segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Aeroporto de Brasília, DF (Desconforto Federal)

Uma das grandes preocupações para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, é a infra-estrutura de transportes, especialmente os aeroportos. 


Existe uma maquilagem arquitetônica que à primeira vista mostra aeroportos bonitos, espaçosos e agradáveis, como o aeroporto da capital federal, que deveria ser um dos bons equipamentos do país. Mas é só na aparência que ele impressiona. 


Veja os espaços iluminados e abertos. São bem abertos, não há paredes, chega-se direto à rua. Isso significa que também não há ar-condicionado ou  aquecimento. No verão o ar quente e abafado do planalto central invade todo o aeroporto, dos primeiros andares até o terraço gastronômico e panorâmico (e no inverno o vento frio assola as pessoas). Só há ar-condicionado nos terminais de embarque e desembarque, uma falha estrutural que existe em vários aeroportos do país. 


E as autoridades adoram assinar suas obras. Nesses caso o mal maior é da Infraero e do Ministério da Defesa, pois quando o novo presidente assumiu, em janeiro de 2003, os projetos e obras já estavam em estado avançado. 


Então resta apenas o cenário que remete a um lugar moderno e agradável, mas essa cena não resiste ao confronto com a operacionalidade, com a eficiência e a eficácia que se espera de um aeroporto. O lugar é uma decepção e na prática é um dos grandes hubs do trasporte aéreo nacional, ao lado de São Paulo.


Pelo menos Brasília possui amplas pistas para decolagem e aterrisagem simultâneas. Mas ao lado dos pátios de estacionamento e táxiamento há os restolhos da história recente da aviação comercial brasileira. Lá estão a sucata de seis aeronaves, três da VASP e três da TransBrasil, apodrecendo ao clima e expostas aos olhares.


Ruínas no cenário. 


Fuselagens exumadas das histórias de fracassos, tanto de empresas de origem privada como a TransBrasil (esses são os Boeing 767) ...


... largados ao léu ...


... assim como os Boeings 737 da antiga VASP, que começou como delírio de um antigo governo paulista. 


No andar superior do aeroporto há uma imensa área envidraçada onde está a praça de alimentação. Essa parede à direita possui a parte superior vazada, tampouco existe ar-condicionado aqui, então passa frio, passa calor e passa o ruído das turbinas dos aviões no pátio. Estive aí na última quinta-feira, na conexão para chegar à Natal (RN) - vide postagem anterior.


Olha minha cara de feliz aturando o calor, enquanto comia algo leve antes de embarcar novamente.


Aí estão os detalhes das aberturas das janelas. Custa planejar um aeroporto com ar-condicionado em um país tropical? Custa superar a mediocridade do cenário e se aprofundar na normalidade do conforto e segurança que se esperam de um aeroporto minimamente confortável? 


O que nos resta? Olhar  o horizonte e sonhar que em pouco mais de três anos essa triste realidade seja superada por vontade política e por projetos que atendam ao público dos portos, aeroportos e rodovias do país. E que o próximo governo mude as estruturas viciadas e nefastas da Infraero, um dos últimos entulhos autoritários do país. 

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