No último sábado (28 de maio de 2011), participei de uma experiência que envolveu profundamente a memória, a história pessoal e a emoção. Foi num restaurante chamado Vila Paraíso, no distrito de Joaquim Egídio, em Campinas (SP), onde encontrei meus colegas da turma de 1977, quando terminei o nível médio.
Estudei o antigo "primário" (nível básico) num colégio de freiras (Colégio Sagrado Coração de Jesus, que já fez 100 anos e fiz uma postagem a respeito) e o "ginásio" e o "secundário" no tradicional e austero Colégio Estadual Culto à Ciência. Era uma escola pública, mas dos velhos tempos, com exame de admissão, bons professores e muito bem equipada. Meu curso secundário foi o Técnico de Turismo, dividido entre o Senac Campinas e o Culto à Ciência. O ano de 1977 (ano de lançamento do primeiro Star Wars), foi quando terminei o colégio e prestei o vestibular (eu pensava: "que a força esteja com você!") e assim passei na Fuvest.
Em 1996, quinze anos depois de graduados, fizemos uma primeira reunião em Campinas. Depois nunca mais. Agora, 34 anos depois, alguns colegas organizaram um evento mito gostoso e descolado (e bem estruturado) para a gente se rever. Foi uma alegria só.
Estamos todos com uns 51 ou 52 anos de idade. Acho que estamos envelhecendo bem. À esquerda meu compadre Aluísio, que veio de Pelotas (RS) especialmente para o encontro. As outras meninas são todas da turma, mas de outra classe, diferente da minha.
Teve até um museu com as antigas carteirinhas de estudante ...
... e a literatura juvenil da época.
Várias dessas eram da minha classe de Turismo. Teve gente que veio de New York, Miami e outros lugares do Brasil e do mundo.
Como foi possível reencontrar tanta gente? Redes sociais, paciência dos quatro organizadores e muita vontade da gente se rever em tantos espelhos da memória coletiva e individual.
Nesses encontros há perspectivas interessantes. Você imagina que no alto dessa cabeça tão brilhante um dia houve uma touceira de cabelos encaracolados de fazer inveja a um rapper contemporâneo?
Foram quinze anos do último encontro até agora, 34 anos desde que deixamos o colégio rumo à Universidade e à vida adulta. Foi um encontro da maturidade. Um momento de se defrontar com o que nos tornamos, com o que fizemos com as coisas que a genética e a cultura nos legaram. Muitas histórias aconteceram, histórias cujos finais conhecemos ou, hoje, são bastante previsíveis e portanto não adianta se preocupar muito. Nos vemos no fluxo do tempo e sabemos que ele é finito para os seres mortais mas isso não impede que a gente celebre a vida e o prazer de viver que nos cerca a cada momento. Aliás, se a gente pensar bem temos é muito a agradecer.
Algumas amizades se solidificaram e permanecem. Acima (da esquerda): Douglas, eu, Rodrigo, Geraldo e Dante.
Esse, ao centro, é o João Guilherme, um dos organizadores do evento.
Dante, eu e Éder, lembrando as o tempo antigo e contando as novidades que surgiram ao longo das últimas décadas.
Teve a indefectível foto com toda a turma (tinha umas 140 pessoas) em meio às árvores.
E o Ortolano, outro dos organizadores falou ao povo. Hoje ele é chef (alta gastronomia) e sua filha foi minha aluna na PUC-Campinas.
Foi uma boa época. Era um colégio tradicional e respeitadíssimo em Campinas. Em 1974, participei das festividades dos cem anos do colégio e assisti à abertura da cápsula de tempo enterrada na porta principal do edifício. Era também um tempo de autoritarismo e alguns professores e inspetores de alunos incorporavam as mazelas do regime. Porém o importante é que tivemos uma boa formação e a grande maioria dos egressos possui hoje uma posição digna e respeitada na sociedade. Deixo um trecho histórico sobre o colégio e no link abaixo pode ser encontrada toda a sua gloriosa e exuberante história.
"No dia 12 de janeiro de 1874 deu-se, como estava anunciado, o ato solene da inauguração do Colégio Culto à Ciência, no belo edifício construído pela Associação no fim da rua Alegre (atual Culto à Ciência). A solenidade correu entre grande entusiasmo e expansões de júbilo, mostrando a gente desta terra que bem sabia avaliar o significado do grande feito.
O vigário da paróquia de Santa Cruz (hoje Matriz do Carmo), padre Francisco de Abreu Sampaio procedeu, com todas as cerimônias do ritual católico, ao benzimento do novo edifício, percorrendo todas as salas. Concluída esta solenidade, a diretoria do Culto à Ciência, constituída do presidente comendador Joaquim Bonifácio do Amaral (depois Visconde de Indaiatuba), secretário dr. Manuel Ferraz de Campos Salles, vice presidente Antônio Pompeu de Camargo e drs. Jorge Krug e Cândido Ferreira da Silva Camargo tomou assento em lugar adrede preparado numa das salas de aula, que se achava repleta de famílias e cavalheiros."
Teremos outra reunião, com certeza, afinal em 2017 completaremos 40 anos de colegial. Nos guardem e até lá!