Paulo. Liderou movimentos sociais para que a USP tivesse uma importante instalação na região. Ganhou a parada em grande estilo.

Os profs. Homero Fonseca Filho, Cristina Toledo, Myrian Krasilchik e Waldir Mantovani (primeiro vice-diretor).

Marcus Vinicius (esq.), chefe da informática ao lado do prof. Ulisses Araújo. Ulisses e sua esposa, Valéria (foto posterior) foram os responsáveis pela implantação do Ciclo Básico e da disciplina de Resolução de Problemas, duas inovações na USP.

Valéria Araújo (veja acima) e Moacyr Martucci Filho (ex-coordenador de Têxtil e Moda)

O prof. Dante (esq.) inaugurou a primeira galeria de fotos da EACH. Para não ficar só como o primeiro diretor eleito (2006-2010), colocou também as fotos de Oswaldo Massambani (diretor pro tempore (2005-2006); Carlos Reiynaldo Pimenta (coordenador Geral Adjunto do projeto) e de Jorge Mancini (presidente do Conselho Diretor do projeto).

Luiz Trigo (esq.), Ruy Alberto Altafin (pró-reitor de cultura e extensão) e Édson Leite, o novo vice-diretor da EACH e professor do curso de Lazer e Turismo.

Os felizes professores Patricia Junqueira Grandino (coordenadora do Ciclo Básico) , Jane Marques (marketing) , Ricardo Uvinha, Madalena Aulicino e Edson Leite (Lazer e Turismo).

No coquetel, profs. Carlos de Brito Pereira (curso de Têxtil e Moda) e José Renato Araújo. (coordenador do curso de Políticas Públicas)

Dante e Melphi inauguraram uma placa histórica no Centro de Convenções, com os nomes dos idealizadores do projeto e dos primeiros funcionários e professores da EACH. Dante fez história e tomou o cuidado de implantar os rituais de memória que formam o pathos de uma instituição. Como bem lembrou uma aluna, todo esse projeto destina-se à formação de pessoas e pesquisa, um grande patrimônio público que custou mais de R$ 100 milhões para ser implantado, direcionado a milhares de jovens estudantes e centenas de pesquisadores. As primeiras turmas de graduandos também formam essa história.

É uma placa com data de início e uma abertura ao futuro.


Duas graduações: oito anos
Mestrado: três anos
Doutorado: quatro anos
Livre docência: três anos

Fazer parte da história da USP: um toque fugaz de eternidade...

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Universidade de São Paulo - João Grandino Rodas

25 de janeiro não é apenas aniversário de São Paulo. É também natalício da Universidade de São Paulo (76 anos, hoje). E neste ano o novo reitor, João Grandino Rodas, inovou promovendo a posse na belíssima Sala São Paulo.

A antiga estação ferroviária, perto da estação da Luz, em São Paulo, foi transformada em uma sala de concertos, no melhor estilo das instalações similares mundiais de alto padrão.

É um local amplo, clássico e belo.

Ideal para concertos, espetáculos solenes cerimônias solenes. A posse do novo reitor contou com a Orquestra Sinfônica da USP (fundada em 1975), regida pela maestrina Ligia Amadio. A primeira peça (Fantasia Triunfal sobre o Hino Nacional Brasileiro) teve aparticipação da pianista Eudóxia de Barros. O Coral Lírico do Theatro Municipal de São Paulo participou de várias peças. No final da cerimônia a banda Meninos do Morumbi deu um show no hall da Sala São Paulo.

Foi uma das mais solenes posses de Reitores dos últimos anos. Clássica e dinâmica, como a USP.

Autoridades federais, estaduais e municipais dos três poderes estiveram presentes...

... assim como o Conselho Universitário, docentes, funcionários e alunos.

Foi uma cerimônia quase perfeita. Os apresentadores (cerimonial) derraparam algumas vezes. Fica a lição de que o cerimonial não precisa ser "bonitinho", mas sim eficiente e que saiba pronunciar palavras mais complexas em português e nas línguas estrangeiras mais comuns.

