quinta-feira, 26 de março de 2020

Isolamento - a distopia tropical


Vivemos simultaneamente uma distopia, um tipo de experiência-limite e uma instabilidade política e social. 

A distopia veio na forma de uma pandemia não convencional. Não teremos lobisomens, vampiros, zumbis ou milhões de mortos em uma Terra devastada, mas um surto insidioso que mata pequena parte da população e deixa a outra parte com medo de ser "a próxima vítima". Uma roleta-russa perversa o suficiente para congelar a movimentação das pessoas nas áreas urbanas do planeta. Isso para os que entenderam a gravidade peculiar da ameaça (apesar de poucas mortes percentuais, é o suficiente para colapsar os sistemas de saúde e causar terror nas áreas mais infectadas). Para muitos isso tudo é bobagem e deveriam isolar apenas os grupos de mais alto risco como idosos e pessoas com doenças crônicas ou em estado imunolõgico depressivo (isolamento vertical).

Para os que podem - e aceitam - se isolar no conforto de suas casas e apartamentos abastecidos e seguros resta um problema cada vez mais comum: o que fazer no tempo livre? Como disfarçar o fato de que estamos presos por causa de um perigo real e invisível? Como viver sózinho, consigo mesmo? Como viver junto a pessoas que nada mais tem a ver consigo? Entre a solidão e "o inferno são os ouitros" parte da população se resguarda nos seus cocoons. A outra parte sai à luta por vocação profissional ou simplesmente para ter o que comer. 

A prisão domiciliar nem sempre é a placidez monótona, o tempo do ócio criativo ou a descoberta interior no estilo da Viagem ao redor do meu quarto, de Xavier de Maistre, escrito em 1872, durante sua prisão domiciliar.


Entre arrumar a casa, cozinhar, cuidar dos outros, se adaptar ao trabalho remoto (para aqueles conectados e empregados em lugares mais sofisticados), responder mensagens nas redes, se informar pelo noticiário intenso, ler algum livro, assistir filmes e falar virtualmente com pessoas que não víamos a tempos, o dia passa sem que o tédio contamine nossas vidas. Para os que não tem trabalho nem conexões, resta a solidão estéril se não estiverem acostumados a uma vida interior enriquecida por leituras, meditações, orações ou o prazer de estar consigo mesmo. Cada um atravessa esse período com suas possibilidades e carências, medos e virtudes.   

Esse tipo de experiência-limite (Quanto tempo durará o isolamento? Seremos contaminados?, Como ficará a economia em geral? Como ficará a minha economia?) afeta as pessoas de maneiras diferentes. Para as novas gerações fica uma dura lição de vida: precisamos sempre nos preparar para momentos difíceis provocados por crises individuais ou coletivas. Planejamento estratégico, informação, prudência e capacidade de ler cenários com lucidez são habilidades que devem ser desenvolvidas e praticadas se quisermos sobreviver às vicissitudes da vida. 

O pavor irracional. Ilustração de Estação Perdido, texto de China Miéville. 

No caso do Brasil temos outro problema que é a inépcia comprovada do presidente da República. Certamente ele é o pior mandatário do planeta em termos de incompetência, boçalidade e má-fé. Sua biografia é uma mescla de mediocridade, ressentimento e tacanhice. Mas ele está em um contexto do país no qual cerca de um terço da população o apoiou orgulhosamente, mesmo quando demonstrou algumas das qualidades mais desprezíveis do ser humano como machismo, racismo, misoginia e homofobia. Nesse contexto o Brasil vive hoje outra polarização: entre as medidas de isolamento social para conter a pandemia do Covid-19 e tentar "achatar a curva" do contágio e diminuir os efeitos desastrosos no sistema de saúde público e privado ou simplesmente suspender o isolamento, soltar o povo pelas ruas e ver no que dá. Morrem alguns milhares mas se perserva a economia. Só que isso é uma falácia, um engano, segundo vários especialistas em saúde pública e gestão de crises.

