quarta-feira, 1 de julho de 2015

Reflexões do meio do ano (2015)

Primeiro dia da segunda metade do ano. Nosso tempo flui incessantemente em um presente eterno, envolvido por brumas de memórias, desejos e esperanças. às vezes com algumas frustrações e tristezas inerentes à vida e ao mundo. Se mantivermos a saúde física e mental, até quase a nossa morte, já podemos nos considerar largamente felizes. Mas, mesmo doentes, podemos exercitar os bons fluídos humanistas e superar ao máximo as limitações.

Foi um bom semestre. Um período de reposicionamento em algumas coisas da vida e de continuar o processo de aprendizado com a vida e as pessoas. Não me desiludo, apenas observo como as vidas pessoais e as pessoas que para mim são vitais, evoluem (ou não) e se posicionam face à carga temporal que acumulam dia após dia. 

Não sou pessimista mas tampouco piegas ou bobo alegre, alguém que vê o mundo cor-de-rosa e as pessoas como anjos que pairam pelas ruas e campos. Vejo o mundo em suas cores que me são acessíveis de acordo com as faixas de onda que meu cérebro identifica. Percebo as luzes e sombras, os filtros e as imagens reais, memoriais ou virtuais. Eu mesmo sou um filtro em dinâmica pretensamente evolutiva. 

O mundo melhora? O mundo piora? O mundo continua o mesmo e "não há nade de novo sob o sol? Penso que as três possibilidades coexistem. É evidente que a tecnologia e os avanços sociais, culturais e políticos nos trouxeram melhoras consideráveis. Por outro lado houve estagnação ou a manutenção de antigos vícios e doenças prejudiciais à civilização. 


Em 1995, John Le Carré, escritor especializado em espionagem e relações políticas, escreveu: "E nem mudou a nossa sociedade sibarítica. Após a Guerra fria (1947-1991), ela piorou. Em ambos os lados do Atlântico. Mais corrupta, introvertida, conformista, intolerante, isolacionista, presunçosa. Menos equitativa." (Nosso Jogo, Ed. Record, 1996. Pág. 77). Vinte anos depois essas palavras mostraram-se corretas, aplicáveis em vários pontos do mundo.


Se olharmos o estado Islâmico, a Grécia, parte da África, as constantes áreas de tensão e miséria do planeta, veremos que os avanços não chegaram a todas as tribos, povos, clãs ou lugares. A própria situação no Brasil, exorcizando seus bolsões de corrupção e abuso de poder político e econômico, tem sua situação profundamente agravada pela emergência de um fundamentalismo cristão retrógrado e alienante, calcado no ódio, no ressentimento e nas ações criminosas de alguns pastores inescrupulosos. 


Algumas pessoas querem ver o mundo apenas em preto e branco, sem considerar os tons de cinza ou os tons das outras cores do espectro. Não há uma única visão sobre a sociedade, sobre o mundo e o que pensamos sobre isso tudo. Tampouco há um relativismo do tipo "vale pensar o que quiser". Há limites, apesar de haver também paradoxos e contradições. Há uma ética e alguns parâmetros físicos que devem nos garantir princípios e práticas que sejam comuns a todos. Freud distinguiu os tabus, as proibições inerente ao humano (incesto, canibalismo ,assassinato); todas as religiões saudáveis falam de amor e da regra de ouro (não faça aos outros o que não que que te façam); os pensamentos filosóficos pretendem um mundo melhor, através de várias propostas nem sempre mais igualitárias ou generosas. 


As lutas por comida, saúde, trabalho ,segurança e liberdades individuais continuam pelo mundo todo. Ódios trocados e vinganças planejadas mostram-se apenas venenos que aprofundam ainda mais a infelicidade humana. 

Mas a vida renasce a cada estação, em cada criatura que vem à luz. Todo dia o sol nasce e ilumina nosso mundo e cada noite, a escuridão nos obriga a mergulhar em nossas trevas pessoais e as estrelas mostram um fragmento do que ainda não conseguimos entender (entenderemos algum dia?).  


Há uma luta a fazer, que seja um bom combate e que não nos esqueçamos dos prazeres a que nós, nossos irmãos e irmãs tem direito de saborear e, por sua vez, de proporcionar aos outros. O mundo é numinoso, pleno de luzes e sombras, medos e desejos, amores e ódios, tesões e brochadas, fé e ceticismo, prazeres e dores...  Eros e Tânatos. 


 As janelas globais estão escancaradas para quem se aventurar fundo na existência. À luta, pelo bom combate e pela vida florescente e instigante.
 

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