sábado, 23 de janeiro de 2010

Vison of the Seas - Como ficou a história


Meus primeiros posts de janeiro foram sobre o frustrado reveillon a bordo do Vision of the Seas (Royal Caribbean Cruise Line). Os passageiros compraram um cruzeiro com parada especial na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, para ver os fogos e só viram fumaça, ao longe.

Os passageiros fizeram um blog:



E a história ficou assim:

Marília Ansarah me mandou a resposta oficial da Royal Caribbean, abaixo transcrita:

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"Enviada em: quinta-feira, 14 de janeiro de 2010 22:08

Para: Consumidor Estado
Assunto: Re: Cruzeiro Royal Caribbean - Marilia Gomes dos Reis Ansarah - 19/01

Prezados, boa noite!!

Em atendimento ao e-mail que recebemos, com a reclamação da sra. Marília Gomes dos Reis Ansarah, copiada abaixo, segue a resposta da Royal Caribbean:

"Com relação ao cruzeiro de Reveillon do “Vision of the Seas”, a Royal Caribbean esclarece que houve uma divergência de informações entre a ponte de comando e as autoridades portuárias sobre a posição em que o navio deveria fundear na noite do dia 31 de dezembro.

Diante disto, o capitão optou por preservar a segurança de todos a bordo, prioridade máxima da Royal Caribbean, e, seguindo a orientação da Capitania dos Portos do Rio de Janeiro, parou o Vision of the Seas numa localização, indicada pela Marinha, que garantiu a integridade física dos hóspedes e tripulantes.

A companhia lamenta quaisquer inconvenientes causados, mas reforça que, em todos os seus cruzeiros, os itinerários podem ser alterados sempre que haja qualquer tipo de situação que possa colocar em risco a embarcação e seus hóspedes."

Atenciosamente,

Atendimento ao Cliente

ROYAL CARIBBEAN CRUZEIROS BRASIL"

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No comentários de minha postagem há a seguinte resposta ofcial da Marinha Brasileira que também transcrevo:

"Prezado Sr Cesar Augusto Mesquita Juaçaba

Para autorizar o fundeio dos oito transatlânticos que ficaram em Copacabana durante a queima de fogos de ano novo, a Capitania dos Portos do Rio de Janeiro promoveu uma reunião no dia 10/12/2009, com os representantes dos navios (Agentes Marítimos, Serviço de Praticagem, SINDARIO- Sindicato dos Agentes Marítimos do Rio de Janeiro e Prefeitura do Rio de Janeiro) antes do evento.
Na reunião foram combinados horários de fundeio e os pontos de forma que todos tivessem posições seguras e próximas ao evento devido a restrição a navegação da área em questão. E, esses pontos foram divulgados na página da internet da Capitania dos Portos do Rio de Janeiro (www.cprj.mar.mil.br/navio.html).
No dia 31, o navio “Vision of the Sea” não fundeou no ponto combinado nas reuniões, fundeando em outra posição não autorizada e a referida posição, além de atrapalhar o fundeio dos outros navios colocava em risco a segurança da navegação devido a área restrita, que é a praia de Copacabana.
Por várias vezes o Comandante foi alertado para suspender e fundear no ponto correto. Mesmo depois de todos os avisos, o Comandante não suspendeu, ocasionando o atraso do fundeio dos demais navios. Depois de muito tempo, o comandante do navio alegou que não se sentia seguro na posição determinada. Para atender ao Comandante, a Capitania dos Portos sugeriu um novo ponto mais afastado e fora do canal de aproximação ao Porto do Rio de Janeiro. Assim, havia opção do Comandante fundear no ponto combinado ou no ponto alternativo mais distante. Portanto, a Capitania dos Portos do Rio de Janeiro ofereceu um ponto alternativo. Logo, a decisão de fundear no ponto mais afastado foi do Comandante do “Vision of the Sea” e não da Capitania dos Portos do Rio de Janeiro.


Atenciosamente,

NILO MOACYR PENHA RIBEIRO
Capitão-de-Mar-e-Guerra
CAPITÃO DOS PORTOS
8 de janeiro de 2010 06:25

13 de janeiro de 2010 12:13

Excluir
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A resposta da Marinha está assinada e a da Royal é lacônica e anônima. Tirem suas conclusões.

Em janeiro de 1999, fiz um cruzeiro à Antárctica com o navio Marco Polo (22.000 toneladas). É uma viagem difícil, os passageiros precisam assinar termos de saúde física e mental, documento comprometendo-se a seguir as normas de segurança e preservação ambiental. Pessoal militar da reserva coordena e executa os desembarques nas praias de rocha ou neve da península Antárctica. Foi uma das melhores viagens da minha vida, mesmo com duas paradas prejudicadas no roteiro: a primeira foi em Port Stanley (Ilhas Malvinas) devido a um forte vendaval; a segunda foi no famoso Lemaire Channel, o navio não pode atravessá-lo blocos de gelo impediam a passagem.

Só que o Diretor da Operação Antárctica e o Comandante do navio posicionavam constantemente os hóspedes sobre as condições climáticas, geológicas, da fauna e a história da região.



O navio levou um helicóptero que sobrevoou o canal para se certificar de que a passagem era mesmo inviável.

As altas montanhas são características do continente gelado. Icebergs, mares fechados, ilhas e montanhas formam um cenário natural diferente de tudo que existe em outros lugares da Terra. Por ser verão a temperatura é de cerca de +3 º C. (com sensação térmica de -5ºC devido aos ventos constantes).

O helicóptero confirmou a visão de bordo de que a passagem estava fechada pelo gelo. Não entramos no famoso e belo canal mas ficou claro que a empresa fez todo o possível e respeitou o grupo - como deve ser - informando as implicações e condições que levaram à suspensão daquela parada. Isso é o normal e o que as pessoas devem exigir das empresas turísticas. Informação, respeito, eficiência e consideração fazem parte das obrigações de uma instituição para com seus clientes, além de ter garantir retorno de seus investimentos.

Bons exemplos a serem seguidos no Brasil.

Um comentário:

Rodrigo disse...

Professor, compreendo sua indignação. Trabalhei na RCCL e por muitas vezes, nosso Capitão, pela segurança da tripulação, desviou de rotas e de portos.
Como o professor sabe, (... e já trabalhou em navios de cruzeiros)a segurança e o mais importante.
Ficaria indignado também, mas entendo que existe profissionais que são responsáveis pela minha segurança.