Essa polarização passa exatamente pelas características que marcam os últimos anos do Brasil: ascensão de um neoliberalismo selvagem, aumento dos discursos de ódio e medo, valorização da boçalidade e ignorância em detrimento das artes, ciências e cultura. Então os argumentos dos pesquisadores e profissionais da saúde, nacionais e estrangeiros, que propõe o isolamento são contestados por alguns políticos (a começar do presidente), empresários e investidores. Esses estão mais interessados na preservação do modelo econômico concentrador de riquezas do que em políticas públicas preventivas que cuidem da emergência epidemiológica, dos problemas nas redes de saúde causados pela eclosão da pandemia e TAMBÉM dos efeitos prejudiciais que a recessão econômica, resultante da paralização de várias atividades produtivas, trará para pessoas físicas, jurídicas e os Estados. Temos que pensar na saúde e na economia, necessariamente nessa ordem. Bill Gates declarou ontem que "será mais fácil recuperar a economia do que as vidas humanas". 

Evidentemente os empresários que sempre se lixaram para os direitos fundamentais dos trabalhadores(as) estão por trás dessas propostas que minimizam os investimentos públicos para conter a crise de saúde e a consequente crise econômica. Responsáveis de grupos empresariais como Madero, Havan, Centauro e do agrobusiness apoiaram Bolsonaro desde a campanha eleitoral e hoje protagonizam a defesa do egoísmo e da visão exclusiva de lucros em detrimento de uma visão sócio-política inclusiva, visando atenuar a crise para todas as classes sociais. Em meio à essa discussão iniciada no mainstream da comunicação (grande imprensa) surgem boatos, teorias da conspiração, fake news e outras bizarrices que infectam as redes sociais. Em um país marcado pela manipulação grosseira, pelos mercenários da fé pseudo-cristã e pelas milícias reais ou virtuais, aliado ao baixo nível de informação qualificada, o ambiente de notícias é mais letal que a pandemia virológica. 

Boa parte do mundo optou pelo isolamento social, o Japão cancelou a Olimpíada, centenas de eventos importantes foram cancelados ou postergados, quase 300 navios de cruzeiros marítimos estão parados, as companhia aéreas paralisaram milhares de jatos devido à falta de passageiros, várias cidades interromperam suas atividades para evitar aglomerações humanas, tudo isso para diminuir a probabilidade de contato e contágio. Mas o presidente e um grupo de "iluminados" entende que isso é bobagem. Sem falar do maior imbecil, Olavo de Carvalho, "guru" degenerado do bolsonarismo, que encara essa pandemia como uma mentira global para beneficiar determinados grupos.

Parte da classe média embarcou no fluxo malsão de bobagens ditas enfaticamente com rótulo de verdades absolutas e reproduz histericamente esse lodaçal, em um processo que vem desde 2013/2014, quando a racionalidade cedeu às paixões frustradas e aos ressentimentos cozidos no fogo brando da má-fe.



E agora?

Quanto tempo durará o isolamento? Como terminará a pandemia? Quais serão os efeitos na economia e na sociedade? Por hora não há respostas, apenas projeções, análises de cenários, especulações e palpites. O certo é que a peste pode gerar a fome e essa gerar a guerra social. Os quatro cavaleiros do Apocalipse são proclamados pelos falsos profetas para atemorizar e dominar parcelas da população, visando interesses financeiros e políticos futuros. No próprio discurso de alguns políticos e profissionais ligados ao combate da pandemia já se percebe laivos interesseiros visando um butim político ou mercadológico. Enquanto isso os profissionais sérios e dedicados da saúde e dos serviços básicos arriscam suas vidas para garantir o mínimo bem estar da população. Heróis e heroínas anônimos que garantem as bases da civilização.

