Após meses sem nada postar, volto por causa de uma data significativa. No dia 01 de outubro de 2016 comemoro vinte anos da minha defesa de doutorado na Faculdade de Educação, na UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas). Era uma terça-feira ensolarada, o meu orientador foi o Prof. João Francisco Régis de Morais e o dólar estava cotado a R$ 1,02. Bons tempos.
O título da minha tese de doutorado é: Filosofia da formação profissional nas sociedades pós-industriais. Um olhar para além do tradicional: o caso do lazer e do turismo. O volume encadernado tem 250 páginas (só frente), uma boa parte já amarelada pelo tempo. A tese foi transformada em livro com o título A sociedade pós-industrial e o profissional em turismo, publicado em 1998, pela editora Papirus de Campinas. Depois de sete edições e mais de uma década sendo vendido, foi retirado do catálogo da editora, mas ainda pode ser encontrado em algumas livrarias virtuais. Está disponibilizado no Google Books:
https://books.google.com.br/books?id=OEjUnoD9gFkC&pg=PA71&lpg=PA71&dq=a+sociedade+p%C3%B3s-industrial+e+o+profissional+em+turismo&source=bl&ots=68FTc5eSWH&sig=P0NH1qEmt_fth1BjfdlSRU1BffI&hl=en&sa=X&ved=0ahUKEwiE_q_nla3PAhVBg5AKHbjJCtYQ6AEIHzAA#v=onepage&q=a%20sociedade%20p%C3%B3s-industrial%20e%20o%20profissional%20em%20turismo&f=false
É um dos meus textos mais citados e conhecidos, além de ter sido um dos que escrevi com grande prazer e disposição. A defesa foi tranquila, a banca apreciou o trabalho e as críticas foram tão interessantes quanto os elogios.
Relendo o texto, tanto tempo depois, me dá prazer em perceber que a satisfação que tive no dia da defesa permanece forte e gostosa. Apesar de o turismo não ter se desenvolvido tanto no Brasil, especialmente nos últimos anos devido às crises econômica e política, vejo que o doutorado me abriu caminhos profissionais muito significativos. O Senac São Paulo me contratou para dirigir a então Faculdade Senac de Turismo e Hotelaria; a Univali (SC) me convidou para ser professor de seu jovem programa de mestrado em Turismo; a PUC-Campinas me promoveu a professor titular; fui o primeiro representante dos cursos de Turismo do país na Comissão de Especialistas do Ministério da Educação (1996). Finalmente, em 2005, passei no concurso público na EACH-USP, onde estou até hoje e pretendo ficar até me aposentar ou morrer, de preferência nessa ordem...
Uma característica do doutorado é que tive liberdade absoluta para o tema e o estilo de redação da tese, graças ao meu orientador. Continuei a linha de pesquisa do meu mestrado (sobre a pós-modernidade), fiz algumas viagens aos Estados Unidos para preparar o projeto e me programei para articular minhas duas atividades profissionais com as missões do MEC e as tarefas do doutorado. Foram anos intensos e muito produtivos. Viajei pelo país todo, testemunhei o crescimento da área e aumentei os contatos internacionais me filiando à AIEST, onde fiquei até 2007.
Relendo o texto, tanto tempo depois, me dá prazer em perceber que a satisfação que tive no dia da defesa permanece forte e gostosa. Apesar de o turismo não ter se desenvolvido tanto no Brasil, especialmente nos últimos anos devido às crises econômica e política, vejo que o doutorado me abriu caminhos profissionais muito significativos. O Senac São Paulo me contratou para dirigir a então Faculdade Senac de Turismo e Hotelaria; a Univali (SC) me convidou para ser professor de seu jovem programa de mestrado em Turismo; a PUC-Campinas me promoveu a professor titular; fui o primeiro representante dos cursos de Turismo do país na Comissão de Especialistas do Ministério da Educação (1996). Finalmente, em 2005, passei no concurso público na EACH-USP, onde estou até hoje e pretendo ficar até me aposentar ou morrer, de preferência nessa ordem...
Uma característica do doutorado é que tive liberdade absoluta para o tema e o estilo de redação da tese, graças ao meu orientador. Continuei a linha de pesquisa do meu mestrado (sobre a pós-modernidade), fiz algumas viagens aos Estados Unidos para preparar o projeto e me programei para articular minhas duas atividades profissionais com as missões do MEC e as tarefas do doutorado. Foram anos intensos e muito produtivos. Viajei pelo país todo, testemunhei o crescimento da área e aumentei os contatos internacionais me filiando à AIEST, onde fiquei até 2007.
