Foto: Lixo arcaico depositado no aeroporto de Brasília. São antigos jatos da falida TransBrasil largados no pátio. A culpa não é só do governo, na época da falência da TransBrasil e da Varig uma parte do setor privado do país achava que o governo devia ajudar as incompetentes gestoras dessas companhias para evitar sua merecida falência.
Veja no que essa incompetência histórica articulada entre o setor público e parte do setor privado deu em nossa época. Leia partes do relatório do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ligado à Presidência da República, para ver o desastre do atraso com as obras na maioria dos aeroportos brasileiros, não só para a Copa de 2014, mas para o conforto de milhões de passageiros que pagam tarifas e taxas aeroportuárias caríssimas para a incompetente e corrupta Infraero. Nossos aeroportos e parte do sistema aéreo nacional, até poucas semanas controlado pelos militares da Aeronáutica, são um lixo comparados aos outros aeroportos do mundo desenvolvidos e em desenvolvimento. A seguir alguns trechos do relatório intitulado:
Aeroportos no Brasil: investimentos recentes, perspectivas e preocupações
Carlos Alvares da Silva Campos Neto
Frederico Hartmann de Souza
Leia o texto completo em:
http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/110414_nt005_diset.pdf
"Conclui-se, portanto, que o setor de transporte aéreo brasileiro vem crescendo
vigorosamente. Isso pode ser constatado pelo aumento no número de viagens e de
passageiros nos aeroportos e pelo número de aeronaves cadastradas na ANAC. Todavia,
os dados também mostram um panorama preocupante, em que 14 dos 20 maiores
aeroportos do país estão numa situação de estrangulamento, operando acima de suas
capacidades. "
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"A experiência brasileira recente demonstra que obras de infraestrutura em
aeroportos demandam alguns anos entre a etapa de projeto e a sua conclusão. Um
exemplo significativo é o do aeroporto de Vitória-ES. As obras foram iniciadas em
fevereiro de 2005, mas foram interrompidas em junho de 2008, quando o TCU
constatou irregularidades. No final de 2009, a Infraero rescindiu o contrato com a
empreiteira responsável pelas obras. A publicação de um novo edital, para contratação
de outra empresa, está prevista para março de 2011. A capacidade atual do aeroporto de
Vitória-ES é de 560 mil passageiros por ano. Em 2010, o aeroporto recebeu 2,6 milhões
de passageiros, ou seja, mais de quatro vezes a sua capacidade. O plano de
investimentos já está defasado, pois prevê o aumento da capacidade para 2,1 milhões de
passageiros."
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"As conclusões são alarmantes. As obras no aeroporto de Manaus, por exemplo,
cujo prazo de conclusão é dezembro de 2013, conforme a tabela 7, ainda estavam na
etapa de projetos em 2010. Se tudo ocorrer dentro dos prazos médios observados no
Brasil, conforme a tabela 9, as obras só ficarão prontas daqui a sete anos, em 2017,
depois da Copa. O prazo estimado de conclusão das obras de cada um dos 13 aeroportos
incluídos no plano de investimentos da Infraero para a Copa de 2014 é o que segue:
1- As obras nos terminais dos aeroportos de Manaus-AM, Fortaleza-CE,
Brasília-DF, Guarulhos-SP, Salvador-BA, Campinas-SP e Cuiabá-MT, por
estarem na etapa de elaboração de projeto, deverão levar em torno 92 meses,
ou mais de sete anos e meio para suas conclusões. Logo, não estariam
prontas até a Copa de 2014;
2- As obras nos terminais de passageiros dos aeroportos de Confins-MG e
Porto Alegre-RS como já estão com projeto pronto, deverão levar
aproximadamente 80 meses, ou mais de seis anos e meio. Logo, não deverão
ficar prontas até a Copa de 2014;
3- As obras em Curitiba-PR estão em licitação, o que deve demandar algo em
torno de 42 meses, ou três anos e meio. Logo, apresentam condições de
estarem prontas em junho de 2014, se tudo der certo e as obras começarem
em janeiro de 2011;
4- O aeroporto do Galeão-RJ já está em obras e ele está numa situação
operacional adequada, conforme a tabela 5;
5- As obras do novo aeroporto de Natal-RN não têm previsão de conclusão,
conforme dados da Infraero. De qualquer forma, um novo aeroporto em
Natal não ficaria pronto antes da Copa de 2014;
6- As obras no aeroporto de Recife-PE se referem apenas à construção de uma
torre de controle."
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"Ao analisar a movimentação de passageiros e a capacidade dos 20 principais
aeroportos brasileiros em 2010, encontra-se um cenário de estrangulamento.
Simplesmente 14 aeroportos operaram acima de 100% de sua capacidade, indicando
uma situação crítica. Isso significou uma taxa média de ocupação para esses 14
terminais de 187%. Outros três aeroportos apresentam-se em situação preocupante,
operando acima de 80% das suas capacidades. Apenas três terminais encontram-se em
situação adequada em termos de utilização de capacidade. Esses fatos corroboram a
afirmação de que os graves problemas do setor aéreo brasileiro estão sendo verificados
nos dias atuais, não havendo necessidade de aguardar pela realização do evento de 2014
para as dificuldades se aflorarem."
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"Constatou-se que, mesmo que fosse possível concluir os investimentos nos
terminais de passageiros nos prazos previstos pela Infraero, a situação dos 13 aeroportos
das cidades-sede da Copa de 2014 continuaria de sobrecarga. Quando se confronta a
estimativa de crescimento da demanda (movimentação de passageiros) com as novas
capacidades previstas para os terminais de passageiros, conclui-se que, em 2014, dez
estariam operando em situação crítica (acima de 100% da capacidade nominal). Apenas
três estariam funcionando em situação adequada."
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"A finalidade desta pesquisa foi esclarecer a atual situação do transporte aéreo de
passageiros e identificar a adequação ou não das soluções propostas. Medidas que
melhorem a gestão dos aeroportos e o nível de investimentos têm que ser tomadas. A
iniciativa privada investe recursos nos demais modais de transporte (rodoviário,
ferroviário e aquaviário). Apenas para o setor aeroportuário não há investimentos
privados. Além disso, o poder público poderia estabelecer procedimentos diferenciados
em relação às obras de infraestrutura nos aeroportos, a fim de diminuir a demora na
execução das diferentes etapas desse tipo de investimento. Espera-se que os prazos das
obras nos aeroportos possam ser cumpridos e que novas medidas sejam tomadas para
que o país ofereça serviços de transporte aéreo de qualidade no futuro. "
Foto: Área de alimentação no último andar do aeroporto de Brasília, sem ar condicionado e com janelas vazadas que deixam passar poeira, ruído dos aviões no pátio e calor ou frio ,dependendo da estação. A Infraero acha isso normal e muito bacana. Parabéns pela incompetência e cara-de-pau.
E eu ainda fui criticado por incompetentes por criticar a situação aeroportuária brasileira. Ainda bem que o que critiquei eu publiquei no livro Cenários do Turismo Brasileiro, escrito em conjunto com Alexandre Panosso Netto (São Paulo, Aleph, 2009, p. 107).
Não esqueçam o que eu escrevi.