Ilustração do livro Estação Perdido, de China Mieville 

Muitas respostas virão em duas ou três semanas. Especialistas afirmam que o pico da eclosão do Covid-19 no Brasil será mais ou menos entre 6 e 20 de abril. Segundo previsões teremos entre 5 e 7 mil mortos, colapso da saúde, milhares de pessoas internadas e uma realidade similar à que a Itália e Espanha vivem esses dias, com a diferença que o Brasil possui menos recursos tecnicos e financeiros, um número imenso de pessoas carentes morando nas ruas, favelas ou bairros superpovoados. Além de faltar uma liderança política consolidada, o que gera incerteza e especulações sobre impeachment, golpes ou ameaça de convulsão social e endurecimento do regime.

Logo veremos, talvez horrorizados, um cenário catastrófico, antecipado por cientistas e analistas qualificados. Algumas cidades como São Paulo constroem hospitais de campanha ou adaptam edifícios para receber doentes com sintomas leves do Covid-19, garantinto os leitos hospitalares convencionais para os doentes graves, além de investir na fabricação de máscaras, álcool gel e equipamentos médicos para atender a demanda emergente. São exceções. Boa parte do país está apenas esperando pra ver. Alguns entendem que o presidente oligofrênico tem razão em qualificar isso de "gripezinha" ou "resfriadinho". Alguns pastores neo-evangélicos embarcaram oportunisticamente nesse discurso para não perder o fluxo financeiro de suas igrejas, assim como alguns empresários interessados em manter seus lucros, não importa quantos morram. Afinal, velhos e doentes são descartáveis para quem tem uma visão egoísta do mundo. Esses egoístas são o lixo terminal de nosa civilização adoentada. 

Muitas dessas dúvidas serão esclarecidas em menos tempo que esperamos. A histporia está em pleno desenvolvimento. Os jogos mortais estão no início. 

Isole-se. Proteja-se. Não seja vítima da burrice alheia. 


  

segunda-feira, 23 de março de 2020

Isolamento - o cenário vai sendo construído (ou destruído?)



Há diferença entre isolamento obrigatório (sistema prisional, prisão domiciliar, quarentenas compulsórias, estado de sítio, ou por razões de guerras ou terrorismo) e o isolamento caracterísrico de algumas profissões como tripulantes de submarinos, navios cargueiros, plataformas de petróleo, bases na Antárctica ou outros lugares ermos, estação espacial etc. No segundo caso, essas tripulações são selecionadas, qualificadas e monitoradas por complexos sistemas de gestão e controle, além de lá estarem voluntariamente, seja por motivação profissional, financeira ou ideológica. 

Neste caso do Covid-19 estamos em uma situação inédita e com suas fronteiras de ameaças desconhecidas devido aos acontecimentos tão recentes. Esse isolamento é uma novidade para a grande maioria da população, estamos aprendendo juntos como agir nesses casos emergenciais . 

A doença é bem recente, foi identificada pela primeira vez em Wuhan, China, no início de dezembro de 2019 e reportada oficialmente em 31 de dezembro. A expansão pelo mundo foi rápida, graças ao sistema internacional de transporte aéreo comercial. No dia 25 de fevereiro apareceu o primeiro caso no Brasil; em 13 de março a pandemia chegou aos cem casos; em 17 de março houve a primeira morte e hoje são 1.891 casos e 35 mortos em nosso país. Os primeiros casos foram trazidos por pessoas que estiveram na Europa, América do Norte ou Ásia. O avião presidencial brasileiro, por exemplo, voltou dos Estados Unidos no início de março com 24 pessoas contaminadas. Dias depois a doença já era disseminada por pessoas que nunca estiveram no exterior, porém foi o sistema aéreo internacional que se encarregou da distribuição global do vírus, as usual.

