terça-feira, 19 de outubro de 2010

Francisco Brennand - o ateliê do inconsciente

Um dos lugares mais estranhos e belos do Brasil está nos arredores de Recife (PE), numa antiga fazenda transformada em ateliê, museu e espaço cultural.


O artífice desses recantos oníricos é Brennand. Com sua visão especial de mundo e técnicas de manipulação em cerâmica, compõe formas e cores, linhas e curvas, volumes e atrações únicas em sua expressão. 


Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand nasceu a 11 de junho de 1927,  na cidade do Recife,  Pernambuco.
Em novembro de 1971, o artista começou a reconstruir a velha Cerâmica São João da Várzea, fundada pelo seu pai em 1917. Esse conjunto, encontrado em ruínas, deu início a um colossal projeto de esculturas cerâmicas que deveriam povoar os espaços internos e externos do ambiente.



Oficina Brennand foi sendo instalada a partir de 1971 nas ruínas de uma olaria do início do século XX, como materialização de um projeto obstinado do artista Francisco Brennand.  Antiga fábrica de tijolos e telhas herdada de seu pai, instalada nas terras do Engenho Santos Cosme e Damião, no bairro histórico da Várzea, e cercada por remanescentes da Mata Atlântica e pelas águas do Rio Capibaribe, a Cerâmica São João tornou-se fonte inspiradora e depositária da história do artista pernambucano.


Lugar único no mundo, a Oficina Brennand constitui-se num conjunto arquitetônico monumental de grande originalidade, em constante processo de mutação, onde a obra se associa à arquitetura para dar forma a um universo abissal, dionisíaco, subterrâneo, obscuro, sexual e religioso.


Ali também se criam peças para serem vendidas por todo o país e pelo mundo.


São vasos, artefatos, pisos, ladrilhos para paredes e tudo o que se possa imaginar em cerâmica para uso funcional ou decorativo. São peças belas, estranhas, exclusivas e caras, magnificamente dispendiosas . 


Tudo remete ao mundo dos sonhos, dos mitos e dos desejos inconscientes reunidos ...


... em amálgamas culturais pontilhados de referências naturais. 


Antigos mitos quase lovecraftianos, formas que remetem a Gigger (criador de Alien), expressões simbólicas ou míticas dignas de Jung ou Eliade ...


... e citações bíblicas como os quatro evangelistas em frente à capela branca e despojada que enfeita a fazenda.


Mas é  paganismo primitivo que demarca as fronteiras do imaginário. 

Obs.: para ampliar e ver os detalhes clique nas fotos.


Gigantescos painéis mostram as fontes nas quais Brennand bebeu para fertilizar sua mente e fortalecer sua estética. Esse painel remete a Ariano Suassuna.


Esse, é uma homenagem a Gaia, a Mãe Terra.


Não podia faltar Jorge Luis Borges...


... ou a fluidez grega...


... ou ainda os temores de Conrad.


Só a poesia pode dar conta dessas obras magníficas, seja em português...


... ou em inglês.



A arte conversa com outras artes e saberes...


... em um fluxo que ninguém sabe onde pode terminar ou desaparecer.

Para saber mais: www.brennand.com.br 




Um comentário:

Elaine Cuencas disse...

Há uns 20 anos, um casal amigo, desses que só conseguiram viajar depois de criar 5 filhos - o que levou 20 anos - finalmente conseguiu fazer a primeira viagem dos sonhos...foram parar no atelier de Brennand. Nunca esquecerei no retorno a alegria deles contando a descoberta! Gente que ao ver esta beleza estranha pela primeira vez, percebeu que viajar é muito mais que um pacote de agência que te leva ao forro mais famoso do nordeste...é isso que é importante nas viagens, não é? Descobrir e se permitir aventuras!
Adoro ler este blog...acho que vou programar um passeio a Juréia!