terça-feira, 11 de janeiro de 2011

São Paulo - as tempestades de verão

Hoje, manhã de terça-feira, a cidade de São Paulo está novamente em caos por causa das chuvas. Um rapaz morreu afogado na avenida Nove de Julho, no centro da cidade... Acessos  e marginal Tietê parados, parte dos trens sem funcionar, metrô parcialmente alagado, pontos de alagamento, mortos e desaparecidos, suspensão do rodízio e um secretário municipal acabou de falar ao vivo pela TV que a cidade está preparada para enfrentar as chuvas de verão. Não sei o que ele tomou, mas certamente não foi vergonha na cara. Em janeiro de 2010, a cidade teve 44 dias consecutivos de enchentes e caos. Esse ano está um pouco melhor, mas a conjunção de falta de políticas públicas adequadas e planejamento urbano, ocupação irracional de áreas urbanas e acúmulo de lixo e detritos mostra suas consequências a cada temporada de chuvas. 



Dois dias atrás teve outro temporal e tirei essas fotos, um pouco antes do aguaceiro, da janela do meu apartamento (24º andar).


Dali eu vejo a Liberdade, Aclimação, Paraíso e ao fundo a zona leste e parte da zona sul.


A chuva começa a se precipitar em torrentes e o céu ameaçador ...


... não deixa dúvidas sobre a força das águas.


Cada vez que as pessoas vêem o céu desse jeito começam a se preocupar. Algumas vivem momentos de terror. Carros, motos, casas, ruas, lojas, galpões, tudo pode ser atingido em uma imensa parte baixa da cidade,  especialmente nas marginais. Marginais do que? Dos rios Tietê e Pinheiros. Antes da mancha urbana tomar conta de tudo essas marginais tinham solo permeável que absorviam as águas pluviais. Na região da USP Leste e do Parque Ecológico Tietê ainda há imensas áreas verdes ao lado das marginais do Tietê e lá não ocorrem enchentes, claro. No restante do sistema a ambição imobiliária irracional dos mais ricos e o acúmulo dos excluídos em zonas baixas impermeabilizou as margens e a natureza cobra seu fluxo.


Isso tudo repete-se a cada verão. A cada tempestade mais forte. Na maior e mais rica cidade do país e a mais descolada do continente sul-americano. Simples chuvas mais fortes paralisam a cidade que não pode parar.

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