 A comitiva presidencial contaminada à bordo do Força Aérea 1

Em 1998, Tom Clancy publicou o livro Rainbow 6 (que virou um game), sobre um grupo de eco-terroristas que planejam dizimar a raça humana para preservar o planeta da poluição e devastação. Manipulam genéticamente o vírus Ébola e planejam borrifá-lo no encerramento da olimpíada de Sidney, através dos condutos de ar-condicionado e refrigeração líquida aspergida no estádio. A lógica era que essas milhares de pessoas pegariam aviões para seus países e em cerca de 24 horas a maior parte do planeta estaria contaminada. O ambiente de aviões e navios, com seus sistemas de ar-condicionado e áreas completamente fechadas, favorece a disseminação de vírus. 


The game



The book

Em julho de 2018, estive no navio Rotterdam, da Holland America, no Atlantico Norte, cruzando de Boston até Rotterdam, passando pelo Canadá, Groenlândia, Islândia e Noruega. Viajei com um amigo que é médico epidemiologista, especializado em modelos estatísticos. Tivemos um surto de norovírus a bordo, uma doença tão específica de ambientes fecjados, como navios de cruzeiros, que nem meu amigo conhecia. Na época nada comentei nas redes sociais sobre a pandemia à bordo para evitar sensacionalismo desnecessário, mas estudos recentes sugerem que esses grandes barcos podem ser como "placas de Petri" (criadores de microorganismos para pesquisas em laboratórios) se a higiene não for rigorosa e permanente. O problema são ... os passageiros. Várias pessoas não obedecem às regras de higiene (lavar as mãos depois de ir ao banheiro e antes das refeições, algo simples) por vários motivos: são estúpidas, não acreditam na possibilidade desses surtos; são porcas, não estão acostumadas a uma higiene caprichada; possuem transtornos mentais devido a doenças ou idade e não conseguem entender os procedimentos básicos de limpeza; outros são canalhas mesmo e não sabem viver em comunidade. Em alguns raros casos, a própria companhia marítima é relapsa em questões sanitárias, por ganância ou má gestão. Por isso tudo é difícil garantir a completa segurança a bordo, haja vista a contaminação de Covid-19 no Diamond Princess que contaminou 712 passageiros, com 8 mortes em feveriro de 2020, nas costas do Japão. Outros navios tiveram casos a bordo e ficaram em quarentena por várias semanas. Hoje, os quase 300 navios de passageiros existentes estão parados pelos portos, aguardando o retorno das atividades após o final dessa pandemia, mas as empresas sabem que será uma retomada difícil e demorada.


Os bons tempos dos cruzeiros sofrem sua maior crise 

Uma matéria da revista Forbes mostra o drama vivido à bordo e o que se aprendeu com essa trágica experiência. 


E agora?

Quanto tempo ficaremos isolados? Ninguém sabe. Dependerá da evolução do surto da pandemia no Brasil. Na Europa os estragos são imensos especialmente na Itália, Espanha, Alemanha, França, Suiça, Reino Unido, Holanda e Áustria, países com maior número de casos, em ordem decrescente  

Se você quiser saber a evolução da doença a cada instante visite esse site:


Aí estão os dados do Covid-19, globais e de cada país, permanentemente atualizados.

Na Europa e Estados Unidos a situação é extremamente delicada, com exceção da Alemanha que possui um número bem menor de mortos (123), contra mais de 6 mil mortos na Itália, 2.200 na Espanha e quase 900 na França. Na Ásia a situação está mais controlada, especialmente na China,  país origem do surto, que teve o maior número de casos (81 mil) e 3.270 mortes, com decréscimo dos casos nos últimos dias que pode significar a superação da crise. A Coréia do Sul teve 9 mil casos e apenas 111 mortes. Os outros países asiáticos parecem ter maior controle sobre a crise devido às suas características políticas (são historicamente autoritários), à sua disciplina e organização social bem estruturada, pois já passaram por várias guerras e desastres naturais, têm consciencia de que a merda acontece (shit happens) e se preparadam para minorar e superar seus efeitos. 