Houve uma cerimônia ecumênica com uma Ialorixá, um Xeique, um Patriarca Budista, um Rabino, um Pastor, um Arcebispo e o Cardeal de São Paulo (os dois últimos católicos). O Rabino Michel Schlesinger arrasou no discurso. Disse que a fé sem a universidade (ciência e razão) gera fundamentalismos perigosos e que a ciência sem a fé pode gerar autoritarismos. O arcebispo de São Paulo, Dom Odilio Scherer, trouxe uma mensagem do Papa. Arrasou na hierarquia.

O Prof. Nei Fernandes de Oliveira Junior (diretor da Escola de Engenharia de Lorena, da USP), o novo reitor e o secretário do ensino superior, Carlos Vogt (ex-Reitor da Unicamp) fizeram os discursos solenes, nessa ordem.

A prof. Mariana Aldrigui, representante dos mestres no Conselho Universitário, paramentou-se e desfilou com o Colendo Conselho.

O novo reitor, João Grandino Rodas, ex-diretor da Faculdade São Francisco (Direito) da USP, com um denso currículo na área jurídica nacional e internacional, falou sobre a necessidade de mudanças, direitos e deveres públicos na Universidade. Afirmou que suas propostas só serão implementadas se houver colaboração, sinergia e compromisso por parte de toda a comunidade uspiana. São cerca de cem mil pessoas entre alunos (80 mil), professores (cinco mil) e funcionários.

Grandino Rodas recebe os símbolos da ex-reitora, Suely Vilela.

Edson Leite, Meire e Boueri, docentes da EACH. Leite e Boueri são, respectivamente, os novos vice-diretor e diretor da EACH (Escola de Artes, Ciências e Humanidades), igualmente conhecida como USP-Leste.

Mariana Aldrigui, Luiz Octávio Camargo e eu, durante o coquetel após a posse. Foi uma celebração solene, com pompa e circunstância, no melhor espírito acadêmico clássico. Que o trabalho com o ensino, a pesquisa e a extensão confirmem os bons sentimentos legados pela festa.

São Paulo 456

Hoje é aniversário da minha cidade. Não nasci aqui, mas escolhi viver aqui.

Essa é a paisagem que vejo da minha janela.

Vejo as luzes, os prédios, os congestionamentos, as chuvas, os helicópteros passando, as estrelas (quando dá) e o sol iluminando os horizontes totalmente artificiais.

Adoro as coisas paulistanas como o metrô, os cinemas, as comidas, as festas, os agitos, as pessoas, o lugar onde trabalho e as coisas que faço, por aqui e pelo país.

Meu berço é São Paulo. Sem nacionalismos ou ufanismos, afinal um lugar não é melhor ou pior que o outro, é apenas diferente e o que faz a diferença é a nossa escolha de viver onde entendemos que existe algum sentido e significado para nossa existência. Encontrei algo assim durante muito tempo em Campinas, onde nasci, hoje encontro em Sampa. Aqui durmo e acordo no contexto de minha história. Daqui saio para viagens incríveis e volto feliz, para casa. Por isso hoje me sinto, também, aniversariante.


sábado, 23 de janeiro de 2010

Vison of the Seas - Como ficou a história


Meus primeiros posts de janeiro foram sobre o frustrado reveillon a bordo do Vision of the Seas (Royal Caribbean Cruise Line). Os passageiros compraram um cruzeiro com parada especial na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, para ver os fogos e só viram fumaça, ao longe.

Os passageiros fizeram um blog:



E a história ficou assim:

Marília Ansarah me mandou a resposta oficial da Royal Caribbean, abaixo transcrita:

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"Enviada em: quinta-feira, 14 de janeiro de 2010 22:08

Para: Consumidor Estado
Assunto: Re: Cruzeiro Royal Caribbean - Marilia Gomes dos Reis Ansarah - 19/01

Prezados, boa noite!!

Em atendimento ao e-mail que recebemos, com a reclamação da sra. Marília Gomes dos Reis Ansarah, copiada abaixo, segue a resposta da Royal Caribbean:

"Com relação ao cruzeiro de Reveillon do “Vision of the Seas”, a Royal Caribbean esclarece que houve uma divergência de informações entre a ponte de comando e as autoridades portuárias sobre a posição em que o navio deveria fundear na noite do dia 31 de dezembro.

