quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Valeu o Oscar

A primeira vez que li algo sobre o livro Onde os fracos não tem vez (No country for old man) foi na "Folha", em um artigo do Bernardo de Carvalho. Já conhecia Cormac MacCarthy de sua instigante trilogia sobre o oeste norte-americano. Li o novo livro e adorei. Depois, em 2007, li A estrada (The road), um texto sobre o fim do mundo escrito da perspectiva de um pai com seu filho, tentando sobreviver em um mundo após uma catástrofe, provavelmente nuclear. Ele inovou nesse tipo de texto difícil, onde o drama humano atinge seu ponto máximo de limite.
Então veio o filme que acabou - justamente - ganhando o Oscar. Velho oeste, dinheiro em mala, briga de quadrilha de criminosos, um psicopata a serviço de alguém e de seus princípios. As histórias não tem um final. As paisagens são agrestes e belas. Os seres humanos se indagam sobre a velha questão do mal e da violência.
É um texto fácil de ser lido e difícil de ser sentido. É sobre nossa sociedade. A brutalidade do primata homo sapiens em busca de algo mais que um mero determinismo biológico excluente, onde os mais fortes destroem os mais fracos. Como disse o sociólogo Chico de Oliveira, na aula inaugural da USP-Leste, a cultura e a barbárie andam juntas. A civilização e a brutalidade são como Eros e Tânatos, duas faces de um mesmo ser. O psicopata mata, mas os outros, ditos normais, também. De formas diferentes mas com os mesmos resultados.
Não adianta levar refri para ver o filme. Um uísque é mais indicado. Cowboy.

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