Leia esse texto escrito pelo filósofo sul-coreano Byung-Chul Han e analise as características asiáticas que levam a um maior sucesso no combate ao vírus:


Quanto à África, pouco se fala sobre esse continente aqui no Brasil, mas os dados do site acima referido mostram que está em um processo inicial do surto.

No próximo post comentarei as análises sobre o tempo calculado que ficaremos em isolamento social ou quarentena. Já adianto que não há consenso entre os palpiteiros. 

Ótimo isolamento para vocês e aproveitem para aprender algo interessante,. Aprendam especialmente com essa crise, pois ela mudará o mundo como o conhecemos hoje.

Luiz Gonzaga Godoi Trigo, 2020













sábado, 21 de março de 2020

Isolamento - Primeiras impressões


Tarde de sábado, segundo dia do outono, bebendo vinho branco e ouvindo Elis Regina. Sózinho e isolado fisicamente. Determinações da Quarentena (com maiúscula mesmo) que entrou em vigor hoje, em São Paulo. Um bom momento para voltar ao blog que abandonei há anos, quando migrei para o Facebook e o Instagram. A cidade está mais silenciosa, com poucos carros nas ruas e vias expressas. Uma atmosfera de irrealidade cerca as pessoas. Parece um ensaio, uma dessas loucuras esporádicas que afetam o país como greves, locautes, rebeliões, crises econômicas ou planos econômicos desastrosos, como o do Collor (1990), que confiscou dinheiro de todo mundo, de maneira inédita e inesperada, causando uma queda brutal de consumo. Ou o congelamento de preços no Plano Cruzado (1986), que causou desabastecimento e aumento de preços com ágio embutido. Claro que os mais jovens não se lembram e viveram os últimos trinta anos em um período de crescimento econômico e relativa estabilidade. As crises mundiais de 1997, 2001, 2008 e a instabilidade brasileira de 2014 em diante atrapalhavam a economia e a sociedade, mas nunca houve, desde a Segunda Guerra Mundial, um evento global que transtornasse tanto os países como o Covid-19, o novo Coronavírus. 

De repente estamos todos trancados no centro de um thriller inédito, insidioso e assustador. Não é uma guerra nuclear, não é um ataque alianígena ou terrorista, não é uma mudança climática catastrófica, é um ... vírus. Um dos organismos mais simples e minúsculos do planeta ameaça nossas poderosas civilizações e culturas, modos de produção e tecnologias de informação e comunicação. No mainstream das relações líquidas, hipermodernidades, delírios e modelos algoritmos complexos, o vírus se instala e contamina todo nosso mundo real, virtual e imaginário. Vírus são algum elo entre Eros e Tânatos, entre o tesão e a morte. Os outros 200 vírus da gripe, o HIV, o Ébola qeu o digam, especialmente o HIV., o HPV. 

Entramos em uma clausura, um retiro forçado, um encontro com a gente mesmo e as pessoas que moram conosco. Como moro só estou acostumado com isso, não estranho nada a não ser o fato que essa auto-intimidade é para as próximas semanas ou meses. Gosto de estar comigo. Investi muito dinheiro e conhecimento para me tornar uma pessoa tratável e agradável para mim mesmo. Alguns chamam isso de egoísmo mas é um pragmatismo utilitarista existencial, uma mistura saudável de Jeremy Benthan, Sartre e pitadas generosas de hedonismo. 

Como a garrafa de vinho aproxima-se do final e minhas sensatas lições de "se beber não tecle" continuam válidas, termino essa reflexão por aqui e volto em breve.

Quanto a você, fica em casa; não encha o saco dos outros, se estiver morando com alguém; aproveite essa reclusão para se conhecer melhor (tem suas vantagens, mas às vezes dói) e tente sobeviver com dignidade e equilíbrio emocional. Gosto da expressão jesuítica "afeições desordenadas", que são a origem de nossas mazelas e babaquices. 

Hasta la vista!