A Bahia, através da Bahiatursa, Secretaria Estadual de Turismo e várias comunidades organizadas da sociedade civil, organizou o Primeiro Seminário de Turismo Étnico-Afro, realizado entre 11 e 13 de agosto. Tive a honra de ser convidado para fazer a Conferência de Abertura, refletindo sobre os cenários para um turismo articulado aos afro-descendentes. Uma grande responsabilidade falar desse tema no lugar onde as ações afirmativas e a relevância da cultura negra são referências nacionais e internacionais. Ainda bem que a Bahia é generosa.
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E assim na quarta-feira levantei-me, olhei essa paisagem da janela do meu quarto (Hotel Pestana Bahia, 19º andar) e tive a certeza de que seria um grande dia.
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O evento foi no Centro de Convenções. Além do Seminário, aconteceu uma Feira de Artesanato com uma centena de barracas e manifestações culturais.
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A
Ebomi Nice, uma senhora sensível e lúcida, deu-nos a honra de sua presença e após minha comunicação regalou-me com palavras muito especiais. Meus respeitos e agradecimentos.
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O evento teve um grande impacto na mídia. TVs, jornais, rádios e blogs comentaram, entrevistaram e discutiram a imensa rede que forma o fenômeno do turismo e suas relações sociais, econômicas e culturais.
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A presidente da Bahiatursa, Emília Salvador Silva; ao seu lado esquerdo, Mag Magnavita, assessora; atrás, à esq., Antonio Carlos Tramm, Secretário do Turismo da Bahia. É a turma que me convidou para voltar à Bahia.
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Billy Arquimimo é o coordenador de Turismo Étnico-Afro, articulador entre governo e as comunidades afro-descendentes do estado. A importância desse segmento, na Bahia e em vários estados do Brasil, tem formado setores cada vez mais especializados e comprometidos com a atividade. O fundamental nesse tipo de turismo é o respeito pelas manifestações culturais, pela sustentabilidade (natural e cultural) e e por práticas de negócios que beneficiem diretamente as comunidades envolvidas (quilombolas, pescadores, povo-de-Santo, grupos religiosos em geral etc.).
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Conhecer, analisar e refletir sobre suas próprias realidades é fundamental para formar consciências e preservar memórias.
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Muita gente ligada a turismo, cultura e política esteve presente e as discussões, falas e conversas foram bem francas e proveitosas.
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A beleza da estética negra esteve presente inclusive nas cabeças com cores orquestradas ...
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... nos cabelos descolados e cultuados ...
... e nas artes que embriagam os sentidos de tanta energia e vontade.
Entre as novidades está a NAFRO, da Polícia Militar da Bahia. É o Núcleo de Religiões de Matriz Africana que reúne policiais e militares civis que são adeptos dessas religiões. A capelania militar, no Brasil, tradicionalmente tinha padres católicos. Posteriormente vieram os pastores evangélicos e nada mais justo que também estejam representados os líderes religiosos das religiões afro.
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Há uma bibliografia vastíssima sobre o tema e na Feira estavam alguns clássicos. Para quem quiser saber tudo:
Cem anos e mais de bibliografia sobre o negro no Brasil (596 p.)
Org. Kabengele Munanga
São Paulo: USP-CEA / Fundação Palmares, 2000.
Em termos de romances recomendo Jorge Amado (Capitães de Areia e outros), João Ubaldo Ribeiro (Viva o povo brasileiro) e Josué Montello (Os tambores de São Luís), entre tantos possíveis.
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E tudo terminou entre caipiroskas e Devassas (as cervejas), num barzinho bem legal. Ao meu lado estão Carol e Mag. São minhas amigas e assessoras da Bahiatursa, além de professoras universitárias de turismo e baianas arretadas.
Valeu, Bahia. AXÉ!