sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Atitudes inconvenientes - em casa, no trabalho...

Uma vez fiz uma reflexão, no Hotelier News, sobre atitudes chatas, desagradáveis, boçais, estúpidas ou simplesmente inconvenientes, para não sermos vulgares, pela vida afora. Pode ser no clube, na escola, no trabalho, na igreja, na zona ou até mesmo em casa, tem gente que bate fora do bumbo e incomoda muito. É oportuno ampliar a discussão a respeito, na esteira da última postagem sobre reuniões chatas e inúteis.



Você sabia, por exemplo, que quando se coloca no Google Imagens a palavra "grosseria" ou "groseria" (em espanhol), surge firme e forte a foto do Maradona? Entendeu o que eu estou falando? Gente assim vira referência não muito louvável, apesar de ter quem goste. Enfim, mau gosto não se discute, lamenta-se. Mas temos grosserias e inconveniência de monte em nosso próprio país para nos preocuparmos com os outros.


Criança mal-educada é outro bom exemplo. É culpa da criaturinha ser um  estorvo social? A maior responsabilidade é dos pais ou deseducadores que não sabem - ou não querem - educar devidamente. Aí a prole vira uma chatice no shopping, elevador, na casa dos outros.


Se você mora em um condomínio, provavelmente há medidas consideradas normais como prender o carrinho de supermercado numa corrente que só é liberada se a gente deixar um cartão com o numero do apartamento; cartão de identificação do carro para que não usem mais garagens do que de direito; regras para uso de piscinas e outras áreas comuns; horários e dias para reformas, barulhos e mudanças; definições sobre mudanças de fachadas e uso das varandas; e multas para quem não cumprir tudo isso. E às vezes há brigas porque alguns não cumprem essas regras.

A pergunta é: por que não respeitam regras e normas que já estavam no contrato de compra ou aluguel do imóvel ou foram votadas em assembléias de condôminos para garantir o bom uso dos espaços públicos e privados? Por falta de educação comunitária, por acharem que são melhores que os outros, por egoísmo puro ou porque suas neuroses excedem o limiar do possível e normal das neuroses humanas. É normal prender o carrinho de supermercado numa corrente porque senão alguns simplesmente largam o carrinho no elevador ou em qualquer lugar e não pensam que outros vão usá-lo? Não é normal. E depois acusam os pobres, os sem-terra, os governos, os gringos e os legisladores de serem incorretos enquanto, no âmbito doméstico, não se cumpre o mínimo para garantir a própria qualidade de vida. A educação doméstica é a base da socialização razoável e da educação que se vai usar no mundo do trabalho (corporativo e profissional, eventos, reuniões), nas relações sociais de cidadania (esfera pública de obrigações como impostos, leis de trânsito, etc.)  e nas relações sociais em momentos de lazer (clubes, viagens, festas, esportes). É bom respeitar e ser respeitado. Isso tem a ver com a etiqueta, em uma escala menor; com a moral, numa escala prática maior; e com a ética, em um nível teórico geral. Essas atitudes são importantes. Não devemos evitar apenas ações criminosas ou extremamente grosseiras. Para promover o bom ambiente corporativo, profissional e social, em geral, é necessário ficar atento aos detalhes, às pequenas atitudes que fazem a diferença em termos de qualidade, relações humanas e ações pró-ativas que visem melhorar constantemente a complexa base de serviços que formam as sociedades atuais. Tendo sempre em vista o bem comum, a solidariedade e a ética nas instituições.



Querer ser espertinho, safadinho e burlar regras práticas para levar vantagens é característica de uma mentalidade medíocre e tacanha. Porque algumas cidades do mundo são limpas, organizadas, confortáveis, bonitas e funcionais? Não apenas por que foram planejadas e implementadas dessa maneira, mas também porque a população cuida da manutenção desses padrões de qualidade de vida. É algo cotidiano, incorporado ao estilo de vida e à educação das pessoas, de maneira normal e tranquila. Essa é uma das fortes razões do sucesso de empreendimentos como hotéis, restaurantes, bares, casas noturnas e outros empreendimentos de lazer, onde a gestão eficiente dos recursos humanos e padrões de qualidade parte dos donos e da cúpula através de exemplos edificantes e são reforçados e exigidos de toda a equipe, independente de seu nível hierárquico.




Quando pensei nesse assunto, comecei a listar pequenas atitudes inconvenientes que atormentam a vida alheia. Vários colegas, docentes e executivos, colaboraram para enumerar as pequenas chatices que poderiam ser evitadas nos poupando inúmeros aborrecimentos. Quanto aos que teimam em cumprir a lista, no todo ou em parte, resta dizer que pagam de ridículos, malas sem rodas e sem alças ou, simplesmente, de chatos: 

  
Pequena lista básica de atitudes inconvenientes:

Entrar em salas VIP sem ser credenciado ou convidado;

Abusar da hospitalidade das pessoas em refeições, hospedagem, favores etc.;

Beber demais em festas familiares, sociais ou corporativas;

Não se vestir adequadamente para as diversas ocasiões;

Atender celular em reuniões, palestras, ofícios religiosos, cinemas, teatros, shows etc.;

Ficar despachando ou escrevendo no blackberry ou no computador durante reuniões e eventos formais onde se espera a atenção das pessoas;

Fazer ruídos com a boca (arrotar, chupar dentes, cochichar demais etc.) em reuniões, cerimônias e lugares públicos;

Jogar no celular à mesa, ignorando os colegas;

Falar demais;

Falar alto demais;

Cheiros excessivos e invasivos (mau hálito, suor, perfume forte...);

Dirigir nas faixas da esquerda em velocidade menor à permitida;

Abrir bolsas, carteiras, gavetas, armários ou geladeiras dos outros sem autorização;

Bater no calcanhar dos outros com carrinho de supermercado;

Encontrar alguém que não vê a muito tempo e exclamar: “Nossa, como você está acabado(a)!!!”. Ou na versão, “Nossa, como você engordou!”;

Fazer reunião ou ajuntamento para conversar no meio do corredor, de escadas ou em frente a portas e acessos para algum outro lugar;

Vendedor insistente que pressiona a gente a comprar o que não gostou ou não quer por algum motivo;

Manobrista que desregula tudo do seu carro no estacionamento (retrovisor, banco, ajuste da direção...);

Passear com cães sem coleira ou deixá-lo em casa sozinho, latindo e incomodando os vizinhos;

Não limpar a sujeira do animalzinho nas ruas, praças e locais públicos;

Furar fila;

Ficar conversando ou demorar a escolher a comida nos bufês enquanto a fila aumenta;

Mandar correntes ou mensagens tolas (reclamações, mensagens políticas, religiosas ou particulares) pela Internet. Bom humor é legal, desde que em volume razoável;

E-mails desnecessariamente longos ou detalhados em excesso;

Mandar arquivos pesados pela Internet, especialmente sem necessidade ou fora do campo profissional. Os Correios e transportadoras continuam a transportar objetos e coisas volumosas;

Aproveitar o espaço para perguntas em palestras para falar demais de si mesmo ou de suas idéias fazendo quase outra palestra. O espaço é para perguntas ou comentários rápidos;

Telefonar para as pessoas muito tarde ou muito cedo;

Oferecer de porta em porta propaganda comercial, política ou religiosa, especialmente logo cedo e nos finais de semana;

Propaganda feita com carros de som pelas tranqüilas ruas de bairros à tarde, nos finais de semana e feriados;

Som extremamente alto do carro para os outros saberem do gosto (em geral estragado) do ouvinte;

Telemarketing. Em geral o ápice das inconveniências.



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