quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Juréia, SP - into the wilderness

No último final de semana migrei para um paraíso intocado e selvagem no sentido pleno que a palavra oferece. Fui para Peruíbe (litoral sul de São Paulo)  e de lá me enfiei na Juréia, um santuário ecológico protegido e belíssimo. A floresta Atlântica e o oceano Atlântico ali se encontram em meio a manguezais e rios sinuosos.


A floresta está sobre morros e planícies inundadas; encontra o mar em praias de areias finas ou paredões de pedra, o tipo de cenário que Freud adoraria para escrever sobre o sonho perdido dos paraísos terrestres. Fui nesse barquinho aí de cima, era o único meio de transporte na praia do Arpoador, com oitocentos metros de comprimento e zero de população. Chega-se ali através de uma trilha quilométrica ou pelos barcos dos pescadores nativos ...


... que zarpam do pequeno porto de Guaraú, uma vila a poucos quilômetros de Peruíbe. Em Guaráu há pousadas, restaurantes, lojinhas e o deque do Toshio, um japonês que aluga barcos para pesca ou passeios. 


Imagine uma praia onde não há pessoas berrando, músicas estridentes, buzinas de carros ou os ruídos de nossa civilização, apenas a brisa e as ondas do mar formam a trilha sonora local.


Nem sempre é assim no alto verão, mas certamente a capacidade de carga (ocupação humana) da Juréia, na temporada, fica dentro dos limites bem razoáveis.


Outro passeio legal é navegar pelo rio Una, que passa por Guaraú em seu caminho rumo ao mar.


O barquinho entra pelos mangues e permite uma visão privilegiada do santuário ecológico ...


... e a gente se sente voltando ao tempo em que o continente era quase desabitado. Nos séculos 14 ou 15 os cenários naturais eram os mesmos que vemos hoje, espero que continuem assim por muitos séculos. Para conseguir o barco é só falar com os locais. Leve protetor solar e repelente de insetos. Há passeios organizados por agências mas certifique-se do roteiro e dos preços. Paguei R$ 25,00 (por pessoa) para cada passeio que fiz (à praia deserta de Arpoador e pelo rio Una), no deque do Toshio (pergunte na vila de Guaraú que todo mundo o conhece).


Bromélias crescem imensas pelos galhos e troncos da vegetação arbórea. No lodo estão caranguejos, borboletas, insetos e cobras. Evidentemente você não entrará andando pelos manguezais, mantenha-se no barco e desça apenas onde os guias indicarem.

No caso de ir à barra do Una, onde o rio encontra o mar, a uns trinta quilômetros de Guaráu por uma estrada de terra, tome muito cuidado com a correnteza do rio. É muito forte e na vazante ela pode arrastar uma pessoa para o fundo do mar. Se for nadar informe-se com muito cuidado antes de cair n' água.


Logo ao sair de Peruíbe, na estrada para Guaraú, está uma lojinha empoleirada nas pedras, por entre a mata, chamada Chão de Pedra. É um desses lugarzinhos artesanais e encantadores que proliferam na Serra do Mar .


Seus criadores aproveitaram ao máximo o entorno ...


... para criar um entreposto artístico que une a cultura popular e mística à natureza.


Ali encontra-se colares, espelhos, vitrais, pedras energéticas (sic), vasos e ...


... muitas peças decorativas que formam um clima e um estilo peculiar à loja.


A Juréia paz parte de uma vasta região preservada no litoral sul de São Paulo e norte do Paraná. Do outro lado da Juréia, ao sul, está Iguape e Ilha Comprida e depois vem o Parque Nacional de Superagui, que abriga a ilha do Cardoso (SP), ilhas do Mel, das Peças e de Superagui (PR) e um mundo de rios, matas e mares internos altamente preservados. Mas isso é outra viagem, milhas e milhas ao sul de Peruíbe.  


Há vários lugares para se comer bem em Peruíbe. O melhor restaurante chama-se A Ponte, é muito bom, com ótimo serviço e preços elevados (mas que valem a pena). Um lugar típico é esse acima, também na estada para Guaraú, conhecido como Pau do Índio. É um pequeno restaurante que serve ostras e petiscos muito gostosos. As mesinhas ficam sob choupanas ou em deques debruçados sobre a mata, o lago de carpas ou a piscina natural. Lindo e delicioso, mas não esqueça o repelente, pois os borrachudos e outras criaturas locais se refestelam na área. O paraíso tem seus pequenos cuidados, mas é uma experiência memorável. 

Um comentário:

  1. Adorei seu post sobre Guaraú, estou indo passar o final de semana e as dicas foram válidas!!
    Abs,
    Priscila

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