Fotos e texto: Luiz G. G. Trigo
Fiz uma primeira postagem sobre os sebos de POA e fiquei devendo o resto da história. O fato é que a cidade tem uma infinidade de sebos na área central (ruas Jerônimo Coelho, Riachuelo e arredores), vários com características bem específicas...
... como esse na rua Riachuelo (o número está na parede)...
... ou esse, na rua Jerônimo Coelho, 377. Ele está na minha postagem inicial sobre os sebos.
Ali perto, na rua Riachuelo, há esses dois sebos juntinhos. Quanto ao da esquerda, o Solaris, também já escrevi a respeito na outra postagem. Agora o Martins Livreiro tem uma decoração muito parecida com a do Érico Veríssimo. Entrei, vi e perguntei as coisas da vida e fiquei sabendo que o dono, Ivo Almansa é marido da Denise Filippini, a dona da livraria Érico Veríssimo. Está explicado, o casal aprimora em conjunto a decoração de suas lojas tematizando-as com a atmosfera gaúcho-erudita-regional, mas mantendo cada um as suas próprias características.
O
Martins Livreiro é um galpão amplo e fundo, com as estantes e prateleiras atulhadas de livros em uma ordem bem razoável para se encontrar ou se perder no mundo dos textos.
Uma caricatura caprichada representa o dono, o Ivo Almansa, que pode ser encontrado todos os dias (menos aos sábados que é dia de descanso) por entre os livros, conversando com a freguesia.
Dois quadros em lugar de honra homenageiam os poetas regionais gaúchos:
Jaime Caetano Braun (1924 - 1999) e
Ubirajara Raffo Constant (1938 - ).Estão na parede principal da loja em meio a fotos, diplomas, poesias, pequenos badulaques e uma aura de honra e orgulho.
Tem até a estatueta do Jayme, retratado em pose pampeira solene. Ele era poeta, payador e radialista. Paya é uma poesia improvisada do sul do Brasil, Argentina, Uruguai e Chile, é um repente em estrofes de dez versos, "de redondilha maior e rima ABBAACCDDC, com o acompanhamento de violão" (entendeu?).
Despeço com uma poesia regional gaúcha, sente o estilo:
Avô Campeiro
Ubirajara Constant
Bigode branco retorcido e largo
Amarelado de palheiro e tempo
De ti lembro, meu avô campeiro,
Cerne angiqueiro grudado a raiz;
De rusilhonas, esporas lavradas,
Dois panos largos de bombacha griz
Quando encilhavas, bem quebrado o cacho,
Se atiçava meu olhar gurí;
E chulheando à tua estampa
A propia pampa eu enchergava em ti.
E o teu mouro, que ao bancar das rédias
Ao teu entono se quedava igual,
Abaralhando aos floreios da coscoja
Me parcia ter o freio musical.
Avô campeiro dos conselhos buenos,
Do meu petiço e do meu pão de mel...
Para mim tu fostes, meu avô campeiro,
Mescla de rei e de Papai Noel
Muito bom ver essas informações, principalmente quando parte de pessoa que valoriza e conhece a cultura mundial com profundidade.
ResponderExcluirmuito bom, isso .
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