Relendo a tese e o livro, vejo que as sugestões decorrentes da pesquisa continuam válidas. A ideia era analisar a realidade regional e global, no setor de serviços em geral e de turismo, em particular. A partir dessas análises, tracei uma agenda de sugestões para embasar o ensino de turismo e hospitalidade ao nível superior, no Brasil. Uma das citações de abertura foi do Iván Izquierdo, uma frase que, infelizmente, continua vigente no Brasil:
"A luta, é claro, é contra a burrice, e contra todos esses males que dela derivam: a intolerância, a tacanhice, o extremismo, a crueldade." (Ivan Izquierdo, 1995)
As recomendações gerais para se ensinar nas áreas relacionadas a viagens e turismo foram resumidas nos seguintes tópicos:
1. De acordo com pesquisadores já considerados clássicos (escreveram textos importantes na década de 1990) como Jafari e Brent Ritchie, um ponto inicial para a formação profissional em turismo é que esse deve ser ensinado de maneira transdisciplinar.
2. O turismo é uma especialidade no extenso campo das ciências.
3. A formação profissional em turismo realiza-se no contexto das mudanças globais e regionais.
4. Ao nível acadêmico, uma reflexão sobre o ensino superior deve ser centrado na educação integral (caracterizada pela diversidade, pensamento crítico, reflexivo e fundamentado historicamente) e não apenas em treinamentos de habilidades e competências "turísticas".
5. A educação em turismo ainda possui vários problemas a serem equacionados, mas evoluiu consideravelmente em sua curta história acadêmica.
6. Ainda há resistência à compreensão de que a elevação da qualidade dos serviços turísticos, dos padrões de segurança, lucratividade e eficiência, dependem em boa parte de formação profissional séria e continuada.
7. É necessária a colaboração entre as instituições educacionais e o mercado (o trade, em geral) para que o nível de ambos sempre possa ser aprimorado.
8. O mundo virtual (computadores, redes, portais, aplicativos...) é um facilitador do aprendizado e de outras atividades humanas (profissionais, lúdicas, artísticas, culturais..).
9. A educação deve se centrar na capacidade do indivíduo pensar e se expressar claramente, resolver problemas e tomar decisões.
10. A educação de qualidade é fundamental nas sociedades hiper-modernas (atuais).
11. A perspectiva humanista é fundamental na formação profissional, o ser humano é mais importante que capital ou tecnologia.
Somos trabalhadores do conhecimento. Fazemos parte de um setor sofisticado, diversificado, complexo, altamente competitivo e sujeito a mudanças periódicas. Por isso uma das outras citações preferidas é:
"Se a mudança é apenas outra palavra para aprendizado, então, as teorias de aprendizagem deveriam ser também teorias de mudança" (Charles Handy, 1990).
Finalmente, ontem, 30 de setembro de 2016, ganhei a menção de "Pesquisador Destaque 2016" da ANPTUR - Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo, no Seminário anual realizado em São Paulo.
Reproduzo aqui o agradecimento que postei no facebook:
Agradeço aos membros da comunidade da Associação Nacional de Pesquisa e
Pós-Graduação em Turismo, que, neste XIII Seminário, realizado na
Assembleia Legislativa de São Paulo, me concederam o honroso título de
Pesquisador Destaque 2016. Foi um prazer ainda maior ser distinguido
neste evento juntamente com o amigo Luiz Octávio de Lima Camargo,
homenageado como Pesquisador Emérito. Ao longo dessa longa trajetória
acadêmica agradeço às instituições que edificaram minha carreira profissional
e pessoal: Senac São Paulo (onde fui aluno do curso Técnico em Turismo
em Campinas e, muito tempo depois, Gerente Corporativo de Turismo e
Hotelaria); Pontifícia Universidade Católica de Campinas (graduado em
Turismo e Filosofia, mestre em Filosofia e professor, de 1988 à 2007) ;
Universidade Estadual de Campinas, onde defendi o doutorado em Educação;
Universidade do Vale do Itajaí, onde fui professor do programa de
mestrado; Universidade de São Paulo (Livre Docência pela ECA, em 2003,
professor desde 2005, tendo chegado a Titular em 2011). Entendo que esse
reconhecimento não é individual, mas remete às pessoas que participaram
dessa longa jornada, desde colegas professores, alunos(as),
funcionários(as) e parceiros nas diversas atividades realizadas.
Agradeço também aos votos de felicitações dos parentes, amigos e todos
que acompanham meu trabalho. Que eu seja cada vez mais capaz de
discernir os caminhos da minha existência e colabore para a formação de
um mundo mais justo, pleno de conhecimento, paz e tolerância. Esse me
parece o melhor sentido e significado do conhecimento.
As comemorações dos vinte anos de doutorado foram completas.