sexta-feira, 13 de junho de 2008

O luxo médio


Parodiando Joãozinha Trinta, quem gosta de miséria é intelectual e a classe média adora o luxo, nem que seja massificado, de segunda linha ou ponta de estoque, vendido nos outlets norte-americanos perto de Vegas ou nas periferias das grandes cidades. É o que mostra Dana Thomas no delicioso livro Deluxe - como o luxo perdeu o brilho (Rio de Janeiro: Elsevier, 2008).
Enquanto o filósofo Gilles Lipovetsky faz altas considerações filosóficas sobre o luxo (O luxo eterno. São Paulo: Companhia das Letras, 2005), Dana thomas descreve o mercado e suas teias: seda, couros, perfumes, bolsas, alta costura, luxo exclusivo e luxo de massa. A autora, articulista da Newsweek de da The New York Times Magazine, explica como o luxo impregnou-se de pragmatismo e resultados num mundo globalizado, onde as classes médias emergentes querem gastar dinheiro e adquirir um pedaço da fama, da celebridade e do glamour reservado às personalidades internacionais. A empregada doméstica sente-se madame usando um perfume comprado no camelô; a executiva da avenida Berrini sente-se uma milionária usando bolsas Louis Vuitton; a empresária rica e poderosa sente-se imortal a bordo do couro de seu jatinho privado.
Leitura gostosa e informativa para entender o que rola num dos nichos mais comentados e que cresce significativamente, na mesma intensidade que se aprofunda o abismo entre os have e os have not. São Paulo, Moscou e Xangai são belos exemplos.
Termino com Coco Chanel: O luxo não está na riqueza e no excesso de enfeites, mas na ausência de vulgaridade.


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