sexta-feira, 11 de setembro de 2009

September, 11


O tempo não para. Nem a história. Oito anos depois cada um de nós lembra exatamente o que fazia naquela terça-feira de manha, 11 de setembro de 2001.

Naquele dia cheguei no aeroporto de Guarulhos às 05h30, num Boeing 767 da Varig, vindo de Roma. No táxi para casa, às 06h20, o primeiro choque. O motorista me disse que o prefeito de Campinas fora assassinado na noite anterior. Toninho! Trabalhei com ele na Prefeitura de Campinas quando ele era o vice-prefeito e eu o diretor de turismo. Chueguei em casa, tomei banho e fui para o Senac, onde então trabalhava. Ao pasar pela portaria do prédio para buscar encomendas maiores ouvi no rádio do porteiro que um jato comercial atingira a torre sul do WTC. Minha primeira impressão foi a de ouvir uma pegadinha no rádio. O porteiro disse que não, era o noticiário mesmo. Ao chegar em minha sala pedi que a secretária visse na internet se ocorrera um acidente aéreo em New York. Aí o dia desabou em cenas surreais em meio a ícones de filmes e histórias de catástrofes.

Tempos depois, numa loja Album de Paris, comprei quatro edições especiais em quadrinhos destinadas a homenagear as vítimas e os heróis do 11 de setembro. Foram publicados etre 2001 e 2002, pela Marvel, DC Comics, Alternative Comics e Dark Horse Comics. Em dezembro de 2003, levei os quadrinhos para mostrar numa entrevista no Programa do Jô, quando lancei meu livro sobre entretenimento. O Jô gostou tanto que deixei com ele minhas preciosas revistas. Em 2005, num congresso na França, fui novamente às lojas Album (a maior rede de quadrinhos da França) e consegui reaver as preciosidades.

Minha homenagem aos mortos e heróis assassinados pelos terroristas extremistas e criminosos, faz-se com as cenas que artistas produziram no auge do sentimento de espanto, revolta e profundidade existencial que caracterizou os tempos logo após o 9-11. Aqui estão algumas das ilustrações que mais me tocam o coração e a memória.

O que o cinema tantas vezes mostrou em ficção - a destruição de New York - alguns criminosos, pervertendo os ensinamentos de sua religião (que proíbe ataques contra pessoas não envolvidas diretamente em guerra), conseguiram em poucas horas. Refazendo as histórias dos kamikazes japoneses da Segunda Guerra, eles usaram jatos comerciais sequestrados como mísseis. O terrorismo do século XXI mostrava sua cara estúpida e calhorda.

A história do vôo 93 é uma sequência de ações heróicas e estratégicas. Lutando brutalmente contra os terroristas, os passageiros derrubaram o avião evitando que ele atingisse outro alvo civil, provavelmente em Washington DC.

Mas os ataques em New York e Washington DC superaram qualquer ficção, fantasia ... ou terror.

Outros heróis entraram em cena: bombeiros, policiais, paramédicos, técnicos em segurança, profissionais que foram ajudar em meio ao fogo, fumaça, fuligem, destroços caindo e um ar que se tornou, de repente, irrespiravel quando as torres desabaram e cobriram Manhattan com uma nuvem triste e abominável.

A realidade e a ficção se uniram para transmitir algo de esperança, de vida, de uma luta contra a selvageria e a bárbárie. Pena que o até então insignificante governo Bush tenha ganhado vida e partido para duas guerras que levaram seus próprios soldados a outros atos de selvageria e barbárie. Tornar-se o mal para combater o mal apenas acentua esse mal. A História demonstrou isso mais uma vez.

Mas as ruínas foram retiradas e a vida continuou. Muitos mortos sequer foram encontrados e muitos enterros simbólicos realizaram-se. Vários feridos trazem as cicatrizes e traumas em suas vidas. As perdas pessoais são imensas.

Fica a solidariedade. A esperança. O tênue, mas forte, sentimento de amor...

... e de luta pela vida.

De todas as ruínas de todas as guerras e atos violentos espalhados pelo mundo e pela história...

... fica um olhar distante tentando fazer com que símbolos tão belos e fantásticos como os aviões, as viagens e o ato de descobrir as maravilhas do mundo jamais sejam sepultados pela morte, pela ignorância ou pelo fanatismo. Enfim, que o terror seja superado pelo tesão existencial.

Fotos e revistas: Luiz G. G. Trigo

7 comentários:

Andréa disse...

Lembro que neste dia estava na sala dos professores (do Senac). E lembro também exatamente de você descendo as escadas e vindo contar pra gente.
Que coisa....
beijos
Andréa

kleber disse...

Olá, professor Trigo. Muito bom os quadrinhos, a inferioridade e o espanto do Super Man ficaram ótimos.

Me lembro que neste dia, tinha acabado de chegar da escola, estava na oitava série. Logo pensei, é guerra!

Luiz Trigo disse...

Andréa, eu lembro perfeitamente, você ainda não sabia... Ficamos passados.

Alexandre Panosso Netto disse...

Trigo, nesta postagem você se superou! Parabéns!
Alexandre Panosso

Unknown disse...

Grande Trigo!

De fato, como havia me dito, os quadrinhos são maravilhosos!

Também me lembro daquela estarrecedora manhã. Eu trabalhava no SEBRAE de Itapeva, interior de SP, coordenando programas de turismo e artesanato. Estava no escritório quando recebi a notícia...

Abraços!

Vinícius disse...

A história do UA 093 é heróica e patética do ponto de vista dos kamikases, que munidos de uma foto do capitólio tentavam desviar a rota Newark-San Francisco.
Ler seu blog é como retonar às aulas de antigamente. Parabéns por continuar compartilhando seus pensamentos!

Gui Lohmann disse...

Trigão,
definitivamente você é um cara interessante.
Quando é que você pinta por aqui para o Hawaii entrar no seu blog?
Forte abraço e aloha,
Gui