Diante disto, o capitão optou por preservar a segurança de todos a bordo, prioridade máxima da Royal Caribbean, e, seguindo a orientação da Capitania dos Portos do Rio de Janeiro, parou o Vision of the Seas numa localização, indicada pela Marinha, que garantiu a integridade física dos hóspedes e tripulantes.

A companhia lamenta quaisquer inconvenientes causados, mas reforça que, em todos os seus cruzeiros, os itinerários podem ser alterados sempre que haja qualquer tipo de situação que possa colocar em risco a embarcação e seus hóspedes."

Atenciosamente,

Atendimento ao Cliente

ROYAL CARIBBEAN CRUZEIROS BRASIL"

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No comentários de minha postagem há a seguinte resposta ofcial da Marinha Brasileira que também transcrevo:

"Prezado Sr Cesar Augusto Mesquita Juaçaba

Para autorizar o fundeio dos oito transatlânticos que ficaram em Copacabana durante a queima de fogos de ano novo, a Capitania dos Portos do Rio de Janeiro promoveu uma reunião no dia 10/12/2009, com os representantes dos navios (Agentes Marítimos, Serviço de Praticagem, SINDARIO- Sindicato dos Agentes Marítimos do Rio de Janeiro e Prefeitura do Rio de Janeiro) antes do evento.
Na reunião foram combinados horários de fundeio e os pontos de forma que todos tivessem posições seguras e próximas ao evento devido a restrição a navegação da área em questão. E, esses pontos foram divulgados na página da internet da Capitania dos Portos do Rio de Janeiro (www.cprj.mar.mil.br/navio.html).
No dia 31, o navio “Vision of the Sea” não fundeou no ponto combinado nas reuniões, fundeando em outra posição não autorizada e a referida posição, além de atrapalhar o fundeio dos outros navios colocava em risco a segurança da navegação devido a área restrita, que é a praia de Copacabana.
Por várias vezes o Comandante foi alertado para suspender e fundear no ponto correto. Mesmo depois de todos os avisos, o Comandante não suspendeu, ocasionando o atraso do fundeio dos demais navios. Depois de muito tempo, o comandante do navio alegou que não se sentia seguro na posição determinada. Para atender ao Comandante, a Capitania dos Portos sugeriu um novo ponto mais afastado e fora do canal de aproximação ao Porto do Rio de Janeiro. Assim, havia opção do Comandante fundear no ponto combinado ou no ponto alternativo mais distante. Portanto, a Capitania dos Portos do Rio de Janeiro ofereceu um ponto alternativo. Logo, a decisão de fundear no ponto mais afastado foi do Comandante do “Vision of the Sea” e não da Capitania dos Portos do Rio de Janeiro.


Atenciosamente,

NILO MOACYR PENHA RIBEIRO
Capitão-de-Mar-e-Guerra
CAPITÃO DOS PORTOS
8 de janeiro de 2010 06:25

13 de janeiro de 2010 12:13

Excluir
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A resposta da Marinha está assinada e a da Royal é lacônica e anônima. Tirem suas conclusões.

Em janeiro de 1999, fiz um cruzeiro à Antárctica com o navio Marco Polo (22.000 toneladas). É uma viagem difícil, os passageiros precisam assinar termos de saúde física e mental, documento comprometendo-se a seguir as normas de segurança e preservação ambiental. Pessoal militar da reserva coordena e executa os desembarques nas praias de rocha ou neve da península Antárctica. Foi uma das melhores viagens da minha vida, mesmo com duas paradas prejudicadas no roteiro: a primeira foi em Port Stanley (Ilhas Malvinas) devido a um forte vendaval; a segunda foi no famoso Lemaire Channel, o navio não pode atravessá-lo blocos de gelo impediam a passagem.

Só que o Diretor da Operação Antárctica e o Comandante do navio posicionavam constantemente os hóspedes sobre as condições climáticas, geológicas, da fauna e a história da região.



O navio levou um helicóptero que sobrevoou o canal para se certificar de que a passagem era mesmo inviável.

As altas montanhas são características do continente gelado. Icebergs, mares fechados, ilhas e montanhas formam um cenário natural diferente de tudo que existe em outros lugares da Terra. Por ser verão a temperatura é de cerca de +3 º C. (com sensação térmica de -5ºC devido aos ventos constantes).

