segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Balneário Camboriú - Fotos críticas

Balneário Camboriú é uma das praias descoladas de Santa Catarina. É um destino de turismo de massa, com milhares de segundas residências e ocupação densa do território. São 100.000 habitantes e uma praia principal de quase sete quilômetros de extensão. No verão a população se multiplica. Estou na cidade para um evento na Univali (Universidade do Vale do Itajaí) e aproveitei para concretizar um velho projeto: mostrar, com fotos, como o espaço urbano de uma cidade pode ser desvalorizado e que esse abuso é feito principalmente pelas classes mais abastadas, inclusive em próprio prejuízo de sua qualidade de vida, estética, condições ambientais favoráveis e prejuízo do mercado imobiliário.
Vista do Balnbeário Camboriú a partir da barra Sul. O dia estava nublado, mas a cidade assim mesmo possui luminosidade abundante (longe dos prédios).


A av. Atlântica é uma das principais vias de acesso e a mais sofisticada, em frente ao mar. A especulação imobiliária desenfreda construiu um "muro" separando o território do mar. Impede a ventilação, luz e a visão das pessoas? Claro.

É um muro colorido, alto e imita outras cidades brasileiras que também detonaram seu litoral. Para que imitar maus exemplos?


Para que reproduzir o caos urbano nos locais de veraneio e descanso?



Esse prédio terá quase 40 andares. Precisa ser tão alto em um país com mais de 7.000 Km de praias? E em uma praia já entupida de espigões, com problemas de poluição, trânsito e sobre-carga no verão?

Essa foto foi tirada de uma cobertura. Note a faixa estreita de espaço entre um prédio e outro. São uns seis ou sete metros. Ambos são de frente para o mar. A sala é de frente para o mar. Os quartos, cozinhas, banheiros e áreas de serviço ficam nas laterais. Nas sombras. Ou na escuridão, nos andares mais baixos.



Essa foto foi feita da entrada de uma garagem, no térreo. Parece um estreito canyon. Esses prédios também são em frente ao mar. Os apartamentos custam de um milhão de reais para cima.


Eu não acho legal pagar tanto para ter uma varanda devassada aos vizinhos.


Varandas e janelas sem sol, sem vista, sem privacidade.


Bem, há gente que gosta de mostrar o que come no churrasco, ou no chá da tarde. Essa bela sala está no 18º andar. E sem nenhuma privacidade.

Mas a sua fachada é imponente. É uma estética de fachadas (algumas pós-modernas ou pós-tudo).
Esse, por exemplo, é um edifício nobre bem em frente à praia. Fachada imponente.

Mas veja sua traseira. As áreas de serviço são abertas.

Dá para ver as unidades de ar condicionado, as roupas e panos nos varais... Como são torres de trinta andares e largas, o show doméstico oferecido à população é grandioso.

Balneário Camboriú é uma das muitas cidades brasileiras que são apontadas por geógrafos, urbanistas, ambientalistas e turismólogos como exemplo de excesso da capacidade de carga no turismo. A cidade possui bons hotéis e restaurantes, equipamentos de lazer, praias tranquilas ao seu redor e uma atmosfera tranquila. Porém perde pontos no mau planejamento urbano que parte das próprias elites que deveriam zelar e proteger seu ambiente, inclusive seu próprio patrimônio privado. A cidade poderia ser mais agradável e ganhar em qualidade de vida e benefícios imobiliários e fiscais. E as críticas vão só para as favelas, cortiços e bairros mais pobres. São as escolhas...

Um comentário:

Rafael disse...

gostei do que você comentou sore privacidade e tudo mais, mas particularmente acho uma obra de arte construções como a de Balneário Camboriú, o modo de como as pessoas se aglomeram em um determinado local, construindo uma majestosa cidade em meio a mata, e nesse caso, de frenet para o mar. O índice de densidade demográfica de BC é o maior do estado e um dos maiores do país, tanto como a qualidade de vida, educação e outros mais, a cidade conta com modernos sistemas de ligação no transporte, modernidade pura, privacidade zero.
ótima visão a sua..
abraço!