O helicóptero confirmou a visão de bordo de que a passagem estava fechada pelo gelo. Não entramos no famoso e belo canal mas ficou claro que a empresa fez todo o possível e respeitou o grupo - como deve ser - informando as implicações e condições que levaram à suspensão daquela parada. Isso é o normal e o que as pessoas devem exigir das empresas turísticas. Informação, respeito, eficiência e consideração fazem parte das obrigações de uma instituição para com seus clientes, além de ter garantir retorno de seus investimentos.

Bons exemplos a serem seguidos no Brasil.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Aeroporto de Guarulhos - outra vergonha nacional

O caso saiu recentemente na capa da Vejinha e em outros meios da grande mídia, prejudica milhares de passageiros todos os dias, mas não adianta. Os governos federal e estadual de São Paulo, assim como a Infraero, a Polícia Federal e a Receita Federal não resolvem a situação de desconforto e caos que se repete todas as manhãs no aeroporto internacional de São Paulo, com a chegada de vários voos internacionais. É uma arrogância obtusa das autoridades, um descaso nefasto com os que viajam a trabalho ou a lazer, mas ninguém faz nada. E poucos reclamam. Como o país quer se preparar para a Copa do Mundo e as Olimpíadas se sequer consegue dar condições de embarque em portos (vide minha postagem sobre Santos, a outra vergonha nacional) e aeroportos?

Em julho de 2009 fui para o sudeste asiático e passei por aeroportos excelentes, construídos em países igualmente "em desenvolvimento" como Tailandia e Malásia. Sem contar a excelência dos aeroportos de Hong Kong e da China (se bem que na China continental as autoridades alfandegárias possuem um ranço autoritário e ignorante). Mas os aeroportos são modernos, funcionais, confortáveis e bonitos. Realmente me admira a passividade, a leniência com que nossas classe média suporta ser maltratada de boca calada, como ovelhas indo ao matadouro felizes com sua sorte e destino.

Mas há mamíferos com tutano nessa massa amorfa. Transcrevo na íntegra o e-mail que a amiga Andrea Kogan me enviou, contando seu desembarque em nosso maravilhoso aeroporto paulistano.

"O vôo vindo de New York (Delta) pousou aproximadamente 8 e 15 da manhã;

* saímos do avião e começamos a caminhar no corredor que chega nas escadas rolantes que por sua vez chegam à polícia federal;

*depois de uns 10 minutos de caminhada, antes da escada rolante, havia funcionários Infraero bloqueando o acesso às escadas para a formação de uma fila ali. Como eu estava logo a frente, soube o que aconteceu. Os passageiros que estavam mais atrás pararam e não sabiam o porquê da parada pois isso nunca tinha acontecido antes;

* não sei exatamente quanto tempo ficamos ali, mas foi o tempo da sala debaixo comportar mais pessoas;

*o saguão onde fica a polícia federal tinha duas filas em caracol imensas... como sempre – uma para estrangeiros e outra para brasileiros. Um funcionário tentava organizar a fila assim que as pessoas desciam das escadas rolantes pois no espaço reservado para as filas não havia mais lugar também. O calor estava insuportável e uma menina vomitou na minha frente sem ninguém de limpeza nem nada aparecer;

*depois de cerca de 1 hora passamos pela verificação de passaporte – coisa que leva alguns segundos. Vários vôos chegavam ao mesmo tempo. Várias esteiras lotadas;

*como a demora foi longa, quando chegamos até a nossa esteira, todas as malas estavam ao lado e no chão. Uma confusão pois era a última esteira ao lado do free shop, a fila da saída se misturava ao free shop e pessoas em busca de sua mala;

* não parei no free shop pois a fila da saída dava (sem brincadeira) umas 5 voltas entre o free shop e praticamente a fila da polícia federal. Não havia nenhum funcionário ajudando na organização. Ninguém sabia onde começava a fila e vários pessoas discutiam pois umas entravam na frente das outras... mesmo sem querer;

* demorei 2 horas para sair. Isso – sem esperar mala, sem entrar no free shop e sem ter a bagagem revistada."

Até quando teimaremos em ignorar os princípios básicos de hospitalidade e competência na área de viagens e turismo? Essa situação de Guarulhos existe por muitos anos, não é novidade. Será que algum idiota ainda pensa que viajar ao exterior é privilégio de classe que deve ser punido através da incompetência técnica e burocrática propositais?


Portos e Aeroportos de São Paulo, avacalhando juntos o turismo nacional.

Tem até um filme, feito por um dos passageiros, sobre a desgraça aeroportuária brasileira:

Veja o link <http://www.youtube.com/watch?v=y1v1hQrLa_s>

O que achou do caos? Isso tem acontecido quase todas as manhãs.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Splendor of the Seas - life on board

A vida a bordo pode ser de contemplação, ócio, agito, reflexão, leitura, comilança, beberagem. Cada tribo ou pessoa escolhe o que fazer. Cada um na sua.

Olhar o horizonte intenso.

Admirar as chegadas - ou as partidas. Aí é a entrada do porto de Buenos Aires.

Percorrer os decks construídos pela arquitetura naval para possibilitar o lazer e o entretenimento. Desde que os navios deixaram de ser apenas meios de transporte um ponto ao outro para se tornarem espaços flutuantes de desfrute, a arquitetura e a engenharia naval passaram a pensar os barcos sob a ótica do conforto, da funcionalidade hedonista e da estética exuberante.

Nos verões tropicais o contato com sol e água é uma necessidade atávica das pessoas.

Todo navio da Royal Caribbean possui o Viking Crown Lounge. Parece um disco voador pousado no topo do barco. É boate, área de descanso e lugar para ver as piscinas e o mar.

Em tempos de contaminação de todos os tipos, a higiene é uma exigência.

Delícias doces e salgadas, calorias prazeirosas. Pode-se comer o dia todo sim, mas pode-se controlar a ingestão absurda com bom senso. Está certo que depois do terceiro copo instala-se a resiliência existencial...

Os restaurantes informais do topo ficam abertos 24 horas. A luz é natural, vinda das amplas janelas panorâmicas.

Onde colocar o único caixa eletrônico de bordo? No cassino, claro.

Vista do Splendor (esquerda) e do Lirica durante o desembarque em Punta del Este.

Vida noturna. Os músicos e boa parte dos funcionários de bordo (cerca de 30%) eram brasileiros.

Há uma piscina interna aquecida. Muito útil nas viagens ao Alaska ou nas altas latitudes, fora do verão.

Essa arquitetura naval pós década de 1990 tem muito dourado, frisos, detalhes e espaços monumentais. Meio over, mas com certo charme kitsch. Acima o atrium lobby e os elevadores panorâmicos.

O restaurante principal chama-se The King and I e está decorado com motivos tailandeses.

A mesa do comandante, que raramente janta com os hóspedes. Tem suas razões, ninguém aguenta o mesmo papo toda noite meses seguidos.

A esteira da proa, provocada pelos motores.

Lazy, lazy days...

Uma paella feita e servida na piscina. O navio tem dois chefs e uns 70 cozinheiros.

A piscina não é grande - nem pode ser, pois água pesa. Mas dá um bom caldo.

Há um programa de proteção ambiental a bordo. Em meados da década de 1990, quando viajei pelo Caribe, esse programa já existia e era divulgado aos passageiros.

Daria, uma russa simpática; eu; e João Leite, um catarinense descolado. Eram os que serviam a mesa no restaurante principal.

A proa do Splendor. Não, não pode repetir a cena do Titanic pendurado lá na frente, mas dá para ir à popa, pois é uma área aberta aos passageiros.

Momento de orgulho. A Claudia Camacho foi minha aluna de turismo na PUC-Campinas e hoje faz carreira a bordo. A moçada brasileira que trabalha a bordo nos melhores cargos possui nível superior (administração, direito, educação física, turismo...). O pessoal de linha de frente (limpeza, auxiliar de cozinha, manutenção) ganha pouco e não tem qualificação. Um dos responsáveis pela animação (Maike) fez turismo na Unicenp, em Curitiba.


Comer, beber e ... Assim passam-se os dias e noites nos berços aquáticos do prazer pós-industrial. Not bad, my friends, not bad.